terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A Venezuela confronta o caos juridico


               

           Não se poderia esperar outra coisa do chamado Tribunal Supremo de Justiça (TSJ). Para ele são supostamente nulas todas as ações do novo Legislativo, sob o legítimo comando de sua maioria  oposicionista.

            A impugnação dos três deputados da Mesa de Unidade Democrática (MUD) é uma medida que visa  retirar os dois terços da bancada oposicionista (foram eleitos 112 em 167 cadeiras).  A Democracia, senhores juízes, é o governo do Povo - como diz o grego - e não se brinca, e nem se trapaceia com a Vontade Geral da Nação.

             Nesse contexto,  também a substituição de afogadilho de treze dos 32 juízes do dito Tribunal Supremo, pela antiga maioria chavista na velha Legislatura, já mostra para quem queira ver que os aliados de Maduro apostam na fraude e na violência contra o espírito da eleição. Se mágicas valessem, os xamanes ainda estariam a ditar-nos as regras.

             Impugnar a posse de três deputados do distante estado de Amazonas, e agregar a esses um representante chavista, por alegada suspeita de compra de votos, é prova escarrada de cínico tokenismo. Com isso pensam disfarçar a descarada manobra de valer-se de uma justiça chavista, por via das dúvidas reforçada no próprio sectarismo, o que torna evidente o sanhudo intento de vedar à oposição - os dois terços de maioria - os quais a MUD  recebeu do Povo venezuelano, e não são, por conseguinte, benesse de um governo corrupto e incapaz, e por isso nefasto.

             É um direito que não pertence à MUD e sim aos venezuelanos chegar ao Legislativo com maioria de dois terços. Que legitimidade possui o chavismo de Nicolás Maduro e Diosdado Cabello, se a população sofrida da Venezuela decidiu, em votação livre e sem constrangimentos, outorgar à bancada da MUD, mais do que o privilégio, o direito de trabalhar pelo Povo e a sua recuperação econômica e política,  sob a direção de seu presidente Henry Ramos Allup.

             Repelidos pela maioria da Nação, diante de um governo em que a incompetência rivaliza com a corrupção,  o velho regime se apega desesperado às prerrogativas e supostos privilégios que o longo mando lhes proporcionou, e de que se serviram - e por quantos anos!-  na contramão do interesse da Nação. Às carreiras, como se Aníbal estivesse às portas da sua Roma, além dos trezes juízes nomeados, Maduro também se outorgou o poder de indicar diretoria e presidente do Banco Central (antes atributo do Legislativo), bem como o presidente igualmente anuncia a abertura do Parlamento Comunal. Não implantado nem por Chavez, nem por ele próprio. Agora, na ânsia de contrabalançar  a presença maciça da oposição, por decisão da grande maioria do Povo, se lança no campo de governo mais uma assembléia - e com que interesses, senhores, senão o de embaraçar as instâncias administrativas. Governaram mal, deixaram ao Povo e à oposição esse legado de violência, desrespeito à lei, e corrupção, e ainda se servem de um toque de descarado cinismo!

             Se a situação da Venezuela chegou ao ponto em que ora se encontra, com um governo desmoralizado, que desesperado se lança para tentar confundir a Oposição, a reação dos deputados da MUD só deve ser a da firmeza constitucional, que repudia todos os truques e manobras de última hora, de que as forças chavistas tentam valer-se. Lançam mão de recursos e manobras para negar ao Povo venezuelano um governo empenhado na recuperação política, econômica, financeira e jurídica da Nação. Se criaram o pandemônio juridico, econômico, comercial e financeiro que aí está, tenham pelo menos a grandeza de ensejar que os eleitos pela grande maioria possam assumir as rédeas do poder, para  desfazer o caos que os senhores prepararam com tanto esmero!

            A vontade do Povo Venezuelano - que se traduz na grande maioria concedida à MUD - não pode ser escarnecida por uma quadrilha de senhores, que, apavorados com a a perda do Poder pela vontade da Nação, em tudo se empenha para criar o caos e a ditadura dos leguleios, dos aproveitadores da carestia e das associações para-legais, que sanhudos enfeixam a violência .

            O  Povo venezuelano votou e decidiu.  Por manobras de última hora, não se lhe poderá escamotear, o que cabe de direito ao Povo soberano. Chega de arbítrio, chega de trapaças, sejam pseudo-jurídicas ou não. Em pleito aberto e sem interferências, o Povo venceu.  Tenham a grandeza de aceitar o veredito da Nação, assumido livremente.

            Chegou a hora de encarar esta nova realidade. Dentro da legalidade, e não com espírito de chicana. O Povo decidiu quem é o vencedor, e a quem deverá incumbir a responsabilidade do governo. Bem conhecemos as trapaças, a desordem, a violência, a bagunça e o arbítrio do chavismo. O seu tempo chegou ao fim. Chega de truques, trapaças, chega de tentativas de impedir a MUD de governar a Nação venezuelana.  Pela situação em que estamos, não há mais dúvidas sobre a incapacidade do chavismo, sua funda corrupção, seu autoritarismo que é fruto do desespero de quem reluta em aceitar a própria condenação pela maioria do Povo a entregar as rédeas do Poder.

    
( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )

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