Com a exceção do prefeito do Rio de
Janeiro, Eduardo Paes, que ainda
resiste, Lula, Sérgio Cabral et cia. vão
sendo levados pelas ondas da história.
Que a mídia venha agora a chorar
lágrimas de crocodilo da pena que diz ter pela não-despoluição da baía da Guanabara, enquanto volta e meia diz lamentar profundamente a deplorável circunstância
de que nada foi feito. Pelo contrário, com a cara-limpa do mau-caratismo os
personagens da esfera carioca dizem que não
foi possível, amontoando as desculpas usuais de aqueles que prometem,
colhem os louros da respectiva falta de caráter, e vão em frente, no rosto o
sorriso ambíguo dos que malbaratam o próprio crédito.
Ao passar pelos arredores de vários esqueletos
e prédios universitários, víamos o que restara das obras inacabadas de outra
administração - que se gaba não desta, mas de outras dúbias realizações. Estas
seriam igualmente para despoluir a baía, esse prodígio da natureza que
maravilhava os audazes viajantes dos séculos passados, quando aqui suas naus e
veleiros aportavam, vindos sabe-se lá de quantas inclemências do mar-oceano.
Os espertos-burros - espécie bastante
difundida na classe política de Pindorama - pensam iludir os estranjas e o norte-maravilha, com as suas grosseiras
imposturas, a que, na modernidade, sóem enfeitar com filmetes tão imaginosos
quanto mentirosos, destinados a colher ganhos mediatos e a desmoralização dos
pósteros.
Outros
países se serviram desse antigo certamen - que nos vem da antiga Helás - com
bons fins e melhores resultados perenes.
A despoluição da Baía - cujo processo de
transformá-la em fossa pública pude ainda, menino, desconhecer como relato em Lembranças de meu tio Adolpho, mergulhando nas vizinhanças do saco de são Francisco,com
as suas águas então límpidas - perdeu, portanto, mais essa batalha, que os
papalvos nas várias administrações se serviram para conseguir o que
ambicionavam, sem nada fazer em contrapartida.
Agora, como diziam os meus
antepassados que hoje dormem profundamente, olham sanhudos para aqueles que
enganaram, pensando terem ganho a parada. Coitados! apenas consolidaram a
má-fama de maus caráteres, aquele que se chamava de esperto-burro...
Não sei se foi a desídia, o inato
mau-caratismo, ou a simples ancestral burrice que os fez perder essa gorda,
nédia, luzente oportunidade de restaurar a Guanabara às luzentes primícias dos
tempos de outrora, quando a gente ainda era pouca !
Em breve, os sucessores a
transformarão em larga fossa ao ar livre, assoreada por poluição e desídia, onde
só moréias e outros gentis bichos do gênero poderão circular por suas rasas, pútridas e mal-cheirosas águas!
A Guanabara continuará linda, mas só
à distância, e nenhuma outra autoridade sequer terá a épica coragem de
mergulhar no seu fétido espelho! A brava gente brasileira terá então realizado
outra anti-proeza - de que Hércules não quer nem saber ...
( Fontes: Manuel Bandeira; Lembranças de meu tio
Adolpho) .
Nenhum comentário:
Postar um comentário