terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

A Dílmica Crise ataca nos Estados

                 

                    
           Apenas três estados lograram arrecadar mais em 2015 em relação a 2014. A grande recessão - que se pode atribuir à gestão de Dilma Rousseff, com o aumento da inflação e a queda nas expectativas da indústria e seu consequente desemprego e baixa na atividade econômica, com menor arrecadação tributária - se espalha por todo o Brasil.

            Em 2015, apenas três Estados lograram arrecadar mais do que em 2014: Paraná (aumentou os impostos), o Pará e o Maranhão. Este último, que é o campeão do Bolsa Família, atribui a melhora à redução de benefícios fiscais.

             No restante do Brasil, a crise está batendo forte. São quase trinta bilhões de reais a menos, o que provocou geral atraso no pagamento dos servidores e nas prestações da dívida com a União.

             A crise na Petrobrás, que é decorrência de malversão de fundos e do chamado Petrolão, provocou a queda nos repasses oriundos do petróleo para o Estado do Rio de Janeiro. Este, de resto, totalizou o maior déficit em termos absolutos. O Rio esperava arrecadar com impostos e taxas R$ 43,4 bi, mas dada a sua grande dependência do setor-petróleo, só entraram no caixa estadual R$ 29,1 bilhões. A maior parte das dificuldades - e dos percalços com a Justiça - do Governador Pezão está nesse déficit nos recursos do petróleo : faltam, portanto, no caixa estadual R$ 14,3 bilhões.

              Desde a administração Sérgio Cabral  o Rio de Janeiro passara a depender das chamadas royalties do petróleo, extraído na plataforma continental lindeira, pela Petrobrás. Dada a crise nessa empresa - decorrente da operação Petrolão, ou seja o saque organizado da Petróleo Brasileiro S.A - o que está sendo, para orgulho brasileiro, apurado com grande exação pelo Juiz Sérgio Moro e a Operação Lava-Jato - assim como a queda na cotação do petróleo Brent na bolsa internacional, o que obviamente está fora do controle do governo estadual, intui-se que a situação do Estado do Rio, que passara a depender sempre mais dos recursos do petróleo (sobre os quais, repito, não tem qualquer controle), assim como dos impostos e taxas estaduais (que são de sua direta competência), há de compreender-se a enrascada em que se meteu o governador Pezão (seguindo a política de seu predecessor e mestre, Sérgio Cabral), quando a cotação internacional do petróleo desabou. Em maior escala, é o problema que outros países vem enfrentando.

              Se permitem, a este modesto blogueiro uma explicação que trará luzes internacionais (e um maior entendimento do atoleiro em que caíu o nosso simpático governador ) o que o Rio de Janeiro está sofrendo agora, com o caos no atendimento na saúde estadual, decorre de uma briga de cachorro grande que envolve a Arábia Saudita.  Esse reino é o maior produtor de petróleo no mundo e através da super-produção do ouro negro ele tenta forçar a saída do mercado de outros países que extraem petróleo por novos meios (como os Estados Unidos), os quais tornam o preço de seu produto mais caro do que aquele que sai dos poços da Arábia Saudita.  Por essa política da OPEP (dominada por Ryadh que é a capital do reino saudita), a cotação do ouro negro caíu desde acima dos cem dólares para trinta,  com viés para a casa dos vinte.  Há muitos países - como a Rússia, de Putin, por exemplo - que tem como principal renda o petróleo, e será fácil de entender as dificuldades que enfrentam, com o encolhimento do valor do ouro negro. A Arábia Saudita, que joga na baixa, tem fundos financeiros enormes para aguentar o rojão. Mas não é o caso de muitos outros, como o Rio de Janeiro, que é apenas um beneficiário de rendas advindas da exploração do petróleo em escala que não é comparável decerto aos protagonistas da OPEP.

             Mas talvez seja oportuno que a lição fique. É um pouco arriscado - não acham? - que os compromissos de um ente federativo (como o Rio de Janeiro) fiquem tão dependentes assim de um rendimento sobre cujo montante vê-se que o governo estadual do senhor Pezão não tenho nenhum controle... A culpa, na verdade, é do Sr. Sérgio Cabral, que atrelou as finanças do Estado a montantes que na época pareciam seguros... e que, em verdade, como se verifica acima, não o eram... 

            

               Como não era pequena essa dependência dos recursos do ouro negro, a crise nas finanças cariocas é patente, e o Governador Pezão sofre as consequências, junto com o funcionalismo, as UPAs e demais atendimentos médico-hospitalares. Quem paga esse pato é a população carioca em geral.

              Mas o leitor me perdoe essa digressão sobre a crise nos estados, e a possível entrada em ação da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) que ameaçaria alguns estados.

              Há quatro estados que estão mais de perto na alça de mira da LRF. No tópico gastos com pessoal em relação à receita corrente líquida (em %), estão acima do limite máximo : o Rio Grande do Norte, com 52,53%, o Tocantins, com 51,67%, o Mato Grosso com  50,2 e, em quarto lugar, o Rio Grande do Sul, com 49,18%.

                  Quais são as restrições a quem ultrapasse esses limites de comprometimento da receita?  O Estado fica impedido  de fazer contratações; se não houver melhora nas contas em oito meses, as transferências federais podem ser cortadas.  Novos empréstimos  também são barrados e as contas do governo podem ser rejeitadas, o que provoca a inegibilidade do Governador.

                   É público e notório que a administração do novo Governador no Rio Grande do Sul tem encontrado muitas dificuldades, oriundas da atuação de governos passados, e do excessivo percentual da dívida para com a União o que onera as finanças do Estado.

                   O novo governador  José Ivo Sartori - que é do PMDB - está com uma dívida 227%  superior à receita corrente líquida, pior índice em oito anos (Sartori foi precedido por um governador do PT, Tarso Genro). As medidas tomadas por Sartori - como o pagamento do funcionalismo em parcelas - tem provocado a irritação dos funcionários e aposentados.

 

( Fontes: Folha de S. Paulo, The New York Times )

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