quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Avança o julgamento de Dilma

                              


         Sob a batuta do Presidente Ricardo Lewandowski, senadores e senadoras do PT e adjacências se deram mal. Às tentativas de ganhar tempo e de obstruir os trabalhos, o presidente do Supremo usou de energia, ou cortando o áudio, ou frustrando tentativas de obstruir a sessão.         
          Assim, logo de início, Lewandowski negara os pedidos mais relevantes, apresentados pelos senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, que queriam a suspensão do processo ou sua transformação em diligência até o fim das investigações relativas à Operação Lava-Jato.  Lewandowski pôs termo a essa tentativa de postergação indefinida dos trabalhos, ao considerar os temas "estranhos" ao processo de impeachment.  Por sua vez, também rejeitou questão de ordem do Senador Lindbergh Farias  (PT-RJ), que, com os mesmos argumentos, queria a suspensão da sessão.
             A resposta do Presidente Lewandowski não teve maior dificuldade em atalhar as tentativas de deter o processo de parte de petistas e aliados:
             "Não se poderia por meio de uma questão de ordem pleitear  a suspensão da sessão para realização de diligência. A fase de instrução já terminou",  atalhou o Presidente Lewandowski.
              As bancadas dilmistas sentiram ontem o peso de nova dinâmica, o que mostra a sensatez do legislador em deteminar que o presidente do Supremo Tribunal Federal passe a presidir os trabalhos nessa fase em que se aproximam "os finalmente".
               Nesse sentido, as senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotini (PCdoB-AM), aquela antiga chefe do gabinete civil de Dilma e esta de partido aliado do PT, insistiam em apresentar argumentos para obstruir a sessão. Os abusos chegaram a tal ponto que o Presidente Lewandowski desligou o microfone de Gleisi. Apesar de ter superado o seu tempo de intervenção, ela queria porque queria continuar.
                "Tenho que pedir escusas por ser tão rigoroso com o tempo" - disse, tranquilo, Lewandowski. "Muito bem, mas a senhora está sem audio".
                 Acostumadas a obstruir a sessão com o Presidente da Casa, a coisa mudou de figura com a assunção por Lewandowski de presidência dos trabalhos.
                    Pelo visto, desabituadas com a ordem estabelecida, o mesmo iria ocorrer  quando a Senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também aliada à outrance (ao extremo) da afastada Presidente Dilma Rousseff, superou sobranceiramente os cinco minutos estabelecidos pelo Presidente Lewandowski.
                      O ritual não mudaria: o Presidente Ricardo Lewandowski cortou, novamente, o microfone.   
                       Ao cabo da votação, a situação da Presidenta afastada se mostrou ainda mais precária, na determinação da pronúncia para o julgamento final de Dilma Rousseff.
                        A contagem dos senadores contrários à sua volta subiu dos 55 em maio para 59 ontem. Ainda por cima, a afastada presidente perdeu um dos apoios que recebera em maio: o Senador João Alberto (PMDB-MA) ligado ao ex-Presidente José Sarney deixou de apoiá-la para votar em favor do impeachment !
                           Os votos negativos, por conseguinte,  assinalam que excedem a quota constitucional para o afastamento definitivo, eis que bastam 54 votos para que a petista seja afastada definitivamente do poder, e perderá seus direitos políticos por oito anos.
                            A dinâmica anti-Dilma se manifestou igualmente em senadores que antes se diziam indecisos e que subiram à tribuna para revelar o voto contra Dilma: Cristovam Buarque (PPS-DF), Romário (PSB-RJ) e Fernando Collor  (PTC-AL).
                             Aprovado o parecer do Senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), e com a maioria pró-impeachment consolidada, os aliados de Temer já começaram a dar como certa a vitória na etapa final.
                              Na madrugada, após a aprovação do parecer Anastasia, passaram a ser analisados os destaques de senadores pró-Dilma, que tentam retirar do julgamento final parte das acusações contra ela. É muito pouco provável, porém, que sejam feitas mudanças no parecer do Senador Anastasia.
                               A partir de agora, o presidente Lewandowski marcará a data para o início do julgamento (deve conceder dez dias).
                               A acusação promete, a respeito, entregar ainda hoje, dez de agosto, o libelo acusatório, que detalhará as violações de que acusa a Presidenta.  Correndo os prazos e atendidos os dez dias  para a defesa, a expectativa é o julgamento propriamente dito  comece a 23 do corrente, e dure de quatro a cinco dias,  período em que serão  ouvidas de novo a acusação, a defesa, testemunhas, e a própria Dilma, caso ela assim o desejar.
                                    Muito contribuíu para agilizar o prazo, Palácio do Planalto e o Presidente do Senado, Renan Calheiros, atuaram durante todo o dia para apressar a votação. Assim, o governo orientou os senadores aliados a não cairem na esparrela dos defensores de Dilma e respectivas provocações. A tônica foi no incentivo aos integrantes da base governamental a desistirem das respectiva falas.
                                      Essa estratégia tornou possível a votação na madrugada, o que torna possível a ultimação do libelo acusatório, pelos juristas responsáveis (Miguel Reale Jr. e Janaína Conceição Paschoal), que se antecipa venha a ser protocolado no dia de hoje, dez de agosto, sem carecer de todo o prazo disponível de 48 horas a que têm direito.
                                       Segundo especula a imprensa, parte dessa urgência se deve à necessidade de concluir o impeachment antes que eventuais novas revelações possam comprometer a permanência do Presidente Michel Temer na Presidência interina da República.

 ( Fonte:  O  Globo )
  

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