segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Ônibus: mais aumento na passagem!


                                    

           Sem cobertura na imprensa, o infeliz usuário do transporte coletivo no Rio de Janeiro topou nesta segunda-feira, com mais um aumento nas passagens. Concedido em silêncio pela administração Eduardo Paes, os concessionários deste péssimo serviço ao carioca impõem uma alta de quarenta centavos nos bilhetes para o transporte metropolitano.

          Rio de Janeiro, a dita Cidade Maravilhosa, tem maltratado singularmente os usuários desse transporte. Se o senhor Prefeito e sua claque deles se servissem - o que é a regra em muitos países - eles sentiriam mais de perto a  maneira brutal com que a indiferença por qualquer respeito a condições mínimas de  conforto é escrachada diante de passageiros sem escolha.

         A antiga Cidade Maravilhosa vem ficando mais quente a cada verão. Mais do que surpreender, revolta que o número de ônibus com ar condicionado continue ridiculamente baixo.

          Passar de quarenta minutos a mais de uma hora em  veículo em que a temperatura ambiente é ainda mais alta do que a da rua não é um acaso para o carioca.

          Que se venha onerar ainda mais o usuário, para repetir a expressão, mais do que uma besteira, é uma violência contra esse público que tem de utilizar ônibus em estado deficiente de conservação, e ainda por cima transformados em verdadeiras saunas rodantes.

           É imoral e antiético que a Prefeitura do Senhor Paes, tão preocupado com os seus lances publicitários (tipo Paes, o taxista simpático, ou Paes, o anfitrião olímpico) não encontre tempo para corrigir uma jogada deplorável e tão desconfortável para o passageiro - obrigado pelo trabalho diário a servir-se desses sonoros calhambeques que constituem a maior parte da frota do transporte coletivo no Rio -  do que forçá-lo a atravessar e muita vez ficar parado no trânsito, como agora é comum na Lagoa, dentro de condições de temperatura (acentuada pela costumeira superlotação) que não são compatíveis com uma administração que se quer moderna.

           Qual a razão de deixar os   ônibus climatizados em um número ridículo, o que caracteriza o tokenismo [1](estão aí para inglês ver), quando deveriam ser a regra. Nesse aspecto, grita aos céus a necessidade de modernizar a frota dos ônibus, hoje  coleção de calhambeques,  saunas  que tornam os longos trajetos, em que a ZN, o ponto de embarque dos coletivos, está bastante afastada do Centro e da Zona Sul, aonde desembarcam os usuários.

           Agora ao invés de uma atualização no conforto e no respeito ao seu público, o serviço de ônibus, essa concessão da municipalidade, chega mais cara ao usuário, com o mesmo velho e cínico desconforto, enquanto em São Paulo o Senhor Fernando Haddad, do PT - e ele pensa reeleger-se! - também aumenta o transporte coletivo.

           Onde estás, espírito das passeatas de junho de 2013, que não mais te vejo?

 

( Fonte: Folha de S. Paulo _



[1] Palavra de origem inglesa, que reflete a tentativa de iludir o usuário com o emprego esporádico de um recurso, para dar-lhe a impressão de que o parcial seria, a realidade, quando, na verdade, não passa de uma exceção à regra do desserviço habitual..

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