Começa a fase final do julgamento de Dilma Roussef,
que, de qualquer forma, sendo condenada ou não, deverá passar à história como a
Presidenta, este neologismo pouco gracioso, pesado e até meio grosseiro
na forma. Poderá parecer uma descrição da própria, na sua atitude,
comportamento, e a eventual impiedosa memória.
Não é de espantar que ela tenha sobressaído pelo
jeitão desabrido, cujo nível intelectual vai rasante ao solo. A sua parecença
com o respectivo criador mostra que eles são unidos menos por ideias do que
pelas fumaças demagógicas de suas expressões.
O que deixa para trás - não me parece próprio
falar aqui de legado - é a sensação de tempo perdido. Essa invenção de Lula da
Silva, pelo patamar mental de criador e criatura, ficará na crônica não das
oportunidades desperdiçadas - porque só desperdiça nesse nível quem tem carga
intelectual digna de nota.
Por falar em erros - e não me detenho,
por demasiado penoso, na estagnação da cultura e no anti-exemplo transmitidos
às gerações do presente - sem decerto o desejar - malgrado as suas dúbias
escolhas no campo das prioridades, Lula da Silva terá decretado a própria queda
do anterior patamar em que pensava estar, ao deixar-se embair pelo eterno
plantão dos cortesãos.
Dentre as lacunas de sua desastrosa
escolha - riscando forte a imprescindível exigência do estudo superior, que na
sua falta de, menosprezara, talvez empurrado pelas desconforto natural de quem
é levado a desfazer da cultura e suas veredas - como ignorar o anti-racionalismo,
a par da natural aparência de segurança de quem dispôs de pouco convívio com o
estudo. Por tal motivo, ele se acreditou acima da arraigada usança, uma vez atravessado
na própria mente o Rubicon das incertezas de quem quer julgar-se como superior
a velhas e provadas usanças.
Começou o julgamento de Dilma Rousseff. O tempo
que se perde nessa travessia mostra que uma vez mais o grande irmão do Norte
escolheu um ritual mais rápido, e por conseguinte, menos repetitivo e lacerante,
do que a longa semana que se pretende transformar na segunda e última fase do
julgamento. Menos lacerante e mais objetivo seria fundir as duas fases do
processo em uma só, como é a prática estadunidense. Como de hábito, ao copiar
mal, perdemos tempo e prolongamos a incerteza muito além do conveniente.
No pouco que ouvi do Procurador do
Tribunal de Contas, ele nos traz duas verdades: de nada serve chamá-lo de
'informante' e não de testemunha, porque ele, pela forma incisiva e a precisão
terminológica mostrou não só ao que vinha, mas também de que fonte traz
argumentos que, por serem cogentes, dispensam a prolixidade.
Isto posto, o julgamento é ainda
uma criança. Muita água resta a passar debaixo dessa ponte. Por ora, Michel
Temer é interino. E não condiz com tal condição queimar as etapas da justiça,
como se o espetáculo se bastasse a si próprio, e desde já se possa antecipar-lhe
o resultado.
A antiga sapiência mineira tal
desaconselha e por muitas razões. Baste a primeira para o beneficiário
putativo: a sofreguidão é má-conselheira, na medida em que transforme em alvo ou
quase-partícipe, aquele que se contenta em esperar que o fruto colimado caia no
próprio cesto.
( Fontes: Rede Globo, Magalhães Pinto, João Guimarães Rosa )
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