quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Espírito bipartidário ?


                          

       Por vezes, é difícil entender o Partido Republicano, que muitos apreciam chamar    de Grand Old Party (GOP). Aos leitores do blog, creio oportuno precisar que o meu emprego frequente dessa abreviatura, não implica admiração e muito menos aprovação. É usada pelo que é, uma prática abreviatura...

       Mas decerto já haverão suspeitado que não foi propriamente para tanto que me decidi a escrever este comentário.

       Leio em boletim do New York Times que os líderes republicanos no Senado - que, com o resultado das últimas eleições intermediárias, ficou sob o domínio de nova maioria, que é do Partido Republicano - anunciaram a sua disposição de sequer receber como visita a eventual indicação do Presidente Barack Obama para preencher a vaga aberta por Antonin Scalia.

       Os senadores republicanos evidentemente não gostam de Barack H. Obama. Esse espírito um tanto agressivo, que nada tem da chamada atitude bipartisã, parece difícil, contudo, determinar-lhe a principal razão.

       Ele é expresso da maneira tão rude e acintosa, tão longe do respeito que se deve a quem vencera duas eleições contra dois republicanos de nomeada, John McCain  e Mitt Romney. Ao contrário do que o Senador Mitch McConnell, então líder da minoria no Senado, declarara como objetivo de seu partido: fazer com que Obama fosse  presidente de um só mandato, Barack Obama ganharia sem maior dificuldade também as eleições de 2012.

       Por conseguinte, é difícil entender esse odium que lhe vota o Partido Republicano. Ao terminar o seu segundo mandato no começo do ano próximo, irritará aos próceres republicanos que Obama seja um líder popular junto ao Povo Americano? Barack acaso os coloca em situação de desconforto quando se mostra um presidente democrático, aberto, e que não se cansa de tentar a senda do bipartidismo, hoje vista tão negativamente por muitos - felizmente não todos - do establishment republicano?

      Com exceção dos irmãos petroleiros Koch, o 50° Presidente recebe a todos na Casa Branca, e tem sido um fanal na pregação por Estados Unidos sem ódios e mais aberto às diversas comunidades étnicas que tanto tem contribuído pelo seu trabalho e dedicação para a grandeza americana.

       Talvez pelo fato de que em 2010 ainda fosse um presidente júnior, terá tido alguma responsabilidade em que a Câmara de Representantes passasse a ser feudo republicano. Para explicar esse estranho fenômeno, que algum dia será superado, não creio que esta minha apreciação venha a ser o lugar adequado.

         Quanto ao Senado Federal, a maioria republicana, durante os dois mandatos do Presidente Obama, só logrou dominá-lo, nas eleições do termo médio de 2014. Antes, o líder da maioria fora o Senador por Nevada, Harry Reid, que passou a lider da minoria em 2015. A brilhante representante Nancy Pelosi, que era a Speaker, deixou de sê-lo em 2011, por força do resultado  de que Obama chamou de shellacking (surra).

             Sem embargo, o Presidente sempre manteve relações cordiais com o Speaker John Boehner, republicano de Ohio.

              Por isso, esta atitude anunciada da bancada republicana no Senado, através de seus líderes, de sequer receberem como visitante o eventual indicado para Juiz Associado da Suprema Corte por Barack Obama, de acordo com os seus deveres estabelecidos pela Constituição, para entrevistar-se com os líderes do Partido Republicano, não me parece postura própria de país realmente democrático, como o são efetivamente  os  Estados Unidos da América.

              Aberta a vaga no Supremo, é uma obrigação constitucional do quinquagésimo Presidente designar como candidato a assento na Suprema Corte personalidade por ele considerada como apta a sentar-se na curul que foi de Antonin Scalia. Cabe ao Senado, examiná-la em comitê e sobre ela votar em plenário.

              Não é coisa de somenos. Por favor, não a tratem como tal.

 

( Fonte: The New York Times )

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