segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Colcha de Retalhos D 50

                                    

Dolar forte é mau sinal?

      A última revista Economist que está nas bancas e que é a porta-voz natural de o que pensa a City de Londres não traz boas notícias sobre o fortalecimento do dólar. A súbita pujança do greenback seria mau signo para a economia mundial.
        E o que se afigura mais contraditório é que a recente (e surpreendente) vitória de Donald Trump nas eleições americanas, fez com que nas últimas três semanas que se seguiram a tal infausta data, o dólar estadunidense registrasse uma de suas maiores alças perante moedas de países ricos.
        Subiu 40% acima dos próprios baixios de 2008. E o yuan, para consternação dos chineses, está no seu nível mais baixo para com o US$ desde 2008. A rúpia da Índia - que tem problema dela próprios - caíu ao nível mais baixo de todos os tempos diante dos greenbacks.
         No entanto, segundo a revista assinala, faz anos que o dólar se vem reforçando. Contribui para tanto também a especulação sobre o que fará o novel presidente americano. A maioria dos investidores aposta que neste mandato de Trump, o deficit orçamentário crescerá, seguido por altos juros. Tudo isso por causa  da redução de impostos e o dispêndio maior de Trump para reparar a infraestrutura estadunidense, que carece de urgentes reparações.
          Se o poderio dos Estados Unidos como potência comercial esteja em aparente declínio (o número  de países  para que os EUA é o maior mercado continua em baixa: esse total de nações caíu  de 44 em 1994 para 32, passadas duas décadas). Sem embargo, a supremacia do dólar como meio de troca e de entesouramento de valores continua imbatível.
           Dessarte, uma zona do dólar de facto, que abrange  os Estados Unidos e outros países cujas divisas oscilam de acordo com a greenback , compreende cerca de 60% da população mundial e também 60% do seu PNB.
           Quando o valor do dólar estadunidense sobe, também cresce o montante do custo de atender ao serviço das respectivas dívidas contraidas em greenbacks. É o caso dos países que tomam emprestado em US$ dólar. A consequência é que, em muitos países, as condições de crédito tendam a ficar mais apertadas e mais presas às contingências do dólar americano.
             A esse propósito, segundo sublinha o editorial do Economist,  não é surpresa que alguns dos maiores perdedores no que tange ao dólar estadunidense, se localizam em países como Brasil, Chile e Turquia, já sobrecarregados pelo ônus de dívidas em dolar estadunidense.  
             Há também perigos potenciais  para um dólar mais forte nos EUA. O déficit comercial tenderá a  crescer por causa desse dólar que diminui as exportações e que incrementa as importações. Para Trump, o déficit na balança é consequência de regras desfavoráveis às exportações americanas, e por isso tencionaria estabelecer pesadas tarifas nas exportações vindas da RPC e do México. Se o novel presidente seguir os seus instintos protecionistas, as consequências seriam desastrosas para todos.
              Segundo o Economist, se o US dollar continuar forte, poderia ser a pressão protecionista  contornada por ação coordenada internacional.  A revista lembra o que se fez em 1985, com o Acordo do Plaza (EUA, Japão, Reino Unido, França e Alemanha Ocidental), mas o editorial da revista o descarta, porque as condições não semelham favoráveis, eis nenhum deles estaria interessado em políticas monetárias mais severas.
                Diante de tal quadro, a visão da City se afigura pessimista. Os mercados de ação nos EUA parecem demasiado confiantes. Ao revés, a economia global está fraca e a força do dólar irá enfraquecê-la ainda mais. Será ?
     
 A Crise chinesa afeta o Nordeste

           Consoante a Folha assinala nesta segunda-feira, o Nordeste, como um todo, enfrenta uma crise mais aguda nos seus principais indicadores econômicos e financeiros do que restante do país.            
           Assim, a conjunção da renda inferior à média nacional, dependência muito marcada de verbas públicas de parte dos municípios, assim como falta de reajuste do Bolsa Família em 2015 - consequência por certo do declínio e queda do governo petista de Dilma Rousseff - levaram no ano passado  o desemprego na região a ficar em 14,1%, contra 11,8% no Brasil em geral.  Além disso, a economia nordestina encolheu cerca de 6% no acumulado em doze meses.
             A inflação nas principais capitais do Nordeste desacelerou menos  do que o observado em outras regiões do Brasil. Nesse sentido, Salvador, Recife e Fortaleza, com alta superior a 8% em doze meses, registram os piores índices neste momento.
              Essa carestia afetou, como seria de esperar, as vendas no comércio da região, e a retração  no mesmo período  foi superior a 10%.
              Como se tal não bastasse, a crise regional se vê agravada pela estiagem, que já dura por um quinqüênio e vem causando quebras de safras, reduzindo, por conseguinte, o poder de compra  no interior rural.
     

( Fontes: The Economist (December 3rd); Folha de S. Paulo )

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