Após conversa com o Presidente Michel
Temer, o Senador Renan Calheiros anunciou a antecipação da votação final do
processo do impeachment no Senado. Ao invés da segunda feira, dia 29 de agosto ela passa para a quinta-feira,
dia 25 de agosto.
Por outro lado, o Presidente do Supremo
Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que comandará o julgamento da Presidente
afastada Dilma Rousseff, não se opôs.
Na avaliação do colunista Merval
Pereira, "não sobrou pedra sobre pedra: o Senador Antonio Anastasia,
relator do processo de impeachment na Comissão Especial do
Senado, não se limitou a reafirmar as acusações formais que o baseiam, foi além e fez uma
análise política das consequência
econômicas das transgressões à Constituição pela presidente afastada, Dilma
Rousseff.
O Senador Anastasia disse em seu
longo e fundado parecer que a con sequência dos atos de burla da Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) " é a percepção, para a comunidade internacional, de que o Brasil não é um país
comprometido com metas fixadas em lei e
que os compromissos de ordem financeira não são levados a sério no País."
Para o Relator, a instrução
preliminar na comissão especial
evidenciou "um sistemático e
abrangente descumprimento de princípios fundamentais e basilares que regem não
apenas a Administração Pública, mas o Estado de Direito".
O relator assinala que "um
vale-tudo orçamentário e fiscal que trouxe sérias consequências
negativas para o País" foi instalado no Brasil. Nesse sentido, segundo
Anastasia, foi instalada no país "uma
política expansiva de gasto sem sustentabilidade fiscal e sem a devida transparência, com o uso de operações que passaram ao largo da legislação e das boas
práticas de gestão fiscal e orçamentária, assim como a recusa em se interromper
o curso danoso dos eventos pela autoridade máxima do País, que detinha o poder
e as informações necessárias, em última instância, para ordenar e fazer cessar
as irregularidades."
Dentro de sua linha
oposicionista de atrasar os trabalhos, a bancada de apoio à presidente afastada
tentou atrasar o processo requerendo que o procurador Ivan Marx fosse
ouvido para explicar por que considerou que não houve crime nas chamadas "pedaladas
fiscais". Na verdade, inexistiam condições de ouvir mais esse testemunha,
que exemplificava o chamado " bis em idem". O próprio advogado de defesa da Presidente
afastada já incluíra em sua manifestação final os argumentos do procurador
Marx.
Nesse sentido, coube à senadora Simone Tebet esclarecer que o
procurador dissera que não tinha havido crime
em relação à legislação penal. Ora, isso não é objeto de análise da
comissão, nem do Congresso, que analisam apenas os crimes de responsabilidade
que a presidente afastada é acusada de haver cometido.
Em seu amplo e cogente
parecer, o relator Anastasia demonstrou que a Presidente tinha pleno controle
das medidas tomadas pelo Governo, e citou discursos seus defendendo os atos e
um discurso do diretor do Banco do Brasil, o ex-senador Osmar Dias, afirmando
que as reuniões para definição do Plano
Safra foram coordenadas pela própria presidente Dilma.
Didático no seu parecer, o relator Anastasia pôs por terra a tese da
defesa de que não havia nenhum ato da Presidente e que todas as medidas
eventualmente ilegais deveriam ser atribuídas aos ministros das áreas e à
direção do Banco do Brasil.
Do seu consciencioso
estudo, Anastasia chegou à conclusão de
que há três lições fundamentais a serem consideradas pela Sociedade brasileira
ao seguir o processo de impeachment:
"Em primeiro lugar,
o descontrole fiscal compromete a sustentabilidade das políticas públicas de
serviços fundamentais para a sociedade".
Em segundo lugar,
Anastasia destacou que o desequilíbrio
das contas públicas "amplia o endividamento público e impacta vários
indicadores econômicos (como inflação, PIB, desemprego e taxa de juros), que,
por sua vez, representarão prejuízos à qualidade de vida da população."
Por fim, o relator Anastasia chama a atenção para o fato de que o Poder Legislativo não
pode ter suas funções constitucionais de fiscalização e controle do
orçamento usurpadas pelo Poder Executivo.
"A democracia também exige o controle da sociedade sobre a gestão do dinheiro
público" - é a conclusão do relator.
O colunista de O Globo assinala que o parecer do Senador Anastasia é
bastante claro e conclusivo, ligando causas e efeitos, e por isso "retira
de eventuais senadores "indecisos" razões para não assumirem suas
posições diante da sociedade, em voto aberto.
( Fontes: O
Globo, Coluna de Merval Pereira )
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