quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Ainda a vitória de Thiago Braz

                                      


        Escrevia no outro dia de Adhemar Ferreira da Silva, o brasileiro que arrasara na Olimpíada do México - se não estou errado - com salto tríplice que em um mesmo dia iria quebrar vários records nas suas diversas tentativas.
         Naqueles tempos em que as notícias chegavam devagar, o nosso patrício arrasou na pista, de total desconhecido virando celebridade  na mesma jornada.
         Mencionara tal fato saudoso do tempo em que surgiam, não se sabe bem de onde, grandes valores nacionais.
         Pois, pelo visto, subestimei a potencialidade de nosso país em produzir grandes atletas.
          No entanto,  no meio do caminho havia uma pedra. Em Londres, na Olimpíada anterior, o francês Renaud Lavillenie fôra o campeão no salto com vara.
           Terá pensado, por conseguinte, que estaria assegurado lá-bàs, a Rio de Janeiro, mais uma medalha de ouro para ele.
            Não contou com a presença de Thiago Braz, e seus vinte e dois anos, para disputar-lhe a prova.
            Com a ousadia dos desafiantes, Thiago enfrentou o favorito. Bem, isso já foi contado. Partiu para os 6,03, marca que conseguiu no segundo salto. Já o francês tentaria imitá-lo. Partiu para os 6,08 (errara nas duas primeiras tentativas de 6,03), após autorizado pela mesa. Esse intento foi vaiado pela torcida, o que terá desestabilizado Lavillenie, eis que perderia o último. Depois, chamaria o público brasileiro de  torcida de m... Mal-educado e preconceituoso esse francês,  não acham?
             Na cerimônia de ontem, de outorga das medalhas, Lavillenie tinha a fisionomia abatida, quase sepulcral.
              A sua derrota já repercutira em Paris, e a interpretação francesa foi a princípio também preconceituosa, como se o compatriota tivesse sido derrotado por uma guerra de nervos. A cobertura de Le Monde tampouco obedeceu aos seus habituais padrões, com comparações bizarras, insinuando emanações do candomblé. Nesse contexto, Lavillenie se comparou ao grande Jesse Owen, quando humilhou Hitler em Berlin.
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              Apesar de todo o teatro - e Renaud Lavillenie exibia na premiação  semblante soturno, quase cadavérico - a mídia francesa já recuara da sua interpretação à quente,  dando-se conta da comparação absurda de Alemanha hitleriana e de Jesse Owens. O americano foi vaiado pelo público alemão por racismo. E ainda por cima, Owens respondeu com quatro medalhas. Quantas ganhou Monsieur Lavillenie ? Rien (nada) como dizia a cantora Edith Piaf (je ne regrette rien[1])
          Afora essa grande conquista, ontem não foi um grande dia para o Brasil. Mas disso escreverei no blog seguinte.


( Fontes:  O Globo, Rede Globo, Carlos Drummond de Andrade, Edith Piaf )        



[1] eu não me lamento de nada (canção da Piaf)

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