Programa do PT, ou aparece anônimo na
telinha, falando de coisas etéreas e inaferráveis, lugares comuns dessa
propaganda abusiva, abusada e paga com o dinheiro do público, invadindo com
partidecos, partidinhos e os partidões da vez, o nosso e o teu espaço de lazer,
chegando agora, na empáfia e na arrogância de quem se crê acima de tudo e de
quase todos, a invadir a hora das notícias, quando não a das novelas.
Pois ontem, pensando talvez nos velhos
tempos e xuliando pelo esquecimento de todos, não é que o PT volta a tentar
insinuar-se em nossas salas, com programa
que reapresenta o velho capitão,
o da voz rouca, que tão bem soubera insinuar-se, como novo cavaleiro da
esperança, nos idos de 2002, para depois nos empurrar a herança maldita de candidata
despreparada para quase tudo como verificaríamos. Por ela, Lula preteriu a toda suposta elite do PT. Levava
então a missão de esquentar o lugar do velho capitão.
Como tudo em política, as coisas não
sairiam conforme o previsto pelo comandante, que chegou até em 2014 a levar um
chega pr'a lá da herdeira, que pensou fosse oportuno o próprio repeteco. E a velha inércia de
chefe em funções aí também prevaleceria. Depois, veio a enxurrada dos
escândalos, com o Petrolão à frente, que a ridícula compra de Pasadena, a enferrujadinha, meio que anunciara para a gente do ramo. Mas tanta
roubalheira e tais cavernosos déficits ainda assim superavam quaisquer
expectativas. E mal entrada nas novas e
velhas funções, caíu o teto das pesquisas, e ei-la com solitário dígito de
opinião favorável.
Mas caberia ao velho capitão, aquele
do boné, recolher o grosso da raiva do povão, que é aquele mau humor entranhado
que se vota a quem enganou esperanças e desfez ilusões de seus partidários.
Depois da propaganda encabulada a que me referi em blog recente, propaganda que se ruboriza (sem trocadilho) com o
nome do PT, que virou marca maldita, que desvela abusos e logros, p'ra não
falar do ataque à empresa maior do Brasil, de quem patriotas de boa cepa
compravam as ações, na esperança de ali encontrarem porto seguro para as
respectivas economias.
Não estava assistindo a mais esse
programa do PT, quando me acordaram os panelaços, os buzinaços e as vaias, para
dar-me conta, uma vez mais, de que o Povo agora se sente afrontado pela cara-de-pau
dos apresentadores, pelas ocas desculpas (quando se dispõem a tal, sempre com
meias palavras) e, por fim, como hoje virou pára-raios da cólera do eleitor ludibriado,
não é que aparece o personagem que não lhes sai da lembrança, dos cabeçalhos dos
jornais, e das notícias televisivas, que falam de sítios dotados de
antenas especialmente construídas para o
celular do grande chefe, e quando não, do famoso tríplex do Guarujá?
É o chefe e madame de que cuidam as conhecidas empreiteiras. Os
trapalhões, substitutos no partido, tentam e retentam. Chegam até a convencê-lo
a voltar à telinha, como nos velhos tempos, do então cercado de longos,
admiradores olhares do povão esperançoso, para o salvador da pátria de turno.
A falta de sensibilidade dos acólitos e
daqueles que desejam o retorno dos bons tempos faz que fiquem impacientes com a
aproximação das eleições. Dão a impressão de não assimilarem o incômodo
recorrente dos juízos imprevistos, a irrupção de revelações impiedosas e
daquilo que é pior do que tudo, vale dizer, o desgosto com a traição das
esperanças postas e repostas.
Os chefetes partidários ponderam, pedem,
suplicam para que ele volte ao povão amigo, que decerto irá entender desta
vez que tudo não passa de mal-entendido, de mexericos vãos, de calúnia, enfim, que
injustamente atingiram àquele que consideram como seu grande capitão.
O problema, no entanto, não está na
lábia do cumpanheiro, mas nos
malditos escândalos que repontam aqui, lá e acolá. Se o Petrolão ainda está aí, cadáver exposto e
por ninguém reclamado - que grande ironia designar para a chefia da maior
companhia nacional maravilhoso quadro, pessoa de indizível capacidade e
experiência, capaz de dominar assembléias inteiras de chefões, chefetes e chefinhos
da Petróleo Brasileiro SA. através do saber e da experiência, e, no entanto, por
imposições estúpidas de preços forçá-la
a medíocre travessia. A par disso - para
não falar de outras coisas - viera a determinação de cotações irreais para o
produto da companhia, e a criação de condições que inviabilizam qualquer
gestão. E sem falar do entorno, do por-fora
- que continuo a acreditar dele possa haver suspeitado, mas jamais confirmado -
que criara o anel mefítico que afunda
qualquer empresa... Não surpreende que, depois de tantas provações, dela não
mais se ouça falar.
Mas voltemos ao PT e à encruzilhada
aonde se meteu. O Povo não é bobo, e nem se esquece dos fementidos, de os que
prometem e, sem cumprirem, ainda fazem o que fizeram.
Quem há de surpreender-se dos
panelaços, dos buzinaços, das invectivas diante da desfaçatez daqueles que
teimam em pensar que afinal os bons tempos vão voltar... Bastaria trazer uma
vez mais para a sala de estar do Povo brasileiro as caras conhecidas, para que
tudo enfim se remedie, e que agora se cumpra o velho bordão de que se deixe a
um canto o passado com suas agruras, e
pensemos no presente, quem sabe no futuro?...
Será que essa gente é tão estúpida
assim, que será capaz de imaginar que se pode aprontar o que aprontaram, e, num
passe de mágica, transcorridos uns poucos aninhos, tudo fique outra vez azul
com estrelinhas douradas, aquelas mesmas estrelinhas dos campos vermelhos da jovem
esperança, justa e jacobina, dos anos que não voltam mais?
( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Site do Globo )
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