quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Trump passa - e muito - dos limites

                                   

       Provocou estupor nos Estados Unidos que o candidato Donald Trump, em um comício na Carolina do Norte, tenha insinuado que os defensores do direito de portar  armas ajam para impedir que a democrata Hillary Clinton acabe com a garantia constitucional ao porte de armas no país.
       No comício em Wilmington, região conservadora da Carolina do Norte, Trump disse que a democrata quer "abolir" essencialmente a Segunda Emenda (à Constituição).    
        Não é verdade. O que Hillary se propõe  é restringir a venda de armas no  país.
        Vejam o restante da declaração do candidato republicano: "Se ela puder escolher os seus juízes (para a Suprema Corte), não há nada que vocês possam fazer. A não ser o pessoal da Segunda Emenda (defensores do direito absoluto de portar armas) que talvez possa, eu não sei." continuou Trump. Sem embargo, não explicou a que se referia.
         Mas precisa? O New York Times aponta claramente que Trump faz na verdade um apelo ao assassinato da candidata.
         Em um país onde o registro da violência do pessoal da chamada 2ª Emenda não conhece limites,  tal atitude de Mr Trump vai muito além de o que se possa conceber, sobretudo em  país notório pelo recurso ao assassinato como arma política.
         Tem sido realçada a diferença entre John McCain, um homem honesto, sério e respeitador dos direitos humanos, e Mr Trump. Na eleição de 2008, que o contrapôs ao Senador Obama, McCain nunca deixou sem resposta insinuações de partidários seus com acusações abaixo da linha d' água ao concorrente Barack Obama.
           McCain nunca permitiu que pairasse qualquer dúvida sobre o caráter integro de Obama, a sua condição de natural americano, desmentindo inclusive que o senador por Illinois fosse maometano. Asseverou sempre que Barack Obama era um partidário da democracia, e como tal deveria ser tratado.
           Depois de sua nomination, Trump tem dado uma série de declarações que só tendem a afetar-lhe a própria candidatura. O desconforto dos main stream republicans  com as suas assertivas só têm aumentado com isso.
            Com tais pesadas insinuações - que podem pôr a vida de Hillary em perigo, em se tratando das distorções do direito de portar armas na terra de Tio Sam, lá havendo tantos desequilibrados que têm acesso a armas de assalto - o candidato Trump ultrapassou ulterior barreira em termos de declarações que configurem verdadeiros apelos a que algum energúmeno pense realmente que Hillary é uma ameaça para os portadores de armas nos Estados Unidos, e agindo com base nessa premissa equivocada, venha a praticar alguma estupidez.
             Existindo naquele país enorme quantidade de armas de efeito letal, e com o acúmulo de massacres - de jardins da infância a universidades, passando por colégios secundários - são, no mínimo, irresponsáveis tais comentários de fajuta ambiguidade, eis que na verdade constituem quase que apelo à liquidação da candidata democrata, que ele transforma em espécie de inimiga pública que, se eleita, vai escolher juízes no Supremo  para acabar com a Segunda Emenda...
              A cada dia que passa, Donald Trump mostra, sem sombra de dúvida, que não é pessoa confiável, ainda mais com os poderes de que normalmente dispõe o Presidente dos Estados Unidos da América.
               E com essa ulterior e gratuita ameaça à própria direta rival, candidata pelo Partido Democrata à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump se afunda sempre mais, ao demonstrar, para quem tenha juízo bastante, que não é o candidato republicano adequado para concorrer à Casa Branca.
               Este senhor é um perigo público, e como tal deve ser tratado.


( Fontes: The New York Times, Folha de S. Paulo )    

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