quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Dilma ou o descalabro petista


                               

         Não ter o grau de investimento nas três principais agências classificadoras de risco, não é um detalhe do bizantinismo contábil. Significa que as finanças do Brasil desandaram. Há várias consequências de termos sido enxotados do mercado de qualidade nas finanças internacionais.

         Ao perder o grau de investimento, o Brasil não é apenas rebaixado. A ineptitude nas contas públicas - que é a marcante característica do governo de Dilma Rousseff - não se coadunava com a exação fiscal que tentara trazer para a nossa fazenda o Ministro Joaquim Levy. Por propugnar mecanismos ortodoxos - e, como amargamente aprendemos no inferno astral da longa inflação, não há outra saída para escorraçar o dragão de que as contas fiscais em regra. Contudo, na heterodoxia fiscal os supostos milagres duram pouco e sóem acabam pior do que começaram - Levy foi gentilmente escorraçado pela Rousseff, esse singular personagem que nos fez descer goela abaixo Lula da Silva. Quanto às intenções do próprio nessa sua estranha 'jogada política' já ficaram demasiado evidentes para que percamos tempo em esquadrinhá-las ainda mais.

         Ambos se merecem - como verificamos uma vez mais no panelaço desta semana - e o Povão, a quem se pode embair por um tempo, mas não para sempre, já está farto desta interminável conversa p'ra boi dormir.

         Se o Império nos garantira diplomacia responsável, respeitadora dos deveres de casa, e da defesa de nossas largas fronteiras através do estudo dos maços e da política externa de estado - o que assegurou a país continental como o nosso a preservação dos limites nacionais. Rio Branco é o legatário da diplomacia dos dois Reinados, e da diferença que faz o estudo dos maços e tratados, que conduziu à glória do Barão nas vitórias nos juízos arbitrais sobre os contenciosos de limites com a Argentina e a França.

          Não surpreende, por conseguinte, que a diplomacia do Itamaraty haja sido maltratada pelo governo petista de Dilma Rousseff. Estamos em boa companhia porque não foi apenas a respectiva diplomacia que se descobriu rebaixada e relegada aos baixios nas verbas e na cessão a pessoal de fora do Ministério das Relações Exteriores da competência na política latino-americana. Os governos sindicais do PT ousaram ir aonde o regime militar não se tinha atrevido a pisar. E se com Lula da Silva tais entradas são garranchos inseridos na escrita diplomática, com a sucessora Dilma, ela se transforma em simulacro de diplomacia, com o que a política externa se vê por fim trazida para o vasto areal do lulo-chavismo.

         O Brasil hoje se afunda sempre mais no atoleiro fiscal, que é o legado-mor de Dilma Rousseff. A agonia desse governo - que vencera nos últimos comícios com deslavado estelionato eleitoral, e que por conseguinte de  pronto perdera a legitimidade - por quanto tempo nos caberá aguentar ?

          De nada valeu convencê-la a engajar um técnico sério para atender às finanças. Nem um ano Joaquim  Levy durou, pois seria fatalmente expelido por organismo que só convive com escritas funambulescas, tipo Arno Augustin, e as fumaças das pedaladas.

          A 'economista' Dilma não tardou em re-mostrar ao que vinha, ao chamar com alarde Nelson Barbosa - que até aquela hora pensara estar em administração séria - para humilhá-lo com a lição barata de como se deve calcular o salário mínimo, faça sol ou chuva. Talvez ainda sem se dar conta,  a Rousseff acionou então o complicado mecanismo que expeliria o corpo estranho Levy.

           As ilusões, quando não vincadas na realidade, se evaporam mais rápido do que o orvalho nas mádidas folhagens da manhã.

           A obra da 'doutora' Dilma Rousseff - que só poderia ter colado grau na universidade das ruas de Máximo Gorki - não se poderia salvar com a inserção de um corpo estranho, formado pela escola de Chicago, que era o Dr. Joaquim Levy. A incompatibilidade de gênios - e também de cérebros - iria dar no que deu. Primo, o projeto de orçamento transmitido ao Congresso com um senhor déficit, só poderia causar o que o pobre Ministro avisara: o rebaixamento por agência de avaliação de risco.

            Agora esse governo desfuncional - que já teria caído faz muito se o Brasil vivesse sob o parlamentarismo que, por efêmero tempo, lhe desejaram os constituintes de 1988 - persiste em arrastar-se, enquanto a petição de impeachment dorme nas gavetas da Câmara e se sucedem as jogadas de administração mendaz,   inepta e ineficaz.

            O que mais se espera para mostrar, com todas as deferências, a porta da rua para esse governo trapalhão (que até precatórios pensa poder impingir como haveres da União?). Corrupção, déficit nas contas, inflação de dois dígitos, recessão, milhões de desempregados. O que perdemos, na verdade, com o petismo de Lula e Dilma, e toda essa enxurrada de índices negativos, terá sido mais do que a esperança, mas sim a vergonha?  

( Fontes: Álvaro Lins, "Rio Branco"; O Globo, coluna de Miriam Leitão )

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