Depois das duas convenções, enquanto a candidatura de
Hillary saíu fortalecida de Filadelfia, as confusões entre os republicanos, o
aberto desafio do Senador Ted Hughes ao candidato - com o agravante de ter sido
convidado para endossá-lo em horário privilegiado da Convenção - chegando ao
cúmulo de desrespeitá-lo publicamente, e declarações ainda mais contundentes de
Trump no pós-convenção, tudo isso resultou em uma relativa desmoralização do
candidato Trump.
Há duas realidades, no entanto, em
termos da candidatura Trump, que não podem deixar de serem consideradas. No papel, Donald Trump é o candidato e não há a menor dúvida sobre este fato. As suas
declarações, por mais absurdas que sejam, dificilmente provocarão um divórcio
entre a hierarquia do GOP e o candidato populista.
As suas assertivas, se poderiam
criar-lhe problemas, em última análise não o prejudicam. O porquê é simples.
Confrontado, Trump tem voltado atrás, como o fez nas declarações de que não
apoiaria Paul Ryan e John McCain (os dois republicanos enfrentam primárias
dentro do GOP). Chamado à ordem, Trump se retratou, assegurando que os apoiará.
O núcleo duro de Trump está no apoio
que recebe da classe trabalhadora americana, os rough necks, que o elogiam pelas declarações de Trump contra
negros, latinos (mexicanos). Por
enquanto, a circunstância de que o seu total
esteja em 33% contra 48% para Hillary, não abala os fiéis de sua
candidatura.
Não há dúvida de que o relacionamento
de Trump com a alta hierarquia republicana não é dos melhores. É um casamento
de conveniência, mas tudo indica que a esse tipo de relação se aplica o dito:
ruim com ele, pior sem ele.
De qualquer forma, temerosa de
desastrosos efeitos do apoio dado a Hillary em detrimento de Trump, haveria a
preocupação de parte do Grand Old Party
de dissociar os demais republicanos que disputam essa eleição de vinculações mais
estreitas com Donald Trump.
O grande medo dos políticos da direita
está em que uma derrota contundente de Trump perante Hillary possa se refletir
em outras débacles no que tange a Senado e Câmara de Representantes (esta
última se apresenta no limite da impossibilidade, no entanto, para que os
democratas logrem a maioria na Câmara Baixa). Dadas as linhas dos distritos
eleitorais mexidas pelo gerrymander (nos estados vermelhos, que nos USA quer
dizer republicanos), em operação bastante ampla que se sucedeu ao shellacking (tunda) sofrido pelos
democratas em função da reação do GOP e do Tea Party (financiado pelos
milionários irmãos Koch, da indústria petroleira) Equivaleria a uma incrível
vitória em distritos que são hoje pela
sua composição normalmente favoráveis aos republicanos. Mutatis mutandis, equivaleria à façanha de um cavaleiro levar
vantagem sobre o rival, apesar de correr com o ônus de handicap extremamente
desfavorável para o seu animal...
De qualquer forma o GOP procura
dissociar Trump dos candidatos a Senado e Câmara, na esperança de salvar o
partido de eventual débacle causada por maciça transferência de votos não só em
desfavor do candidato Trump, mas também dos postulantes do GOP para Senado e Câmara de Representantes. É esse desastre que
a direção republicana quer evitar a todo custo: acordar depois da eleição de
novembro, não só com Madam President Hillary Clinton, mas também com maioria
democrata no Senado e na Câmara...
( Fonte subsidiária: The New York Times )
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