Afinal, pensou João, o que é o
carnaval?
Pergunta
difícil, lembrou-se Johanna, que lhe trouxera uma só memória, que com ela até
hoje convivia...
Qual é o
significado dessa efêmera loucura, se acaso tem algum? gritou Jean, em meio a
toda aquela gente, que, como possuídos, pulavam e berravam...
O Brasil é o
país do carnaval, minha gente! Vejam só como pulam por essas ruas, atrás do
trio elétrico... Antes, era festa mais bem comportada... Hoje, tudo mudou...
I dont believe you! disse Jack. See
all these people? They want more than just fun!
Será mesmo
que eles só querem divertir-se? perguntou Luísa, que era o par de Jack.
Claro que
sim!, exclamou Tonho. Mas não se esqueçam que há várias maneiras de
divertir-se...
Vocês já
viram o carnevale di Venezia ? berrou Piero.
Lá tem
carnaval ?, debochou Graça.
Venezia é a
terra do carnaval! replicou mais alto o italiano.
Mais parece
velório... Só máscaras tristes desfilando em silêncio pelas vielas da cidade...
Carnaval é
farra, é transgressão, é fazer o que não se faz todo dia...
Olharam a
volta, até que deram com alguém que parecia vir de outros tempos, embora ali
estivesse, junto deles.
Dá um
exemplo, ô coroa!
Há muitos
exemplos...
Fala, cara!
Carnaval já
foi entrudo!
O que é isso
?
No entrudo
se jogavam bexigas cheias d'àgua, mal-cheirosa ou bem-cheirosa, dependia da
companhia!
Isso é
coisa antiga, do Ariri...
Nem
tanto... Em San Francisco de Quito, por exemplo, a diversão é enxarcar os outros...
Nem vale a pena sair de carro, porque trazem papel molhado de jornal e colam no
vidraça do carro... Então não se vê nada
e o infeliz tem de sair e aí é que leva o banho...
Que coisa
mais besta!
Mas entrudo é a mesma coisa...
Mardi
gras em New Orleans é festa mais comporrtado, gritou John.
O
carnaval é tudo isso, e mais alguma coisa... disse Pedro.
Qual és el
mejor carnaval de Brasil? gritou Juan.
Tu tá loco, oh gringo !?
O que
hablé de mal?
Nada e
tudo... Em cada canto, em cada cidade se organiza o melhor carnaval, aquele que
não tem igual. Sem contar o outro, que a gente guarda na memória, e não conta
pra ninguém.
Mas eles
falar tanto de carnaval. Eu não ver aqui coisa que se compare...
Olha
Jane, eu não sou Tarzan, mas como cada um guardo na memória o meu carnaval, que
pode ser um, como pode ser muitos... Hoje o carnaval cresceu e se espichou...
Como fenômeno de massa, perde muito na originalidade do passado - das
marchinhas daquele carnaval que todos sabiam de cor - mas, dizem, ganha em
espontaneidade, em carne, em sexo... Como experiência ganha em imediatismo, mas
dizem que perde muito...
O que
ser o carnaval ? perguntou Dorothy.
Deixa pra lá, my dear... Daqui a
pouco, eu te explico tudo...
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