Não é só o bilhete azul dado ao Ministro José Eduardo
Cardozo que sinaliza a mudança para
pior no Ministério da Justiça.
É, sobretudo, o motivo de sua
exoneração que é grave, pois sinaliza a intenção de mudar a política
introduzida pelo falecido Ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos, que
convencera o Presidente Lula a conceder autonomia à Política Federal.
Que a essa altura do campeonato a
Administração de Dilma Rousseff pense possível introduzir tal retrocesso na
orientação do Ministério da Justiça, mostra a sua falta de sensibilidade
política.
Qual morto vivo, o PT se move no
governo de Dilma como se a sua bancada lhe refletisse o peso político. Depois das
mentiras que azeitaram a sua reeleição, a Presidenta já paga um pesado preço
pelo seu presente valor - cerca de 12%
de apoio da população - que muito diferem dos totais superiores a 50% que a
empurraram para o segundo mandato.
Alguém terá dúvidas sobre o
redimensionamento do Partido dos Trabalhadores? O que foi feito com a
Petrobrás, transformada pela pilhagem que sofreu, não mais o próprio sonho do
Presidente Getúlio Vargas e dos brasileiros que se orgulharam de sua potência e
do significado da promessa de maior empresa nacional para o desenvolvimento do
Brasil. Ao sangrar a Petróleo Brasileiro
da forma com o que o fez, o comando
petista, no mais alto nível, mostrou até que ponto abismal iam a sua
indiferença, total falta de respeito e de
sentido patriótico por talvez o maior símbolo do trabalho e da grandeza do Brasil.
Quando os comissários do PT foram distribuídos como virtuais donatários da
distribuição de seus imensos recursos, que não haviam trepidado em assaltar e dividir em lotes, eles
mostraram com descarado cinismo qual era a sua visão da Petrobrás: eles a
transformaram em carniça em que a avidez demonstrada não encontrou parâmetros
nos tantos episódios da imperante corrupção na Terra da Santa Cruz.
Que não se enganem os que engendraram
a manobra de retirar o Ministro José Eduardo Cardozo do principal ministério
político do governo. Com isso, eles apequenaram ainda mais a atribulada segunda
Administração Dilma Rousseff. Diz o velho dito que fantasma sabe para quem
aparece.
Mal saído o Ministro Cardozo de a que
foi a mais prestigiosa pasta do governo,
que não se façam ilusões com a facilidade que a caracterizou. A
autonomia da Polícia Federal não lhes pertence. O resgate moral e ético do Brasil
se vê refletido no trabalho consciencioso da Operação Lava-Jato.
O Povo brasileiro, esse velho Povo
Soberano, que está presente na Constituição Cidadã de Ulysses Guimarães, vê com
satisfação o avanço da magna Operação, e todos os vultos de história de que por
fim nos é lícito orgulhar-nos, nas pessoas do Juiz Sergio Fernando Moro,
da 13ª Vara Federal de Curitiba e dos Procuradores do Ministério Público no seu
trabalho pela Justiça.
Mas a Operação Lava-Jato, além do Ministério Público dignamente representado
pelo Procurador-Geral, Rodrigo Janot carece igualmente da Polícia
Federal, cujo trabalho realiza com exação na investigação e na respectiva
implementação de todas as suas ações, vem fornecendo as necessárias condições
para que sejam detidos, interrogados e por fim julgados todos aqueles que
participaram da torpe operação de saqueio da Petróleo Brasileiro S.A. E como os últimos tempos têm mostrado a
vigilância da Polícia Federal e de todos os elementos da Lava-Jato, quanto à
sua capacidade de adentrar os torpes corredores da corrupção, em qualquer forma
venha a apresentar-se.
Vamos respeitar a brilhante passagem
do Ministro
Márcio Thomaz Bastos pelo Ministério da Justiça. A
Nação acompanha atenta o trabalho de todos por um Brasil de que tenhamos
orgulho, e muito especialmente, de toda a dedicação e firmeza de quem tem dado
prova todos aqueles que integram a Lava-Jato, desde o Ministro Teori Zavascki, no
Supremo, o Juiz Sérgio Moro na 3a. Vara Penal de Curitiba, assim como o
Chefe do Ministério Público, Mozar Janot,
todos os Procuradores nela empenhados, e não por último, assinalados pela
seriedade, competência e determinação, o Chefe e integrantes da Polícia Federal,
que constiituem os garantes de que os
criminosos e suspeitos de ações abrangidas pela sua missão sejam detidos, para
que, com os bênçãos e o orgulho do Povo Soberano, deixemos de ser o país do
jeitinho e da impunidade. A obra começada pelo Presidente Joaquim Barbosa, culminada com a Ação Penal 470, por ele sabiamente
conduzida e com o apoio da maioria do Supremo Tribunal Federal, continua agora
com a Lava-Jato e outras operações
congêneres que levantam mais alto o brio de nossa gente.
Não se trata de Política com p minúsculo e que não se arvorem aqueles
em pensar que, com afastamentos que se querem pontuais, hão de lograr os seus
inconfessos objetivos.
Não se lancem em desabalada
corrida, porque a sina dos lêmures é demasiado conhecida.
( Fonte: site de O Globo )