quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

O Judiciário e os tropeços de Renan

                         

         Saído de uma, Renan que está em guerra contra Judiciário e Ministério Público, sofreu ontem a segunda derrota na tentativa de impor a própria pauta de votação. Ele foi punido pelo açodamento no avanço contra os velhos moinhos da magistratura.
         Renan, movido por ódio contra ações do M.P. e do Judiciário, terá tido a vista toldada, e por isso se viu forçado a recuar, quando pressionado pelos líderes dos principais partidos, e retirar da pauta de votações  o projeto de lei que pune o alegado abuso de autoridade.
          Terá esquecido que a vingança é um prato que se come frio, e por isso ei-lo, com o front desguarnecido, e as eventuais tropas de apoio escassas e obrigadas ao recuo.
           Pilhado sem maioria para constranger a votação ontem mesmo de sua proposta, bateu em retirada, forçado a concordar com acordo negociado pelo presidente do DEM, José Agripino (RN). Sem apoio, Renan nem chegou a colocar em votação requerimento pedindo que o projeto fosse retirado da pauta. Simplesmente, acolheu a proposta negociada.
            Como que despojado da própria  argúcia, Renan, entrevendo no tal projeto do abuso de autoridade possível arma na sua luta contra as peripécias jurídicas, debalde foi avisado de que seria derrotado por segunda vez  em duas semanas. Tampouco teve o necessário  equilibrio ao tentar fazer votar o projeto com as dez medidas contra a corrupção, com o texto por inteiro adulterado pela Câmara, e sofreu nova  derrota.
             Sem a necessária frieza, ele se viu de novo isolado, e teve de concordar com os líderes. Na sua campanha contra o alegado abuso de autoridade, chegou a mandar desengavetar projeto de 1999, do tempo de Fernando Henrique Cardoso, que tratava - vejam só! - da criminalização do vazamento de informações por parte de magistrados e integrantes do Ministério Público - que já em 1997 era conhecido como "Lei da Mordaça".
               Como os demais projetos que tratam da punição do abuso de autoridade, também esse foi parar na gaveta. A ação proposta para extirpar tais males terá sido vista como trazendo outros, quem sabe mais graves.


( Fontes:  O Globo, Miguel de Cervantes )

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