A Suécia, pela aplicação em seguir as
instruções de sua treinadora, a dizer verdade, não teve muita dificuldade em
impedir que o Brasil de Marta fizesse gol no tempo regulamentar (os dois tempos
e, de lambuja, a prorrogação de trinta minutos). Durante o jogo, não se viu alegria e técnica, nem tampouco eficácia na
equipe canarinho, que caíu na trampa da técnica americana - que dirigia a
equipe sueca - a qual soube com perfeição neutralizar os ataques e as
superiores qualidades técnicas da equipe brasileira com a sua aplicação tática do
defensivismo extremo e de jogo pesado quando necessário.
Qualquer semelhança com a partida
anterior, em que o Brasil ganhara de 5x1 da mesma Suécia será mera
coincidência. Nem Marta conseguiu dar passes em boas condições e a sua falta de
inventiva fez com que o predomínio do Brasil de pouco ou nada valesse. O único
que mudou na capitã foi em ter convertido
o primeiro pênalti .
Assim, o mais comum é que as
jogadoras brasileiras na prática atrasassem a bola para a goleira
adversária, que não precisou fazer grandes defesas.
Mesmo na prorrogação, funcionou o
ferrolho suiço, ou o antijogo.
Quanto aos penalties, começaram bem (com Marta, como acima referi) e, para
nós, acabaram muito mal. A própria goleira Bárbara - que é do gênero que se
atira antes do chute, tentando prevenir a vantagem da atacante - correu o risco
não desprezível de dar à batedora adversária a oportunidade de chutar para um arco
na prática vazio...
Se falha houve das jogadoras
brasileiras, que não mostraram nem um pouco de sua usual habilidade, o pior
mesmo foi não ter encontrado tática
alguma para contornar o anti-jogo das suecas (será bom lembrar que na primeira
fase do torneio, o Brasil vencera de 5x1 o então futebol muscular e pouco
imaginoso da Suécia). Mas em não tendo condições táticas de levar perigo ao
arco da Suécia, na prática o que ocorreu foram situações de grande facilidade
para a goleira adversária. Procuro lembrar-me mas não houve nenhum lance em que o gol a favor do Brasil estivesse por um triz. Com um futebol com muitos passes e nenhuma inventiva na hora de furar o bloqueio adversário, ficou muito mais fácil para as suecas manter o perigo de gol bem longe do seu arco. A receita brasileira não funcionou, seja pela timidez dos ataques, seja pelo seu caráter de nenhuma imaginação. Tal exercício chegou a tal ponto, que em alguns momentos - poucos é verdade - essa total falta de imaginação tornaria as coisas muito mais fáceis para as suecas, que em alguns momentos até chegaram a levar real perigo para
o nosso último reduto...
É forçoso, portanto, reconhecer que
quem realmente ganhou a partida e o direito de ir para as semifinais, foi a
técnica da Suécia. Já o Vadão... As
meninas, ao concordarem na prática com o anti-jogo das suecas, decretaram a
nossa sorte madrasta. Quem não faz, leva.
( Fonte: Rede Globo )
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