O dia de ontem pode ser considerado um grande dia para
o atletismo (Thiago Braz, salto com vara) e para o boxe (Robson Conceição, que
derrotou nos pesos ligeiros o francês (de origem argelina) Sofiane Oumiha,
ganhando o ouro por primeira vez para o pugilismo nacional.
No entanto foi um dia bastante ruim
para nós nos esportes coletivos. A começar pelo decepcionante jogo com a
Suécia, que recorreu a um ferrolho suiço. Dessa partida já escrevi, mas
gostaria de acrescentar que o Brasil não soube tirar proveito de sua
superioridade técnica. Em jogo anterior, é bom lembrar que tínhamos ganho de
5x1 desta mesma Suécia que ora nos venceu nos pênaltis, pela circunstância de
que nada convertemos em 120 minutos de jogo.
Surpreendeu-me a maneira atarantada
e bisonha mesmo com que o Brasil enfrentou a retranca sueca. Os nossos ataques
não primavam pelo brilhantismo, eis que atrapalhou às nossas jogadoras o
anti-jogo das suecas.
Mas onde estava o técnico Vadão? A
única maneira de abrir o ferrolho suiço (não estou errando na nacionalidade, e
sim apontando de onde vem esse recurso, que é geralmente empregado por um time
técnicamente inferior).
Sem embargo, o técnico da seleção
feminina não me deu a impressão de haver pensado acerca da melhor maneira de
superar a retranca sueca. Não por chutes a longa distância, ou tentativas de
passe para uma área cheia de defensoras. Quando a bola chegava à goleira, esta
em geral a encaixava, pois esses chutões
da equipe nacional mais pareciam bolas atrasadas para a arqueira sueca. Nesse sentido, nossa equipe
deu a nítida impressão de que não estava nada preparada para tal eventualidade
- que era altamente previsível. A Suécia, não podia jogar senão defensivamente,
não seria necessário ser um grande adivinho para antecipar que tal seria a
tática empregada por elas. Despreparo que nos surpreende e consterna, porque
essa resposta técnica de parte da treinadora americana da Suécia era um falso
enigma. Estava na cara.
A melhor maneira de vencer o
ferrolho suiço seria ir até a linha do
fundo da equipe sueca (o que a categoria
de Marta e de mais algumas outras jogadoras nossas possibilitaria), e dessa
posição junto à ultima linha da equipe sueca tornar inútil o defensivismo
adversário. As nossas atacantes da linha de fundo tentariam passar para as
companheiras dentro da área. Não vou dizer
que essa tática vá funcionar sempre, mas algumas vezes as nossas jogadoras -
que afinal de contas têm muito mais habilidade que as suecas - conseguiriam
chegar à linha de fundo, e dali passariam para as suas companheiras.
O ferrolho funciona muito
bem se o time adversário cair na armadilha, e procurar jogar como de hábito.
Agora, a tática de ir ao fundo do campo e de lá passar para trás, já dentro da
área adversária, além de desfazer a retranca, eis que o ataque pela linha de fundo
naturalmente as forçará a abrir as defesas pelo ataque vindo de um lado não
previsto, tenderá a desfazer a barreira da marcação cerrada e de uma área
pululando de defensoras. Com o ataque vindo pela linha de fundo - as atacantes
passando para as companheiras para trás, não há ferrolho que aguente, pois esse
ataque que vem pela linha derradeira do campo desconcerta uma defesa armada
para ataques frontais, e que funciona em transformar na prática em pelada o
jogo em campo. Já indo até a linha de fundo, essas defesas se abrem (dado o
perigo da situação e a necessidades de que as jogadoras adversárias tentem
inutilizar uma jogada que está vindo pelo lado errado, e assim as desconcerta)...
O individualismo e a
técnica das jogadoras brasileiras, menosprezado no enfoque do técnico diante do
desafio do ferrolho, tenderia a prevalecer se fosse utilizada essa manobra, com
que costuma ir abaixo o ferrolho suiço.
Se no esporte coletivo fomos mal,
perdendo no polo aquático, no vôlei feminino (duplas de praia), se bem que
vencemos na dupla de praia masculina (jogo duríssimo com os holandeses).
Decepcionante a derrota de nossa equipe de vôlei feminino para as chinesas.
Quanto ao handball, melhoramos nesse esporte, mas ainda falta um pouco para
atingir a categoria medalha.
E na canoagem
conseguimos o triunfo de Izaquias
Queiroz, através de segundo lugar e medalha de prata.
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