O cenário dos Aloprados paira sobre a campanha de Dilma. Diante dos milhões de votos ‘perdidos’ pela candidata Dilma Rousseff, ela se vê forçada a abandonar o salto alto do triunfalismo antecipado. Nesta vigésima quinta hora, lembra-se, uma vez mais, de voltar a pendurar-se em seu criador Lula, que deverá retornar à telinha, montado nos seus setenta e muitos de aprovação, para intentar mais uma transfusão já em meio à contagem regressiva para a votação do primeiro turno.
Sob a barragem dos metafóricos fogos adversários, tanto em campo dos tucanos, animados com a súbita inflexão na curva dos sufrágios estimados de Dilma – a ponto de o próprio Aécio Neves julgar possível o segundo turno – quanto no arraial dos verdes, estimulados pelo crescimento de Marina Silva, a candidata oficial busca reaglutinar e remotivar os batalhões da militância, à espera de uma enésima investida do comandante em chefe, confiante em que a sua reaparição final lhes trará o ansiado sangue novo e, sobretudo, conterá a sangria nas próprias fileiras, confundidas e abaladas pela artilharia da oposição.
O problema da candidata é que, na reta final para o três de outubro, redescobre as duas formações contrárias com inusitado aguerrimento. No caminho, além de torcer para que não irrompa outra revelação com o impacto ora acrescido dos escândalos pregressos, avulta o último debate pela Rede Globo.
Desde muito, os organizadores cuidaram de engessar tais embates de modo a tentar evitar que produzam mais estragos na fuselagem das candidaturas. Tudo é feito para impedir o efeito de golpes imprevistos. Todos os recursos e regras abstrusas se voltam para fazer passar o tempo e, com ele, qualquer ameaça de tropeço ou escorregadela. Não obstante, mesmo nesse anti-debate paira, inescrutável, a pérfida deusa Fortuna. A gafe ou o dito comprometedor só demanda o piscar de olhos de um instante para irromper e soar com os sons cavos do irremediável.É este o terror de padrinhos, assessores, e caciques partidários, o de verem o erro baixar sobre a fatal, ainda que instantânea, solidão dos candidatos.
Há demasiados exemplos desses momentos de verdade na história das campanhas presidenciais, seja aqui, seja alhures, para que se dedique mais espaço a tal eventualidade.
Na cacofonia das horas que antecedem o silêncio da votação a três de outubro, as expectativas dos três candidatos permanecem vivas. Marina acredita na dupla possibilidade de superar Serra e forçar o segundo turno com Dilma. Serra, sacudido da própria apatia, julga alcançável o que lhe antes lhe parecia negado. E a criatura do Presidente, que por um tempo se embalara em passagem tranquila, descobre, assustada, contestados os respectivos títulos para lograr algo que sempre se esquivou do carismático líder. Vale dizer, liquidar a fatura já no primeiro turno.
( Fonte: O Globo )
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
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