quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O Espelho da Política


                             
      Em tempos de crise, muitas imagens passam pelo espelho da política. Os com tarimba no ramo, recomendam cautela. Muitas sombras e aparências são vazias. Não há corpos nem realidades por trás delas. Por isso, recomenda-se cautela. Assim, certas declarações, ditas com grande ênfase são envolvidas e encobertas pelo silêncio. Sequer têm eco. E mesmo no deserto, o grito solitário poderá suceder-se em monótonas repetições. Em vão.

     Em tempos de crise, o desencontro é a regra. À confusão e ao burburinho, se sucedem diversos acenos, e muitos movimentos, alguns para valer, outros não.

     É difícil prognosticar quem vai vencer. Muita vez a observação atenta, minuciosa pode trazer poucas luzes.

     Para ganhar, é preciso ter razão? Se, para não perder, se carece ter confiança, o que é necessário para vencer?

     Nos dias que correm, é mister ter amigos, muitos amigos. Se eles não garantem o triunfo, a sua presença pode assegurar mais tempo, tempo para pensar, tempo para reorganizar-se, tempo para, enfim, atacar.

     Mas se o cenário se alarga, e aos olhares em torno, vês a gente inimiga crescer, e os companheiros minguarem.

     Se a luta vai mudando, e não para melhor,

     Se o gesto do povo a tua volta se vai ensombrecendo, e aos sorrisos de antes, só entrevês esgares ou - o que é talvez pior - a pétrea expressão da raiva a um tempo profunda e escarninha,

    Joga fora qualquer ilusão a que porventura ainda te apegues,

    Esquece o passado por que ele não mais te pertence

    Entrega-te às forças do presente

    e repudia sem sequer uma lágrima nos olhos o futuro, porque ele também não mais te pertence.

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