Até pouco tempo, Dilma Rousseff preferia não aparecer
nos julgamentos. Deixava as respostas e os apelos para o seu ex-Ministro da
Justiça, depois ex-Advogado Geral da União, e hoje essencialmente seu Advogado
e pau para toda a obra jurídica, José Eduardo Cardozo.
Agora dá outros sinais. Que pretende
comparecer ao julgamento pelo Senado Federal. Que ainda não pretende falar e
prefere que o fiel escudeiro, José Eduardo Cardozo continue a repetir a
ladainha da defesa. Reiterar, em meio ao geral ceticismo, que o processo de
Impeachment na verdade é golpe. Conquanto juridicamente não se sustente, como
nas palavras de ordem do antigo partidão, essa assertiva deve continuar, por
mais esvaziada de sentido, e por mais inverossímil que se apresente.
Alguns estimam ou suspeitam de que a
presença de Dilma Rousseff, nominalmente ainda Presidente da República, se
confirmada na sessão do Senado presidida
por Ricardo Lewandowski, se destine a constranger os senadores. A idéia é que,
ausente, as defecções se tornam ainda mais fáceis. Daí a idéia da sua presença física.
A acusada, materialmente presente, conta ter mais poder de constranger ou
eventualmente de inibir, do que se não aparecesse. A teoria é longe dos olhos,
longe tanto do coração, quanto da consciência. Portanto, seu comparecimento é
para isso mesmo incomodar e quem sabe? demover de eventuais traições os
nominalmente favoráveis a sua permanência...
Ela se apressou em mandar cartas
aos Senadores. Será que todos receberam, ou Dilma preferiu cortar uns tantos,
seus ferrenhos opositores, da lista? Estando pela bola sete, ela não deve ter
esse gênero de fricote. A presença, por constrangedora que seja - e cá entre
nós, um tanto humilhante - serve a um óbvio, aberto propósito: incomodar, fazer
pressão, quem sabe ameaçar, constranger...
A vigésima-quinta hora se
aproxima. Aquela em que vaca desconhece bezerro, pensa apenas em salvar-se...
ou será que toda a lengalenga do Cardozo já a tenha cansado, e não mais acredite
que a sua suposta canina fidelidade vá adiantar-lhe de algo.
O Ministro Ricardo Lewandowski
se houve bem na sua primeira participação no grande espetáculo do Impeachment.
Ele queria descanso no fim de semana, mas tiveram de dizer-lhe que não
dava. Será que a presença de Dilma o
incomoda? Difícil de dizer. A tarefa não é decerto invejável.
Se ela confirmar presença - como não é
prisioneira, sua vontade determinará se o anúncio da própria vinda era só mais um
lance, ou se corresponde efetivamente à respectiva escolha.
Presente durante todo o
julgamento, ou não? Sabemos que não consultará ninguém ou talvez, só para constar, o seu Advogado que é tido por fidelíssimo.
Será que terá paciência com
as chicanas de parte a parte? E à votação para a porta da rua, ou a sua - que
Deus nos livre! - permanência, como se possível fora virar a página, e fingir
que nadica de nada aconteceu? Pensar em ministério, na volta de todos os problemas (que
ela mesmo criou), na revolta da População?
Nessa altura do campeonato, ou melhor do julgamento do Impeachment (que ela diz que acha que é
golpe), ela tem ainda alguma flexibilidade ?
Será que ela volta?
Haveria algum sentido nesse retorno, que põe de novo na mesa as consequências da recessão, da inflação, da
desmoralização, do Petrolão?
Melhor nem pensar.
Vamos acreditar que Deus é brasileiro, e que Ele convença todos esses Senhores
e Senhoras ali reunidos a encontrarem
logo a Solução.
Porque,convenhamos, o
melhor seria que nos livrássemos dela, nem tanto pelo que fez ou pelo que não fez,
mas por esse persistir nesse deblaterar
sobre se ela deve ir para a Rua ou Não.
Porque francamente não creio que a
sua situação melhore com a própria presença na sala do juízo. Olhar para ela é
lembrar-se de tanta coisa ruim : corrupção, incompetência, desperdício, inflação,
recessão... Não há outro antidepressivo que nos livre desse processo
infindável, pondo um fim a essa travessia do inferno.
E quem ficar por
último, por favor, não se esqueça de apagar as luzes!
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