sábado, 23 de janeiro de 2016

A Festa de Baltazar


                                        

         Rembrandt, o grande pintor holandês, nos deixou um quadro famoso, em que a sua arte descreve o momento em que o Rei da Babilônia, Belsazar, ou Baltazar, toma conhecimento por mensagem na parede do próprio palácio, do seu próximo fim.

         Este episódio na Babilônia, que julgavam impregnável, está na Bíblia e é um conto sobre o poder, a respectiva hubris, a subitaneidade e o aparente capricho da sorte, que desemboca na laceração da perda, a qual leva ao castigo, que é irremediável.

        A cercania do poder e dos fâmulos, cria atmosfera que é cúmplice da soberba. Tudo isso serve para realçar o golpe da revelação, que deixa o sujeito da ação divina (que no caso é um rei, mas que poderia ser rainha) sem palavras, fulminado pela intervenção do inesperado (no caso, a revelação divina).

         A MP da Leniência  

         O  Procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da Operação Lava-Jato, disse identificar "o dedo do governo" na proteção a corruptos.  Em entrevista, ele citou a edição da medida provisória que permite ao governo negociar acordos de leniência com empresas acusadas de corrupção e o projeto que autorizou a repatriação de recursos ilegais.  O procurador também contestou a crítica da presidente Dilma Rousseff de que há "pontos fora da curva" na Lava-Jato, como vazamentos seletivos e interrogatórios com base no "diz que me diz". "Há pontos fora da curva porque no Brasil não se pune", rebateu o procurador.

 

           Entrementes, a  Presidente...

 

             Dois dias depois de conversar com o vice (...) sobre convidar a oposição para dialogar, Dilma voltou a provocar os adversários e os chamou de "golpistas". Dilma esteve ontem na reunião da Executiva do PDT. (...) No discurso, citou o presidente Getúlio Vargas para afirmar que a tentativa de golpe (contra) ele foi um 'prenúncio' da situação atual do país, com o processo de impeachment da petista aberto na Câmara dos Deputados.

             (Por vezes se tem de concordar com observações de que a Presidenta fala a esmo, e faz conexões onde elas não existem.)

              Não faz nenhum sentido dizer: "O impeachment que tentaram impor ao Getúlio é um prenúncio do que acontece hoje no Brasil."

              Essa senhora exagera e muito ao comparar-se a Getúlio Vargas. O  "impeachment que tentaram impor ao Getulio" era um golpe militar, e foi por negar-se a tal exercício, que o Presidente Getúlio optou por suicidar-se.

              É aconselhável que essa senhora que ultimamente tem falado muito, procure informar-se melhor acerca da História do Brasil. Se lesse os três volumes de Lira Neto sobre "Getúlio", teria oportunidade de inteirar-se da existência de alguém que foi um de nossos maiores presidentes,  e que, entre outros aspectos, a todos impressionava pelo seu dom de falar ao povo, sem nunca confundir-se.

 

( Fontes:  O Globo, Getúlio, de Lira Neto, Cia. das Letras, 3 vols.)

Nenhum comentário: