Não ter o grau de investimento nas três principais
agências classificadoras de risco, não é um detalhe do bizantinismo contábil.
Significa que as finanças do Brasil desandaram. Há várias consequências de
termos sido enxotados do mercado de qualidade nas finanças internacionais.
Ao perder o grau de investimento, o
Brasil não é apenas rebaixado. A ineptitude nas contas públicas - que é a
marcante característica do governo de Dilma Rousseff - não se coadunava com a
exação fiscal que tentara trazer para a nossa fazenda o Ministro Joaquim Levy.
Por propugnar mecanismos ortodoxos - e, como amargamente aprendemos no inferno astral
da longa inflação, não há outra saída para escorraçar o dragão de que as contas
fiscais em regra. Contudo, na heterodoxia fiscal os supostos milagres duram
pouco e sóem acabam pior do que começaram - Levy foi gentilmente escorraçado
pela Rousseff, esse singular personagem que nos fez descer goela abaixo Lula da
Silva. Quanto às intenções do próprio nessa sua estranha 'jogada política' já
ficaram demasiado evidentes para que percamos tempo em esquadrinhá-las ainda
mais.
Ambos se merecem - como verificamos
uma vez mais no panelaço desta semana - e o Povão, a quem se pode embair por um
tempo, mas não para sempre, já está farto desta interminável conversa p'ra boi
dormir.
Se o Império nos garantira diplomacia
responsável, respeitadora dos deveres de casa, e da defesa de nossas largas
fronteiras através do estudo dos maços e da política externa de estado - o que
assegurou a país continental como o nosso a preservação dos limites nacionais.
Rio Branco é o legatário da diplomacia dos dois Reinados, e da diferença que
faz o estudo dos maços e tratados, que conduziu à glória do Barão nas vitórias
nos juízos arbitrais sobre os contenciosos de limites com a Argentina e a
França.
Não surpreende, por conseguinte, que
a diplomacia do Itamaraty haja sido maltratada pelo governo petista de Dilma
Rousseff. Estamos em boa companhia porque não foi apenas a respectiva
diplomacia que se descobriu rebaixada e relegada aos baixios nas verbas e na
cessão a pessoal de fora do Ministério das Relações Exteriores da competência
na política latino-americana. Os governos sindicais do PT ousaram ir aonde o
regime militar não se tinha atrevido a pisar. E se com Lula da Silva tais entradas
são garranchos inseridos na escrita diplomática, com a sucessora Dilma, ela se
transforma em simulacro de diplomacia, com o que a política externa se vê por
fim trazida para o vasto areal do lulo-chavismo.
O Brasil hoje se afunda sempre mais no
atoleiro fiscal, que é o legado-mor de Dilma Rousseff. A agonia desse governo -
que vencera nos últimos comícios com deslavado estelionato eleitoral, e que por
conseguinte de pronto perdera a
legitimidade - por quanto tempo nos caberá aguentar ?
De nada valeu convencê-la a engajar
um técnico sério para atender às finanças. Nem um ano Joaquim Levy durou, pois seria fatalmente expelido
por organismo que só convive com escritas funambulescas, tipo Arno Augustin, e
as fumaças das pedaladas.
A 'economista' Dilma não tardou em
re-mostrar ao que vinha, ao chamar com alarde Nelson Barbosa - que até aquela
hora pensara estar em administração séria - para humilhá-lo com a lição barata
de como se deve calcular o salário mínimo, faça sol ou chuva. Talvez ainda sem
se dar conta, a Rousseff acionou então o
complicado mecanismo que expeliria o corpo estranho Levy.
As ilusões, quando não vincadas na
realidade, se evaporam mais rápido do que o orvalho nas mádidas folhagens da
manhã.
A obra da 'doutora' Dilma Rousseff -
que só poderia ter colado grau na universidade
das ruas de Máximo Gorki - não se poderia salvar com a inserção de um corpo
estranho, formado pela escola de Chicago, que era o Dr. Joaquim Levy. A
incompatibilidade de gênios - e também de cérebros - iria dar no que deu. Primo, o projeto de orçamento
transmitido ao Congresso com um senhor déficit, só poderia causar o que o pobre
Ministro avisara: o rebaixamento por agência de avaliação de risco.
Agora esse governo desfuncional -
que já teria caído faz muito se o Brasil vivesse sob o parlamentarismo que, por
efêmero tempo, lhe desejaram os constituintes de 1988 - persiste em
arrastar-se, enquanto a petição de impeachment
dorme nas gavetas da Câmara e se sucedem as jogadas de administração mendaz,
inepta e ineficaz.
O que mais se espera para mostrar,
com todas as deferências, a porta da rua para esse governo trapalhão (que até
precatórios pensa poder impingir como haveres da União?). Corrupção, déficit
nas contas, inflação de dois dígitos, recessão, milhões de desempregados. O que
perdemos, na verdade, com o petismo de Lula e Dilma, e toda essa enxurrada de
índices negativos, terá sido mais do que a esperança, mas sim a vergonha?
( Fontes: Álvaro Lins, "Rio Branco"; O Globo,
coluna de Miriam Leitão )
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