Provocou estupor nos Estados Unidos que o candidato
Donald Trump, em um comício na Carolina do Norte, tenha insinuado que os
defensores do direito de portar armas ajam para impedir que a democrata Hillary Clinton acabe com a garantia constitucional ao porte de
armas no país.
No comício em Wilmington, região
conservadora da Carolina do Norte, Trump disse que a democrata quer
"abolir" essencialmente a Segunda Emenda (à Constituição).
Não é verdade. O que Hillary se
propõe é restringir a venda de armas
no país.
Vejam
o restante da declaração do candidato republicano: "Se ela puder escolher
os seus juízes (para a Suprema Corte), não há nada que vocês possam fazer. A
não ser o pessoal da Segunda Emenda
(defensores do direito absoluto de portar armas) que talvez possa, eu não
sei." continuou Trump. Sem embargo, não explicou a que se referia.
Mas precisa? O New York Times aponta claramente que Trump faz na verdade um apelo
ao assassinato da candidata.
Em um país onde o registro da
violência do pessoal da chamada 2ª Emenda não conhece limites, tal atitude de Mr Trump vai muito além de o que
se possa conceber, sobretudo em país notório pelo recurso ao assassinato como
arma política.
Tem sido realçada a diferença entre
John McCain, um homem honesto, sério e respeitador dos direitos humanos, e Mr
Trump. Na eleição de 2008, que o contrapôs ao Senador Obama, McCain nunca
deixou sem resposta insinuações de partidários seus com acusações abaixo da
linha d' água ao concorrente Barack Obama.
McCain nunca permitiu que pairasse
qualquer dúvida sobre o caráter integro de Obama, a sua condição de natural americano,
desmentindo inclusive que o senador por Illinois fosse maometano. Asseverou
sempre que Barack Obama era um partidário da democracia, e como tal deveria ser
tratado.
Depois de sua nomination, Trump tem dado uma série de declarações que só tendem a
afetar-lhe a própria candidatura. O desconforto dos main stream republicans com
as suas assertivas só têm aumentado com isso.
Com tais pesadas insinuações - que
podem pôr a vida de Hillary em perigo, em se tratando das distorções do direito
de portar armas na terra de Tio Sam, lá havendo tantos desequilibrados que têm
acesso a armas de assalto - o candidato Trump ultrapassou ulterior barreira em
termos de declarações que configurem verdadeiros apelos a que algum energúmeno
pense realmente que Hillary é uma ameaça para os portadores de armas nos
Estados Unidos, e agindo com base nessa premissa equivocada, venha a praticar
alguma estupidez.
Existindo naquele país enorme quantidade de armas de efeito
letal, e com o acúmulo de massacres - de jardins da infância a universidades,
passando por colégios secundários - são, no mínimo, irresponsáveis tais comentários
de fajuta ambiguidade, eis que na verdade constituem quase que apelo à
liquidação da candidata democrata, que ele transforma em espécie de inimiga
pública que, se eleita, vai escolher juízes no Supremo para acabar com a Segunda Emenda...
A cada dia que passa, Donald Trump mostra,
sem sombra de dúvida, que não é pessoa confiável, ainda mais com os poderes de
que normalmente dispõe o Presidente dos Estados Unidos da América.
E com essa ulterior e gratuita
ameaça à própria direta rival, candidata pelo Partido Democrata à presidência
dos Estados Unidos, Donald Trump se afunda sempre mais, ao demonstrar, para
quem tenha juízo bastante, que não é o candidato republicano adequado para
concorrer à Casa Branca.
Este senhor é um perigo público,
e como tal deve ser tratado.
( Fontes: The New York Times,
Folha de S. Paulo )
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