Se pedissem para resumir os resultados do primeiro
teste eleitoral para a eleição presidencial americana de novembro próximo, caberia
dizer: uma surpresa (derrota de
Trump) e uma confirmação (resultado
apertado entre Hillary e Bernie Sanders).
Iowa
é um pequeno estado americano cujo principal título no pleito presidencial será
o de apontar os primeiros resultados.
Terá sido muito importante para Barack Obama em 2008 por sinalizar que
o antes azarão deveria ser considerado com respeito. Com efeito, a vitória
sobre Hillary Clinton do jovem Senador por Illinois daria o empurrão
necessário para que Obama ganhasse ímpeto - o que os americanos chamam 'momentum' (força inercial) - e uma vez
transformado em mensageiro da mudança (change),
essencialmente a campanha pelas primárias já estaria quase decidida e, de certo
modo, a própria eleição já era, com a vitória sobre o candidato
republicano John McCain, uma
inevitável conclusão.
Oito anos depois, mais envelhecida,
mas também mais calejada, Hillary Clinton se depara com outra 'surpresa', o
veterano senador também democrata, mas com viés socialista, Bernie
Sanders, no mesmo estado
interiorano de Iowa, cujos 'caucus'
(convenções partidárias) sóem dar o início da campanha pelas primárias, i.e., a luta pela nomination, que será decidida pela Convenção partidária, ao cabo de
longo percurso através de muitos estados.
O noticiário vindo de Iowa transmite
surpresa republicana - a derrota de
Trump por Ted Cruz, - e um 'empate'
entre Hillary e Sanders.
A vantagem por Cruz se deveria ao
aporte dos cristãos evangélicos e, se a diferença para Donald Trump não foi
grande, não se negará a sua importância simbólica, ao cortar a série de
primazias do 'candidato do verão' (como os seus adversários descreveram
inicialmente o milionário, que consideravam fenômeno passageiro).
Embora New Hampshire (a próxima primária
importante), pelo aporte relativamente diminuto, tampouco constitua indicativo
seguro para o restante do processo eleitoral, não deixará de ter interesse para
a evolução das campanhas dos dois partidos, embora pese relativamente menos
para o Partido Democrata (dada a circunstância do apoio da Nova Inglaterra a
Sanders), será importante, no entanto, que a vantagem deste último não seja
demasiado grande para prejudicar a pré-candidatura de Hillary.
Quanto aos efeitos da vitória do
Senador Cruz sobre Trump, só o futuro dirá se terão maior peso na continuação
da disputa. Em outras palavras, resta determinar se Iowa terá significado para
retirar do fenômeno Donald Trump a sua mística de vitorioso até o presente.
No que concerne aos efeitos dos 'caucus' sobre Hillary, é importante ter
presente que, apesar de não revelados, a circunstância de que o noticiário se
refira a uma pequena diferença entre Hillary e Bernie, esse enfoque
jornalísticamente só faz sentido se Hillary teve pequena vantagem. No caso
contrário, Bernie Sanders, como o 'underdog'
(o candidato inferiorizado até então em relação à sua adversária) teve um bom
resultado, descontando bastante a diferença em relação à dianteira (Hillary),
mas não de modo a ultrapassá-la.
( Fonte: The New York Times )
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