quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Correio da Olimpíada (IX)

             

          O dia de ontem pode ser considerado um grande dia para o atletismo (Thiago Braz, salto com vara) e para o boxe (Robson Conceição, que derrotou nos pesos ligeiros o francês (de origem argelina) Sofiane Oumiha, ganhando o ouro por primeira vez para o pugilismo nacional.
           No entanto foi um dia bastante ruim para nós nos esportes coletivos. A começar pelo decepcionante jogo com a Suécia, que recorreu a um ferrolho suiço. Dessa partida já escrevi, mas gostaria de acrescentar que o Brasil não soube tirar proveito de sua superioridade técnica. Em jogo anterior, é bom lembrar que tínhamos ganho de 5x1 desta mesma Suécia que ora nos venceu nos pênaltis, pela circunstância de que nada convertemos em 120 minutos de jogo.
            Surpreendeu-me a maneira atarantada e bisonha mesmo com que o Brasil enfrentou a retranca sueca. Os nossos ataques não primavam pelo brilhantismo, eis que atrapalhou às nossas jogadoras o anti-jogo das suecas.
             Mas onde estava o técnico Vadão? A única maneira de abrir o ferrolho suiço (não estou errando na nacionalidade, e sim apontando de onde vem esse recurso, que é geralmente empregado por um time técnicamente inferior).
             Sem embargo, o técnico da seleção feminina não me deu a impressão de haver pensado acerca da melhor maneira de superar a retranca sueca. Não por chutes a longa distância, ou tentativas de passe para uma área cheia de defensoras. Quando a bola chegava à goleira, esta em geral  a encaixava, pois esses chutões da equipe nacional mais pareciam bolas atrasadas para a  arqueira sueca. Nesse sentido, nossa equipe deu a nítida impressão de que não estava nada preparada para tal eventualidade - que era altamente previsível. A Suécia, não podia jogar senão defensivamente, não seria necessário ser um grande adivinho para antecipar que tal seria a tática empregada por elas. Despreparo que nos surpreende e consterna, porque essa resposta técnica de parte da treinadora americana da Suécia era um falso enigma. Estava na cara.
                 A melhor maneira de vencer o ferrolho suiço seria  ir até a linha do fundo da  equipe sueca (o que a categoria de Marta e de mais algumas outras jogadoras nossas possibilitaria), e dessa posição junto à ultima linha da equipe sueca tornar inútil o defensivismo adversário. As nossas atacantes da linha de fundo tentariam passar para as companheiras dentro da área.  Não vou dizer que essa tática vá funcionar sempre, mas algumas vezes as nossas jogadoras - que afinal de contas têm muito mais habilidade que as suecas - conseguiriam chegar à linha de fundo, e dali passariam para as suas companheiras.
                      O ferrolho funciona muito bem se o time adversário cair na armadilha, e procurar jogar como de hábito. Agora, a tática de ir ao fundo do campo e de lá passar para trás, já dentro da área adversária, além de desfazer a retranca, eis que o ataque pela linha de fundo naturalmente as forçará a abrir as defesas pelo ataque vindo de um lado não previsto, tenderá a desfazer a barreira da marcação cerrada e de uma área pululando de defensoras. Com o ataque vindo pela linha de fundo - as atacantes passando para as companheiras para trás, não há ferrolho que aguente, pois esse ataque que vem pela linha derradeira do campo desconcerta uma defesa armada para ataques frontais, e que funciona em transformar na prática em pelada o jogo em campo. Já indo até a linha de fundo, essas defesas se abrem (dado o perigo da situação e a necessidades de que as jogadoras adversárias tentem inutilizar uma jogada que está vindo pelo lado errado, e assim as desconcerta)...
                           O individualismo e a técnica das jogadoras brasileiras, menosprezado no enfoque do técnico diante do desafio do ferrolho, tenderia a prevalecer se fosse utilizada essa manobra, com que costuma ir abaixo o ferrolho suiço.
                            Se no esporte coletivo fomos mal, perdendo no polo aquático, no vôlei feminino (duplas de praia), se bem que vencemos na dupla de praia masculina (jogo duríssimo com os holandeses). Decepcionante a derrota de nossa equipe de vôlei feminino para as chinesas. Quanto ao handball, melhoramos nesse esporte, mas ainda falta um pouco para atingir a categoria medalha.
                              E na canoagem conseguimos  o triunfo de Izaquias Queiroz, através de segundo lugar e medalha de prata.



Nenhum comentário: