São consternadoras as opiniões (e
declarações) que recentemente tem manifestado o candidato republicano Donald Trump.
Seja pelo respectivo viés político, pela
falta de mínimo sentido de decência política e igualmente pela preocupante
ignorância que adumbram, elas fazem crescer a pressão para que expoentes
republicanos se dissociem das confusas e inquietantes posições do candidato do GOP em termos de política externa e da
Rússia em particular.
Dizer que as suas palavras reforçariam
suspeitas de suas simpatias pelo líder russo Vladimir Putin, é ir um
pouco longe demais nos extremos cuidados que ainda semelham envolver-lhe as
abstrusas declarações.
Somente alguém fundamente ignaro em
termos de política externa - e em especial da moussoliniana figura do
presidente de todas as Rússias, gospodin
Putin - pode adumbrar a respectiva simpatia por esse adversário do Ocidente.
A intervenção da Rússia nos assuntos
internos da Ucrânia parece ser de todo ignorada por Trump. Para confundi-lo
ainda mais, seu atual diretor de
campanha, Paul Manafort, foi em passado recente consultor político do
presidente ucraniano pró-Rússia, Viktor Yanukovych, que a rebelião da Praça Maidan, em Kiev, apeou do
poder.
. Para alguém que escapou de servir no
Vietnam, um pouco mais de equilíbrio nos
julgamentos seria recomendável. Como avaliar a sua incrível zombaria dos pais
do Capitão Humayun Khan, muçulmano-americano, que foi morto no Iraque por um
atacante suicida?
A sua falta de medida, Mr Trump
demonstrou por meter-se em um debate à distância com os pais do herói
americano. Chegou a insinuar que a Sra. Khan não falara na Convenção porque a
sua religião não o permite, e pôs no mesmo plano os próprios sacrifícios como
empresário aos dos pais em luto pelo filho Humayun Khan.
Perdendo a paciência com Trump,
o Senador republicano (e herói) John
McCain emitiu declaração de que "é tempo que Donald Trump se coloque como
exemplo para nosso país e o futuro do Partido Republicano".
No entanto, a ignorância político-diplomática
do candidato Trump vai muito além dos padrões de políticos americanos. Veja-se
nesse contexto a simpatia do candidato republicano por Putin, adversário
declarado dos Estados Unidos. Tal se complementa com a acabrunhante ignorância
politico-diplomática quanto à agressão russa tanto na Criméia (cuja anexação
foi censurada em Recomendação das Nações Unidas), quanto na própria Ucrânia,
com o fomento do separatismo na parte oriental.
Sendo um dos principais países
lindeiros com a Rússia, a Ucrânia, pelo seu tamanho, é um dos espaços políticos
mais importantes dos que o Kremlin
ominosamente descreve como o 'estrangeiro
próximo'. Daí a forte reação de Moscou diante da queda de Viktor Yanukovych
(que era pró-Moscou), com a invasão pelos sólitos
voluntários russos da Ucrânia oriental e a consequente anexação da Criméia,
ocupada por soldados russos com uniforme descaracterizado.
A ignorância
politico-diplomática do candidato Trump torna-se ainda mais perigosa para os
países do entorno do urso russo, com
os seus comentários de desdouro da OTAN, que tem funcionado no pós-guerra como eficaz
deterrente quanto ao poder hegemônico de Moscou, no que tange aos países que
ganharam a própria independência com a pacífica dissolução da antiga União
Soviética e de seu império, em 31 de dezembro de 1991.
( Fontes: The New York Times; Putin´s Kleptocracy, de
Karen Dawisha )
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