segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A Entrevista de Obama


                                  
         Nesta feita, o Presidente Barack Obama dá a impressão de alguém  que, de alguma maneira, não se resigna a ficar de lado. Terá dificuldade em sentir que o centro das atrações principie a transferir-se do salão presidencial da Casa Branca, o célebre Oval Office?

         É a impressão que se colhe de sua entrevista, hoje divulgada pelo New York Times.

          A sua assertiva de que a política nos Estados Unidos se tornou mais mesquinha, mais raivosa do que quando ele assumiu a presidência, é tão óbvia que quase dispensa maiores explicações.  

          Para ele, os pré-candidatos republicanos - e pensa notadamente em Donald Trump e o Senador Ted Cruz - oferecem aos eleitores expressão de frustração e raiva, de que os eleitores ao cabo de tudo irão afastar-se.

          Nesse sentido, a diferença entre o seu rival em 2008 - John McCain e os pré-candidatos do GOP em 2016 - é muito grande. "Se  McCain era um conservador, mas ele estava no centro da corrente principal tanto do Partido Republicano, quanto igualmente dentro do comum diálogo político".

          Agora, segundo frisou o Presidente Obama, os votantes terão de julgar "o grau em que se moveu a retórica e a visão republicana, não só na direção da direita, mas na verdade para lugar que é irreconhecível."

           Nesse contexto, Obama expressou a esperança que os votantes tanto em Iowa, quanto em disputas ulteriores "possam redirigir-se para o centro".

           O  Presidente também falou longamente sobre a disputa no Partido Democrata entre Hillary Clinton e o Senador Bernie Sanders. Seria, no entanto, preferível que como o Presidente que conseguiu ganhar a nomination após longa luta com leal adversária que, no final, contra o ponto de vista de seu marido e ex-Presidente Clinton, reconheceu a derrota (que se prefigurava, mas não era certa),  Obama não tivesse optado por fazer  descrição dos dois protagonistas no campo democrático, que qualquer observador  com módico entendimento, não poderá não aperceber-se de quem é o seu real favorito.

           Barack chega a comparar Sanders com ele próprio, e à medida que ele se embrenha em tal matagal, lhe fica mais difícil dissimular para onde pendem as próprias simpatias: "Bernie entrou com o luxo de ser um completo  'long shot' (tentativa arriscada em que há pequena possibilidade de êxito) e por isso pode dizer francamente o que pensa".  Como se tal não bastasse acrescentou que Mr Sanders "tem a virtude de dizer exatamente o que ele acredita, e grande autenticidade, grande paixão, e não tem medo."

               Não se pode afirmar que o elogio à Sra. Clinton deixe a desejar, embora na sua construção há algumas frestas em se possa discernir para onde pendem as simpatias presidenciais.

               Nas palavras de Obama a Sra. Clinton entrou na disputa de 2016 com o "privilégio e o fardo" de estar na dianteira. "A sua longa experiência no Governo, como senadora e Secretária de Estado, é ao mesmo tempo força e fraqueza."  Acrescentou que sendo 'maldosamente esperta' acerca da política "pode fazê-la mais cautelosa e a sua campanha mais prosa do que poesia."

                 Talvez consciente de que tenha carregado um tanto nas tintas mais sombrias, ele tratou de dizer que tais experiências significam "que ela pode governar e começar daqui (o salão presidencial) como o Dia Um, mais experimentada do que qualquer não-vice presidente tenha sido entre os aspirantes a este cargo."

                  Concluíu Obama com um hino de doces memórias de seu tempo em Iowa, a que chamou "o período político mais satisfatório" na sua carreira, especialmente por causa dos jovens ajudantes de campanha que tanto se esforçaram em prol de sua causa.

 

( Fonte:  The New York Times )

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