sábado, 27 de fevereiro de 2016

Petrobrás: traição do Lulopetismo


                             

        Poder-se-ía chamar de farsa, mas o termo não vai bem no contexto. O nome vem de peças populares, a princípio no Medievo, em que a veia cômica reveste vezo popularesco, com ação trivial ou burlesca, em que predominam gracejos, situações ridículas, etc. A definição se inspira no Houaiss, e se bem haja um pouco de tudo no termo, é forçoso convir que aquilo que fez o lulopetismo com a Petrobrás vai muito além de o que está nessa definição. . ,,    ou

         Além do engano e a filosofia do 171, há muito mais de o que os governos petistas, a partir de 2003, fizeram com a Petróleo Brasileiro S.A. A par do cinismo grosseiro, há incrível falta de vergonha.

         Tal chega a ser indizível pelo desrespeito com a nacionalidade, o significado da Petrobrás - um dos maiores legados de um Governo realmente popular e honesto como foi o do Presidente Getúlio Vargas em seu último e trágico mandato - devendo merecer respeito e seriedade, e não ser transformada em  mina de vantagens inconfessáveis.

          A ironia do procedimento, em que o cinismo se une com ilimitada ganância, tudo desconhecendo em termos de respeito ao Brasil e ao significado profundo dessa grande empresa.

          E a descarada operação de desmonte da Petrobrás chegou a orná-la com o seu melhor quadro, que dera provas de dedicação e amplo conhecimento do mister, mas que, com um requinte cruel, retirou-lhe a capacidade de empolgar a empresa. Ao invés, foram colocados pelos novos donos do poder muitos agentes, na verdade uma série deles, que só trataram de retirar dinheiro das transações dessa empresa de modo a que a própria ambição e as comissões dos diversos donatários políticos fizessem impossível outra situação para a depenada Companhia que a da falta de meios com as finanças em estado vizinho do falimentar.

         Como afirma, com amarga propriedade, a coluna de ontem de Miriam Leitão, a propósito da descabelada assertiva do Ministro Miguel Rossetto -  "as mesmas forças contrárias à criação da Petrobrás hoje buscam quebrar as regras do marco regulatório do país". Nesse contexto, a comentarista econômica de O Globo pergunta se o Ministro acha mesmo que o partido ao qual pertence é herdeiro da luta que uniu o povo brasileiro nos anos cinquenta, na campanha do petróleo é nosso.

         Em certos casos, como o presente, cair em polêmica e gastar argumentos para afastar absurdos - que podem ser atribuídos ou à desonestidade mental, ou à cegueira ideológica - constitui perda de tempo. Diante da brutalidade dos fatos - e a situação aqui não é outra - se deve evitar  arguir com alguém que, por um motivo ou outro, voluntariamente se pôs fora da razão.

         Para sublinhar a situação da nossa maior empresa, citemos parágrafo da coluna de M. Leitão:  "A situação da Petrobrás  é dramática, como todos sabem. A gestão petista, a apropriação do coletivo pelo partido que nos governa, as decisões politico-eleitorais quebraram a empresa.  Hoje ela tem uma dívida  bruta de US$ 127 bilhões (meu o grifo) que em reais, chegou a R$ 505 bilhões no último balanço divulgado, do terceiro trimestre do ano passado. É a petrolífera mais endividada do mundo. Seu valor de mercado caíu 90%, e sua classificação de risco  está a seis degraus abaixo do nível de investimento." Assinale-se que a Moody's, que cortara em dois níveis a nota do governo brasileiro, cortou em três níveis a Petrobrás. E se ela sofrer mais um corte, cairá no grupo de empresas "com alto risco de inadimplência". E a colunista assinala que a perspectiva é negativa...

          O que caberia perguntar aqui é se o mal chamado bom-mocismo será uma vez mais distribuído pelo estamento político em doses cavalares, como se tudo não haja passado de mero erro de avaliação política...

          Lancei em novembro último, no blog, a série  Brasil: Corrupção & Burocracia. Pelo visto,  terei de escrever muitos mais além dos onze já consignados.

 

(Fonte:  O  Globo, Coluna de Míriam Leitão)

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