Comparada com Nicolás Maduro, Dilma Rousseff pode ser
considerada uma governante de qualidade média.
O governo chavista não soube fruir do
tempo das vacas gordas, quando o barril de petróleo - seu principal ítem de
exportação - estava cotado acima dos cem dólares estadunidenses.
Em matéria de desgoverno, o antecessor
- e modelo - de Maduro, Hugo Chávez Frias nos mostra como era a sua
administração. Segundo relata Ricardo
Hausmann, ex-Ministro do Planejamento, em recente artigo, contou que, em 2012,
quando o barril de petróleo estava em US$ 103, e a Venezuela dispunha de bom
superavit comercial, o governo de Chávez teve um déficit público de 17,5% do
PIB!
Se no tempo das vacas gordas do
ouro negro tal era a situação, com a queda na cotação do petróleo - na prática, a
Venezuela é uma mono-cultura - o valor das exportações desabou cerca de 60% em
três anos.
Dessarte, o déficit primário é
estimado pelo FMI em 21% do PIB no corrente ano, com perspectiva de chegar a
25%.
Desde muito a Venezuela enfrenta o
desabastecimento. Caindo o valor da exportações, por força da queda na sua principal matéria
prima, tal situação de desabastecimento (uma constante nos governos chavistas)
só fez agravar-se.
No comércio - seja alimentar, seja de
artigos de primeira necessidade, como medicamentos - falta tudo ou quase tudo,
constrangendo o infeliz consumidor a longas filas e as sempre perigosas
incursões nas fontes alternativas do contrabando.
A depreciação da moeda - o bolívar -
reflete hiper-inflação que reina soberana. O bolívar desvalorizou-se em 90%
contra o dólar estadunidense, nos últimos dezoito meses.
Por outro lado, a Venezuela é o país
com maior risco soberano do mundo (a sua dívida é de US$ 10 bilhões) e por isso
para contrair obrigações Caracas tem de pagar um diferencial de juros de 36% em
comparação com os títulos do governo americano.
Depois de Chavez ter bancado a Alba
(Associação bolivariana da América Latina), de haver subvencionado Cuba e
outros países como Nicarágua com as então rendas do petróleo, dentro de política megalômana que sacrificava o
futuro pelo prestígio no presente, e, não por último, de haver desarticulado o
setor privado - que estultamente o caudilho e seu sucessor perseguiram - eis o
governo do limitadíssimo Nicolás Maduro forçado a encontrar o caminho das
pedras, quando as suas opções - pelos próprios erros do passado - encolhem
sempre mais.
Não se sabe qual será a postura do governo
petista, que tanto já se desgastou em termos políticos, ao ignorar os agravos
sofridos pela oposição, e apoiar sempre o governo Maduro, mesmo quando
afrontava os direitos humanos. A propósito, Dilma - para fazer entrar no
Mercosul a Venezuela de Chávez, não hesitara em usar mão pesada com o pequeno
Paraguai, quando a Presidenta perdeu boa ocasião de não agregar outra
desastrada atuação diplomática para o próprio currículo...
Maduro pensa que a solução para os
problemas da Venezuela está no aparelhamento de órgãos - como acaba de fazer
com a Corte Suprema, ora abarrotada com juízes chavistas - com que logrou revogar
a decisão da Assembléia Nacional que derrubara o decreto estabelecendo a
emergência econômica.
Maduro é caricatura de Hugo Chávez, e
como toda espécie de caricatura exagera nos defeitos. Não carece ser
profeta para antever que as coisas no reino venezuelano devem piorar e muito,
até que, pelo exame do fogo, o Povo venezuelano logre livrar-se desse bando de
celerados, que se apropriou da pobre herança do Caudillo, e cuja principal
preocupação será a de evitar a passagem inexorável pelas forcas caudinas que
lhes esperam em alguma volta do caminho. Ali prestarão contas de o que
auferiram por fora da bolsa oficial, e lá será determinado o respectivo destino
- que já hoje lhes tira o sono - porque os destinará a ergástulos mais severos
decerto, e também mais bem cuidados do
que as masmorras para que lançam todos aqueles que, como Leopoldo López,
lutam contra a ditadura chavista.
( Fontes: O
Globo (Miriam Leitão), Folha de S. Paulo, The New York Times ).
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