Sob a batuta do Presidente Ricardo Lewandowski, senadores e senadoras do PT e adjacências se
deram mal. Às tentativas de ganhar tempo e de obstruir os trabalhos, o
presidente do Supremo usou de energia, ou cortando o áudio, ou frustrando tentativas
de obstruir a sessão.
Assim, logo de início, Lewandowski
negara os pedidos mais relevantes, apresentados pelos senadores Randolfe
Rodrigues (Rede-AP) e Humberto Costa (PE), líder do PT no Senado, que queriam a
suspensão do processo ou sua transformação em diligência até o fim das
investigações relativas à Operação Lava-Jato.
Lewandowski pôs termo a essa tentativa de postergação indefinida dos
trabalhos, ao considerar os temas "estranhos" ao processo de impeachment. Por sua vez, também rejeitou questão de ordem
do Senador Lindbergh Farias (PT-RJ),
que, com os mesmos argumentos, queria a suspensão da sessão.
A resposta do Presidente Lewandowski
não teve maior dificuldade em atalhar as tentativas de deter o processo de
parte de petistas e aliados:
"Não se poderia por meio de
uma questão de ordem pleitear a
suspensão da sessão para realização de diligência. A fase de instrução já
terminou", atalhou o Presidente
Lewandowski.
As bancadas dilmistas sentiram
ontem o peso de nova dinâmica, o que mostra a sensatez do legislador em
deteminar que o presidente do Supremo Tribunal Federal passe a presidir os
trabalhos nessa fase em que se aproximam "os finalmente".
Nesse sentido, as senadoras
Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Vanessa Grazziotini (PCdoB-AM), aquela antiga chefe
do gabinete civil de Dilma e esta de partido aliado do PT, insistiam em
apresentar argumentos para obstruir a sessão. Os abusos chegaram a tal ponto
que o Presidente Lewandowski desligou o microfone de Gleisi. Apesar de ter
superado o seu tempo de intervenção, ela queria porque queria continuar.
"Tenho que pedir escusas por ser tão
rigoroso com o tempo" - disse, tranquilo, Lewandowski. "Muito bem,
mas a senhora está sem audio".
Acostumadas a obstruir a
sessão com o Presidente da Casa, a coisa mudou de figura com a assunção por Lewandowski
de presidência dos trabalhos.
Pelo visto, desabituadas
com a ordem estabelecida, o mesmo iria ocorrer
quando a Senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), também aliada à outrance (ao
extremo) da afastada Presidente Dilma Rousseff, superou sobranceiramente os
cinco minutos estabelecidos pelo Presidente Lewandowski.
O ritual não mudaria: o
Presidente Ricardo Lewandowski cortou, novamente, o microfone.
Ao cabo da votação, a
situação da Presidenta afastada se mostrou ainda mais precária, na determinação
da pronúncia para o julgamento final de Dilma Rousseff.
A contagem dos
senadores contrários à sua volta subiu dos 55
em maio para 59 ontem. Ainda por cima, a afastada presidente perdeu um dos
apoios que recebera em maio: o Senador João Alberto (PMDB-MA) ligado ao
ex-Presidente José Sarney deixou de apoiá-la para votar em favor do impeachment
!
Os votos negativos,
por conseguinte, assinalam que excedem a
quota constitucional para o afastamento definitivo, eis que bastam 54 votos
para que a petista seja afastada definitivamente do poder, e perderá seus
direitos políticos por oito anos.
A dinâmica
anti-Dilma se manifestou igualmente em senadores que antes se diziam indecisos
e que subiram à tribuna para revelar o voto contra Dilma: Cristovam Buarque
(PPS-DF), Romário (PSB-RJ) e Fernando Collor
(PTC-AL).
Aprovado o parecer
do Senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), e com a maioria pró-impeachment consolidada, os aliados de Temer já começaram a dar
como certa a vitória na etapa final.
Na madrugada,
após a aprovação do parecer Anastasia, passaram a ser analisados os destaques
de senadores pró-Dilma, que tentam retirar do julgamento final parte das
acusações contra ela. É muito pouco provável, porém, que sejam feitas mudanças
no parecer do Senador Anastasia.
A partir de agora, o presidente Lewandowski
marcará a data para o início do julgamento (deve conceder dez dias).
A acusação
promete, a respeito, entregar ainda hoje, dez de agosto, o libelo acusatório,
que detalhará as violações de que acusa a Presidenta. Correndo os prazos e atendidos os dez
dias para a defesa, a expectativa é o
julgamento propriamente dito comece a 23
do corrente, e dure de quatro a cinco dias,
período em que serão ouvidas de
novo a acusação, a defesa, testemunhas, e a própria Dilma, caso ela assim o
desejar.
Muito
contribuíu para agilizar o prazo, Palácio do Planalto e o Presidente do Senado,
Renan Calheiros, atuaram durante todo o dia para apressar a votação. Assim, o
governo orientou os senadores aliados a não cairem na esparrela dos defensores
de Dilma e respectivas provocações. A tônica foi no incentivo aos integrantes
da base governamental a desistirem das respectiva falas.
Essa estratégia tornou possível a votação na
madrugada, o que torna possível a ultimação do libelo acusatório, pelos
juristas responsáveis (Miguel Reale Jr. e Janaína Conceição Paschoal), que se
antecipa venha a ser protocolado no dia de hoje, dez de agosto, sem carecer de
todo o prazo disponível de 48 horas a que têm direito.
Segundo
especula a imprensa, parte dessa urgência se deve à necessidade de concluir o
impeachment antes que eventuais novas revelações possam comprometer a
permanência do Presidente Michel Temer na Presidência interina da República.
( Fonte:
O Globo )
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