Talvez cansado de ser erudito
(medievalista, semiólogo e filósofo), escreveu um quase livro policial,
ambientado em abadia medieval, onde acontece série de crimes.
Unindo conhecimento (a recuperação da
suposta parte perdida da Poética de
Aristóteles) à originalidade, o professor universitário Umberto Eco
literalmente estourou com best-seller
internacional que, para variar, é de alta qualidade, unindo erudição ao
interesse do mistério.
Assim como Cem Anos de Solidão, de
Garcia Márquez, publicado em 1967, "O nome da rosa", publicado em
1980, se torna grande sucesso mundial.
Ambientado em um convento, em época de que Eco era grande conhecedor, trouxe o
gênero policial para a Idade Média, além de condimentar a obra com parte (livro) alegadamente perdida da Poética de Aristóteles.
Esse suposto 'giallo' - na Itália as estórias policiais eram publicadas com capa
amarela (alaranjada) - significa seja a cor, seja a estória policiesca.
Tornou-se um best-seller mundial,
vendendo milhões de exemplares.
Umberto
Eco literalmente estourou no mercado literário mundial, com um texto em que se une o erudito (o
conhecimento literário e sociológico de
Umberto Eco sobre a Idade Média ) - e as indagações e pesquisas sobre o livro
perdido da Poética do Estagirita
(gentílico de Aristóteles). Desse modo, o escritor italiano transplanta o
mistério do Medievo ao romance policial.
Explicar porque uma obra - como a de García
Márquez e a de Umberto Eco - se torna sucesso mundial, é quase tentar explicar
racionalmente porque alguém consegue estourar banca de roleta.
Com diria Nelson Rodrigues, aí entra o Sobrenatural de Almeida, e qualquer
explanação intelectual, além de necessariamente pós-fato, vai soar um tanto
forçada.
Com sua erudição, Eco especula sobre o
livro perdido de Aristóteles sobre a Poética. Na verdade, será eterna discussão
entre os estudiosos se tal livro (parte da obra, caderno, âýâëï) realmente terá sido escrito.
Umberto Eco estudou na Universidade de
Turim, onde aprendeu literatura medieval e literatura. O Medievo carece de ser
mais estudado, pois a difusa ignorância a seu respeito esquece as grandes obras
que nele nasceram - A Comédia, de Dante
Alighieri, a poesia de Petrarca,
os contos de Boccacio - e o que é
pior, rotula a Idade Média como sinal de atraso e obscurantismo. Esquecem-se
que é o elo a permitir que as invasões bárbaras fossem vencidas e esquecidas e
que o conhecimento estivesse pronto para a Renascença.
A Deusa
Fortuna, no entanto, costuma bater uma só vez à porta dos escritores. Disso
são exemplo Garcia Márquez (Cem anos
de Solidão) e Umberto Eco. "O
Pêndulo de Foucault" de 1989, não pode ser comparado ao 'Nome da Rosa', em
termos de sucesso editorial.
Aliás, ambos ganharam o Prêmio Nobel...
( Fontes:
Il nome della Rosa (Bompiani) e Aristote - Poétique (Les Belles
Lettres).
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