segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Hackers russos: avaliação da CIA

          

        O que, de início, surpreende é o viés da CIA (Agência Central de Inteligência): não foi apenas para criar o caos durante a campanha presidencial americana que os hackers russos intervieram. Segundo a avaliação da CIA, tal intromissão foi realizada com o escopo específico de fazer Donald Trump Presidente.
       Por quê o Presidente Barack Obama - a quem as avaliações da CIA são repassadas durante os briefings na Casa Branca - não julgou oportuno referir essa posição do principal órgão de inteligência americano? É pergunta difícil de responder, que talvez tenha algo a ver com a discrição do 44º presidente.
        Como tudo que diga respeito a tal tipo de informação - que é baseada em dados circunstanciais, o que para alguns não serve para embasar juízos mais sólidos - ela é sujeita a discussão. 
        Muitos acreditam que os russos procuraram ajudar Mr Trump - conforme as instruções recebidas do seu chefe supremo - e por isso faz muito sentido a análise feita pelas agências americanas. Sobravam motivos para tanto.
         Não surpreende tampouco que Mr Trump tenha buscado tirar credibilidade de tais avaliações, e para tanto se valeu do famoso erro da CIA de 2002, em que afirmara dispor Saddam Hussein das famosas armas de destruição em massa (WMD).
          O que atrapalha a versão do Presidente eleito é que existem discordâncias ... dentro de seu próprio partido, como a do Senador John McCain, que acusa os russos de interferência.
          Por sua vez, o Deputado Adam B. Schiff, da Califórnia, o democrata sênior no Comitê de Inteligência da Câmara, afirmou que está publicamente comprovada a ajuda para "o mais ostensivo candidato pró-Rússia na história."
         Como já referido anteriormente pelo blog, os hackers russos acessaram tanto documentos do Comitê Republicano, quanto do Democrata, mas ó mistério, preferiram só divulgar aqueles do Comitê Democrata...
              Há vários episódios no passado, que motivaram acusações do Governo russo - e de gospodin Putin, em especial - contra a Sra. Clinton. Assim, Putin acusou Hillary  de instigar os protestos em 2011, quando os demonstrantes escandiram "Putin é um ladrão" e "Rússia sem Putin".
              Também o Kremlin culpou a Sra. Clinton, e outras autoridades americanas, de encorajar revoltas anti-russas como a Revolução Rosa na Georgia (2003) e a Revolução Laranja, na Ucrânia (2004). O que não passara de campanhas pró-democracia, Putin via como intrusão na esfera de influência russa.
                Há também interpretações discrepantes quanto à visão dos serviços especializados estadunidenses.  Assim, para o F.B.I. os serviços russos  teriam uma combinação de objetivos: prejudicar a Sra. Clinton, e sabotar as instituições democráticas americanas. Se uma das metas seria a de instalar Mr Trump na Casa Branca não fica claro...
                 Por outro lado, ainda segundo tais fontes, as conclusões da CIA tenderiam a ser mais matizadas do que aquelas publicadas pela mídia.
                 O F.B.I. demonstra preocupação bastante com a influência russa na eleição - e possíveis conexões com a campanha de Trump - a ponto de ter brifado líderes no Congresso.  O então líder da minoria no Senado, Harry Reid[1] (Dem.-Nevada) pressionou o FBI para que investigasse mais, e chegou a acusá-lo de não divulgar informação importante que poderia envolver a Rússia.
                Mas as suspeitas do FBI diminuíram quanto a um esforço de Moscou para ajudar Trump. O tema não foi esclarecido pela direção do FBI.
                Agora, com uma briga dos dois partidos sobre qual o papel desempenhado pela Rússia para influenciar a eleição, é possível que haja apoio na Colina do Capitólio para montar uma investigação congressual...

(  Fonte: The New York Times )   



[1] que recentemente pronunciou o seu discurso de despedida, no Senado.

Nenhum comentário: