segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Semelhanças Preocupantes

Os ataques tipo Saddam Hussein – que culpam o emissário pelo teor da notícia – têm mostrado inquietantes similitudes do situacionismo brasileiro com os seus congêneres argentino, equatoriano e venezuelano.
O companheiro José Dirceu já manifestara o seu conhecido desprazer com a postura da imprensa, de que a turma do PT, cujo próximo poder ele reanunciou em reunião na Bahia – que Fernanda Torres definiu como ‘palestra privada’. De acordo com a tônica do chamado ‘controle social da mídia’, perseguido, até agora felizmente sem qualquer êxito, por esse grupo petista, o Presidente Lula, em comício pela candidatura de Dilma Rousseff, não destoou dessa linha.
Nosso Guia’ investiu contra a imprensa, ao afirmar que alguns veículos agem como partido. Não se pejou na oportunidade de declarar que, ao contrário, “Nós somos a opinião pública”.
Que um Presidente da República julgue oportuno subir em palanques e defender posições partidárias, por conseguinte de facção, já parece bastante questionável, se se tiver presente o exemplo de seus antecessores constitucionais. Se não agiram dessa forma, talvez haja sido por terem presente o seu papel de primeiro magistrado da Nação. Quem é dito representar a todos os brasileiros, não pode comportar-se como chefe de partido.
Parece oportuna a reação da OAB, segundo a qual Lula agiu de forma lamentável, influenciado pelo cenário eleitoral.
Por falar em eleições, e em lutas contra a imprensa, semelha interessante assinalar o anunciado propósito da Presidente da Argentina, Cristina Kirchner, de entrar hoje com pedido de prisão contra os diretores e acionistas dos jornais ‘Clarin’ e ‘La Nación’.
Na Argentina peronista, constitui apenas mais um capítulo na campanha não só de intimidação, mas também de controle e eventual desmantelamento de órgãos de imprensa que discordem do casal Kirchner.
Esse comportamento apenas repete uma postura de confrontação e de ataque – que não se restringe à discordância verbal – do neopopulismo imperante na Venezuela chavista, no Equador de Rafael Correa e na Argentina, do peronismo em sua versão kirchnerista.
Enganam-se redondamente aqueles que crêem diferenciar as modalidades chavista de suas simpatizantes em outras paragens do hemisfério sul. Antes se atribuía ao peronismo dos Kirchner, nos seus embates com o Grupo Clarin, uma postura de neo-sindicalismo light.
O Lula liberal, que mandara engavetar os excessos do PT, nos meses finais dos seus oito anos de mandato, ataca a imprensa, e se investe no papel de opinião pública. Concretizar de forma tão dramática uma entidade abstrata já preocupa.
Se as pesquisas dizem a verdade – e não há por que descrê-las – será tempo de apertar cintos, para enfrentar a turbulência maior, orquestrada pelo companheiro José Dirceu, em um governo da neófita Dilma Rousseff ? Saindo ‘Nosso Guia’ da cena governamental , seria a hora do PT, e de suas maiorias fazerem valer regras que Lula, considerado muito maior do que o partido, não teria permitido até hoje instaurar ?
Será esse o irônico Legado do inventor de Dilma e líder indiscutível do Partido dos Trabalhadores ?
Menos como crítico, do que como observador, pondero que Lula não mereceria essa nota de pé da página da História
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( Fontes: O Globo e Folha de S. Paulo )

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