terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Delação de Cerveró aponta para Lula


                                    

         Em manchete de primeira página, o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, em delação premiada, declarou que o então Presidente  Lula lhe deu um cargo público, como forma de agradecimento.

         O motivo - sempre segundo Cerveró - foi pela ajuda prestada para quitar um empréstimo de R$ 12 milhões (considerado fraudulento pela Lava-Jato). É a primeira vez que um delator do caso envolve Lula diretamente no episódio.

        Consoante noticia a Folha, em 2004, o fazendeiro José Carlos Bumlai obteve empréstimo do Banco Schahin, e diz ter repassado R$ 6 milhões para o empresário de Santo André (SP) Ronan Maria Pinto, que, segundo a dita Operação Lava-Jato, detinha informações comprometedoras sobre o PT na região (de outra fonte, tais informações diriam respeito ao intento de extorsão sobre o assassínio do Prefeito Celso Daniel).

       Anos depois - segundo o artigo na página Poder da Folha - sob o comando de Nestor Cerveró, a diretoria internacional da Petrobrás aceitou contratar a Schahin Engenharia para o fornecimento de um navio-sonda, o Vitória 10.000, estimado em US$ 616 milhões.

       De acordo com as investigações, o contrato seria uma forma de o PT retribuir o grupo Schahin pelo empréstimo.

       Cerveró ficou na diretoria entre 2003 e 2008 e, em seguida, foi nomeado diretor financeiro e de serviços de uma subsidiária da Estatal petrolífera, a BR Distribuidora.

        O delator contou que Lula "decidiu indicar" seu nome para o novo cargo, "como reconhecimento da ajuda do declarante (Cerveró)'', ou seja, por ele "ter viabilizado a contratação da Schahin como operadora da sonda". A atuação também rendeu  a Cerveró "um sentimento de gratidão do PT".

         No termo de colaboração, não consta que Cerveró tenha sido indagado diretamente pelos investigadores se Lula sabia da finalidade do empréstimo concedido pela Schahin ou do sistema de "quitação" da dívida por meio do navio-sonda.

         Em seu depoimento, Bumlai admitira que o empréstimo contraído no Banco Schahin fora usado para quitar dívidas do PT, mas isentou de participação no negócio. Esse empréstimo, segundo o pecuarista, nunca foi pago.  A contratação do navio sonda implicou no pagamento de propina estimada em US$ 25 milhões a funcionários da Petrobrás, políticos e lobistas.

         No mesmo depoimento, de sete de dezembro, Cerveró também asseverou      que      Lula atribuíu ao então senador José Eduardo Dutra (PT/SE)" missão de participar do     esvaziamento da CPI da Petrobrás", instalada no Congresso em 2009.

 

         Dutra, morto em outubro último, tinha "facilidade de diálogo, inclusive com a oposição", segundo Cerveró.  Dutra havia sido presidente da Petrobrás, e deixara a chefia da BR Distribuidora em 2009. O argumento para a saída divulgado na época foi sua candidatura à presidência do PT. Ele foi escolhido para presidir a sigla a partir de 2010.

  

          Quanto a Collor de Mello, Cerveró no seu depoimento, também atribuíu a Lula decisão de ter "concedido influência sobre a BR Distribuidora", ao senador e ex-presidente Fernando Collor (PTB-AL). Poder similar teria sido igualmente dado ao alagoano pela presidente DILMA ROUSSEFF,  conforme o delator alegou ter ouvido do senador.

           Nesse contexto, Cerveró em setembro de 2013 teria sido chamado para uma reunião com Collor na Casa da Dinda. Na ocasião, o Senador disse ter falado com Dilma "a qual teria dito que estavam à disposição de Fernando Collor a presidência e todas as diretorias da BR Distribuidora."

           Cerveró foi mantido no cargo de diretor financeiro. Para ele, tal ocorreu  para que "não atrapalhasse os negócios conduzidos" por Collor na dita Estatal.

 

           Senador Renan Calheiros.

 

           Segundo o Declarante Nestor Cerveró, em 2012 ele foi chamado ao gabinete de Renan Calheiros no Senado Federal. Nesta ocasião, Renan Calheiros reclamou da falta de repasse de propina por parte do declarante. A esse respeito, Cerveró explicou que não estava arrecadando propina na BR Distribuidora.  Então, Renan Calheiros disse que a partir daquela data deixava de prestar apoio político ao declarante. Não obstante  isso, Nestor Cerveró permaneceu na Diretoria da BR Distribuidora.

 

 

( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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