sábado, 20 de fevereiro de 2016

Umberto Eco (1932-2016)


                             
       Talvez cansado de ser erudito (medievalista, semiólogo e filósofo), escreveu um quase livro policial, ambientado em abadia medieval, onde acontece série de crimes.

       Unindo conhecimento (a recuperação da suposta parte perdida da Poética de Aristóteles) à originalidade, o professor universitário Umberto Eco literalmente estourou com best-seller internacional que, para variar, é de alta qualidade, unindo erudição ao interesse do mistério.

      Assim como Cem Anos de Solidão,  de Garcia Márquez, publicado em 1967, "O nome da rosa", publicado em 1980, se torna  grande sucesso mundial. Ambientado em um convento, em época de que Eco era grande conhecedor, trouxe o gênero policial para a Idade Média, além de condimentar a obra com  parte (livro) alegadamente perdida da Poética de Aristóteles.

      Esse suposto 'giallo' - na Itália as estórias policiais eram publicadas com capa amarela (alaranjada) - significa seja a cor, seja  a estória policiesca. Tornou-se um best-seller mundial, vendendo milhões de exemplares. 

     Umberto Eco literalmente estourou no mercado literário mundial, com  um texto em que se une o erudito (o conhecimento literário e sociológico  de Umberto Eco sobre a Idade Média ) - e as indagações e pesquisas sobre o livro perdido da Poética do Estagirita (gentílico de Aristóteles). Desse modo, o escritor italiano transplanta o mistério do Medievo  ao romance policial.

     Explicar porque uma obra - como a de García Márquez e a de Umberto Eco - se torna sucesso mundial, é quase tentar explicar racionalmente porque alguém consegue estourar  banca de roleta.

     Com diria Nelson Rodrigues, aí entra o Sobrenatural de Almeida, e qualquer explanação intelectual, além de necessariamente pós-fato, vai soar um tanto forçada.   

      Com sua erudição, Eco especula sobre o livro perdido de Aristóteles sobre a Poética. Na verdade, será eterna discussão entre os estudiosos se tal livro (parte da obra, caderno, âýâëï) realmente terá sido escrito.

      Umberto Eco estudou na Universidade de Turim, onde aprendeu literatura medieval e literatura. O Medievo carece de ser mais estudado, pois a difusa ignorância a seu respeito esquece as grandes obras que nele nasceram - A Comédia, de Dante Alighieri, a poesia de Petrarca, os contos de Boccacio - e o que é pior, rotula a Idade Média como sinal de atraso e obscurantismo. Esquecem-se que é o elo a permitir que as invasões bárbaras fossem vencidas e esquecidas e que o conhecimento estivesse pronto para a Renascença.

      A Deusa Fortuna, no entanto, costuma bater uma só vez à porta dos escritores. Disso são exemplo Garcia Márquez (Cem anos de Solidão) e Umberto Eco. "O Pêndulo de Foucault" de 1989, não pode ser comparado ao 'Nome da Rosa', em termos de sucesso editorial.

     Aliás, ambos ganharam o Prêmio Nobel...

 

( Fontes: Il nome della Rosa (Bompiani) e Aristote - Poétique (Les Belles Lettres).

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