À medida que se aproximam as primárias de
princípios de março, os principais líderes do GOP intensificam os seus contatos e reuniões, na tentativa de deter
o front-runner[1] Donald Trump a
qualquer preço.
A dezenove de fevereiro, em reunião de
governadores republicanos em Washington, o conhecido consultor conservador Karl
Rove os advertiu que, se a dinâmica de Trump não fosse quebrada, e ele colhesse a nomination na Convenção, ela seria catastrófica para o partido nas
eleições gerais de novembro.
Sem embargo, ainda segundo Rove, não era
tarde demais, para que os governadores lograssem barrar o avanço de Trump.
No dia seguinte, LePage do Maine, em outra reunião de governadores, fez apelo pela
união contra Donald Trump. Frustrado,
disse que a nomination de Trump iria
ferir profundamente o GOP. Nesse sentido, LePage fez outro apelo aos demais
governadores para que, em carta aberta
ao Povo americano, descredenciassem Mr Trump e as suas políticas divisórias.
Não obstante a retórica e a veemência
dos apelos, eles não foram ouvidos. E o que aconteceu com o candidato
Trump? Não é que ficou mais forte ainda?
Venceu em dois estados e, ainda por cima, ganhou o apoio de Chris Christie, governador de New Jersey.
Posto que Christie tenha tido no
passado muito mais cacife - contribuíu para enfraquecê-lo um escândalo acerca
das rodovias em New Jersey, em que chegou a fechar uma delas por motivos políticos
- ele ainda é um expoente no Partido Republicano, e o seu apoio não irá
enfraquecer o candidato Donald Trump...
Outrossim, conforme refere o New York Times, uma onda de nervosismo
ataca os big-shots (chefões) do GOP. Tudo se deve ao temor que a
candidatura Trump, uma vez arrebatada a nomination,
seria presa fácil para o candidato democrata. Esse temor tem gerado verdadeira
histeira entre os caciques republicanos, porque eles estão apavorados com a
perspectiva de landslide (avalanche)
democrata.
De acordo com esse cenário, o Partido Democrata elegeria não só
Presidente, mas também Senado e várias Governanças estaduais. Quanto à Câmara
que, como se sabe, graças ao amplo [2]gerrymander que se sucedeu à tunda (shellacking) aplicada no
inexperiente Obama em 2010 (eleição intermediária) parece ser um bastião quase
impregnável pelos democratas. Nesse sentido, os republicanos apenas ousam
prognosticar que a maioria deles na Câmara de Representantes será bem menor...
En passant, esta referência à situação pelo menos bizarra na Câmara de Representantes, parece muito boa
para o GOP, eis que lhe garante, de
forma aparentemente contrária às determinações legais, o domínio da Câmara
Baixa. E é através desse domínio que se estabeleceu o bloqueio legislativo na
Presidência Obama. Só no primeiro biênio foi possível ao Presidente aprovar
leis importantes, como a Reforma da Saude e a reforma de Wall-Street, além do
instrumento legal dispondo sobre os recursos necessários para vencer os efeitos
da Grande Recessão, provocada pela
falência do Banco Lehman Brothers em
2008.
Diante dessa situação de
derrocada eleitoral - em que existe muito de histeria, eis que não está ainda
provado que Donald Trump não poderia vencer o candidato democrata, seja ele
Bernie Sanders ou Hillary Clinton - a hierarquia republicana já pensa em outros
recursos, como forçar o impasse (deadlock)
na Convenção, e assim prevalecer a última hora por meio de candidato com as
bênçãos do estamento republicano.
O terror na alta hierarquia republicana
é bem expresso pelo Senador Mitch McConnell.
Será que a sua liderança da maioria no Senado desapareceria com o
fenômeno Trump e a consequente vitória dos democratas tambem no Senado (cuja
maioria os colegas de Harry Reid, que era o lider democrata da maioria até o
começo do ano passado, poderiam então recuperar e desbancar o pobre Mitch ?!)
E é por isso que os chineses
chamam de interessantes os tempos de
revoltas e sublevações (ou no caso, a temida derrocada do GOP...)
Apesar de todos os esforços da
alta hierarquia republicana, Donald Trump prossegue no seu avanço. E se, para
surpresa de muitos, ele conquistar a nomination
e sobretudo a vitória em novembro, eles estarão prontos a dar-lhe todo o
apoio...
( Fonte: The New York Times )
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