Apesar de terem fracassado no caminho do FBI - o
diretor da Agência, James B. Comey Jr., optara não recomendar acionar
judicialmente a Senhora Clinton - os
republicanos prosseguem na sua tática de acosso, se possível nos tribunais, à
candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton.
A direção do GOP poderia ser comparada ao Comissário Javert - personagem de Victor Hugo no célebre romance 'Os
Miseráveis' pela maneira implacável com
que perseguia o personagem Jean Valjean.
Mas essa comparação tem limites. Pois o Comissário Javert, a despeito
do caráter implacável, era homem íntegro. Sem poder conciliar a própria visão
do crime e a crença de policial honesto quanto à necessidade do castigo, diante
da manifesta recuperação do condenado a quem perseguia, somente logrou ao final
compatibilizar a dureza da lei com o que seria enorme injustiça levar de volta
às galés alguém que já mostrara transcender de muito a respectiva dívida com a
sociedade, e por isso, só pode resolver o seu drama pessoal através do suicídio.
Será por isso que a comparação com o
Comissário Javert acaba sendo falha. Pois este Comissário de polícia, com toda
a sua intransigência, mostrou, como personagem para a eternidade - assim como o
ex-forçado Jean Valjean - que era um homem íntegro, capaz de levar a concepção
de Justiça às últimas consequências.
O Partido Republicano não pode ser
comparado ao personagem de Victor Hugo, pois ele mostra, ao final, grandeza e retidão
de caráter. Já o antigo partido de Lincoln, através de seus agentes e entidades
assemelhadas, trata de remediar, como de hábito, a eventual deficiência em
votos, através do acosso judiciário.
Assim, a organização advocatícia
conservadora Vígia Judicial, teve aprovada pelo Juiz Emmet G. Sullivan, da Corte Distrital Federal em Washington, a
moção que continua a campanha para atacar o uso pela Sra. Clinton, quando
Secretária de Estado, do servidor privado de computador.
Os republicanos intensificam a sua ação
- que pretendem pelo visto levar para a esfera judiciária. O juiz em causa tem mostrado
simpatia a pedidos desse grupo
conservador (que perseguiu o Presidente Bill Clinton durante a sua presidência). Essa Vigia
Judicial (Judicial Watch) já entrou
com vários processos pleiteando acesso aos anais do Departamento de Estado, com
base na Lei de Liberdade de Informação, sobre diversos aspectos da gestão da
Senhora Hillary, inclusive do status
de emprego da sua assistente, Huma
Abedin, e da Chefe de Gabinete, Cheryl D. Mills.
No acosso judicial que a referida
linha auxiliar do Partido Republicano realiza contra a democrata Hillary
Clinton, o chefe desse grupo Tom Fitton
exprimiu satisfação com mais esse desafio para a candidata democrata (embora
não tenha conseguido que a senhora Clinton fosse forçada a uma entrevista
pessoal). O juiz, no entanto, obrigou que
venham a depor altos auxiliares da ex-Secretária de Estado, inclusive
Ms. Abedin e Ms. Cheryl D. Mills.
É segredo de Polichinelo que o
Partido Republicano teme os Clinton, não
só pelo fato de serem democratas, mas também pela sua força popular e apoio que
recebem das muitas minorias estadunidenses.
A apreensão dos republicanos - e de todos aqueles que simpatizem com o GOP - motiva série de ações, judiciais
ou não - pelas quais esse estamento que reúne a direita estadunidense busca
reforçar a posição das áreas da reação conservadora americana, que se sentem
ameaçadas por políticos de orientação progressista, como os Clinton.
Não foi decerto por acaso que os Clinton - com atitude mais pró-reativa
do que o do atual Presidente - têm que enfrentar personagens a mando da área
dita conservadora, e que na verdade refletem desígnios - muitos deles,
inconfessáveis - da direita americana, que se acha fortemente representada
tanto na área judicial, quanto em grupos poderosos como o dos irmãos
petroleiros Koch.
( Fontes:
The New York Times; Victor Hugo, Les Misérables)
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