quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Por que os Democratas não reagiram?

                              
         É uma pergunta muita válida que se fazem jornalistas do New York Times.
         Espanta a apatia do partido Democrata quando a sua candidata obtém maioria popular de três milhões de sufrágios sobre o seu adversário.
         Surpreende igualmente que os democratas não se tenham empenhado nas recontagens de votos, que deixaram por conta da candidata Jill Stein, de um partido menor.
          Além disso, na Pennsylvania, a falta de empenho do Partido ensejou que um juiz lhes negasse a licença, pelo seu desinteresse, demonstrado pelo respectivo atraso em apresentar o documento judicial.
          Nesse contexto, os jornalistas lembram do empenho republicano quando do atraso na votação da Flórida. Não lhes faltou determinação para lograr que fosse encerrada a apuração naquele estado. Conquanto proceda que o Partido Republicano tende a ser mais pugnaz do que os Democratas, não é um bom exemplo a 'vitória' arrancada da Suprema Corte pelo GOP.
          Espanta, no entanto, que os democratas não se tenham empenhado em defender a candidatura de Hillary Clinton, ainda mais diante dos propósitos do candidato adversário, cujo governo, se efetivado, promete ser um rosário de crises, motivadas tanto pelo baixo nível de suas indicações, quanto pelo potencial negativo de outras, como a do candidato a chefe do Departamento de Estado, cujas estreitas relações com o autócrata Vladimir Putin levantam não pequenos problemas na execução da política externa estadunidense.
            Comovente a amizade de Tillerson e Putin, ainda que muito contribua o interesse do diretor da Exxon em manter boas relações com o líder do grande produtor de petróleo que é a Rússia.
            O silêncio tem sido a resposta do estamento democrata. Diante das negras perspectivas apresentadas por Donald Trump - seja nos 'valores' republicanos que chamou para o seu secretariado - vide Rick Perry, o político texano que foi redescobrir (na década passada ele fora pré-candidato a presidente, quando prometeu acabar com o departamento da Energia, que vai agora chefiar) e, sobretudo, fora do campo das mediocridades, desafia o establishment com a dúbia escolha do empresário Rex Tillerson para o Departamento de Estado, em que o risco político é grande, a ponto de provocar já núcleos de reação dentro do próprio GOP para contestar a escolha politicamente arriscada  de Tillerson, CEO da Exxon-Mobil, e amigão do Presidente russo. 
               O futuro dirá - ou quem sabe? as memórias dos partícipes - porque o Partido Democrata não fez nenhuma movimentação política para  valorizar o papel de Hillary, diante da pesada derrota de Trump no voto popular, ou para promover recontagens de votos nos estados de Pennsylvania, Michigan  e  Wisconsin. Essa apatia, diante das atitudes de Trump e da extrema debilidade tanto política, quanto mental de muitas das indicações do republicano, causou acerbas críticas em artigo desse grande jornal estadunidense.
                  Por isso, o Times ataca os democratas pela sua alegada falta de unidade e de capacidade de reagir, no que muito se  diferenciam dos políticos republicanos. Pareceu-me, no entanto, infeliz o exemplo escolhido  da reação do GOP que fizera sustar a contagem dos votos na Flórida e transformara, na prática, a eleição de George W. Bush numa sentença da Suprema Corte...  Haja desenvoltura!


( Fonte: The New York Times )             

Nenhum comentário: