quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Lula, PT e panelaços


                           

        Programa do PT, ou aparece anônimo na telinha, falando de coisas etéreas e inaferráveis, lugares comuns dessa propaganda abusiva, abusada e paga com o dinheiro do público, invadindo com partidecos, partidinhos e os partidões da vez, o nosso e o teu espaço de lazer, chegando agora, na empáfia e na arrogância de quem se crê acima de tudo e de quase todos, a invadir a hora das notícias, quando não a das novelas.

        Pois ontem, pensando talvez nos velhos tempos e xuliando pelo esquecimento de todos, não é que o PT volta a tentar insinuar-se em nossas salas, com programa  que reapresenta o  velho capitão, o da voz rouca, que tão bem soubera insinuar-se, como novo cavaleiro da esperança, nos idos de 2002, para depois nos empurrar a herança maldita de candidata despreparada para quase tudo como verificaríamos. Por ela, Lula preteriu a toda suposta elite do PT. Levava então a missão de esquentar o lugar do velho capitão.

        Como tudo em política, as coisas não sairiam conforme o previsto pelo comandante, que chegou até em 2014 a levar um chega pr'a lá da herdeira, que pensou fosse oportuno  o próprio repeteco. E a velha inércia de chefe em funções aí também prevaleceria. Depois, veio a enxurrada dos escândalos, com o Petrolão à frente, que a ridícula compra de Pasadena, a enferrujadinha, meio que anunciara para a gente do ramo. Mas tanta roubalheira e tais cavernosos déficits ainda assim superavam quaisquer expectativas.  E mal entrada nas novas e velhas funções, caíu o teto das pesquisas, e ei-la com solitário dígito de opinião favorável.

         Mas caberia ao velho capitão, aquele do boné, recolher o grosso da raiva do povão, que é aquele mau humor entranhado que se vota a quem enganou esperanças e desfez ilusões de seus partidários.

         Depois da propaganda encabulada a que me referi em blog recente, propaganda que se ruboriza (sem trocadilho) com o nome do PT, que virou marca maldita, que desvela abusos e logros, p'ra não falar do ataque à empresa maior do Brasil, de quem patriotas de boa cepa compravam as ações, na esperança de ali encontrarem porto seguro para as respectivas economias.

         Não estava assistindo a mais esse programa do PT, quando me acordaram os panelaços, os buzinaços e as vaias, para dar-me conta, uma vez mais, de que o Povo agora se sente afrontado pela cara-de-pau dos apresentadores, pelas ocas desculpas (quando se dispõem a tal, sempre com meias palavras) e, por fim, como hoje virou pára-raios da cólera do eleitor ludibriado, não é que aparece o personagem que não lhes sai da lembrança, dos cabeçalhos dos jornais, e das notícias televisivas, que falam de sítios dotados de antenas  especialmente construídas para o celular do grande chefe, e quando não, do famoso tríplex do Guarujá?

         É o chefe e madame de que cuidam as conhecidas empreiteiras. Os trapalhões, substitutos no partido, tentam e retentam. Chegam até a convencê-lo a voltar à telinha, como nos velhos tempos, do então cercado de longos, admiradores olhares do povão esperançoso, para o salvador da pátria de turno.

        A falta de sensibilidade dos acólitos e daqueles que desejam o retorno dos bons tempos faz que fiquem impacientes com a aproximação das eleições. Dão a impressão de não assimilarem o incômodo recorrente dos juízos imprevistos, a irrupção de revelações impiedosas e daquilo que é pior do que tudo, vale dizer, o desgosto com a traição das esperanças postas e repostas.

         Os chefetes partidários ponderam, pedem, suplicam para que ele volte ao  povão amigo, que decerto irá entender desta vez que tudo não passa de mal-entendido, de mexericos vãos, de calúnia, enfim, que injustamente atingiram àquele que consideram como seu grande capitão.

         O problema, no entanto, não está na lábia do cumpanheiro, mas nos malditos escândalos que repontam aqui, lá e acolá.  Se o Petrolão ainda está aí, cadáver exposto e por ninguém reclamado - que grande ironia designar para a chefia da maior companhia nacional maravilhoso quadro, pessoa de indizível capacidade e experiência, capaz de dominar assembléias inteiras de chefões, chefetes e chefinhos da Petróleo Brasileiro SA. através do saber e da experiência, e, no entanto, por  imposições estúpidas de preços forçá-la a medíocre travessia.  A par disso - para não falar de outras coisas - viera a determinação de cotações irreais para o produto da companhia, e a criação de condições que inviabilizam qualquer gestão. E sem falar do entorno, do por-fora - que continuo a acreditar dele possa haver suspeitado, mas jamais confirmado -  que criara o anel mefítico que afunda qualquer empresa... Não surpreende que, depois de tantas provações, dela não mais se ouça falar.

          Mas voltemos ao PT e à encruzilhada aonde se meteu. O Povo não é bobo, e nem se esquece dos fementidos, de os que prometem e, sem cumprirem, ainda fazem o que fizeram.

          Quem há de surpreender-se dos panelaços, dos buzinaços, das invectivas diante da desfaçatez daqueles que teimam em pensar que afinal os  bons tempos vão voltar... Bastaria trazer uma vez mais para a sala de estar do Povo brasileiro as caras conhecidas, para que tudo enfim se remedie, e que agora se cumpra o velho bordão de que se deixe a um canto o  passado com suas agruras, e pensemos no presente, quem sabe no futuro?...

          Será que essa gente é tão estúpida assim, que será capaz de imaginar que se pode aprontar o que aprontaram, e, num passe de mágica, transcorridos uns poucos aninhos, tudo fique outra vez azul com estrelinhas douradas, aquelas mesmas estrelinhas dos campos vermelhos da jovem esperança, justa e jacobina, dos anos que não voltam mais?

 

( Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo, Site do Globo )

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