sábado, 6 de novembro de 2010

Que tal preservar a memória de Ipanema ?

Há mais de ano apareceu a crônica ‘A Memória Perdida de Ipanema’. Dentre as cotidianas postagens do blog, tais reminiscências não passaram decerto em branca nuvem. No entanto, de suas abertas chagas nas calçadas do bairro, não veio palavra da autoridade competente.

Senhor Prefeito Eduardo Paes,

sei que mora em condomínio da Barra da Tijuca, mas não creio que terá sido essa a razão por que não se dignou fazer menção à implicita solicitação de 17 de setembro de 2009.
Persistem nos pisos que ladeiam a Visconde de Pirajá as marcas de mais uma depredação dos bens públicos. Esta foi metódica na sua noturna realização, pois nos privou a todos nós que caminhamos pela artéria central do bairro a oportuna lembrança, entre outras, de antigas sorveterias, cinemas, residências e bares, que marcaram a vivência na Ipanema dos anos cinquenta do século passado.
Dito dessa forma, talvez pareça retrato esquecido em fundo de baú, mas na verdade nestas placas roubadas algum atencioso predecessor seu gravara não só singelo marco de local notável ou concorrido, senão dava aos veteranos do bairro o ensejo de descrever para os seus filhos ou netos o que para ele significavam aquelas inscrições em bronze.

Senhor Prefeito,

não tenciono abusar de seu tempo. Mesmo em um sábado, suponho que ele deva ser precioso para a megalópole. A minha sugestão é simples, e não creio vá exigir muito dispêndio para os cofres do município. Longe de mim, contudo, reincidir na reposição das placas, porque seria apenas trazer água ao esquálido moinho dos que desfiguram os adornos e monumentos da cidade.
Acredito que o senhor homenagearia o bairro e seu antecessor se mandasse preparar plaquetas de concreto ou outro material similar, sem valor comercial, em que reaparecessem as inscrições de uma época passada. Não tema que algum filisteu o vá acoimar de saudosista. Será demais recordar , não como sombras sem memória, a tanta gente e a tantos locais, expressão de um outrora quiçá mais feliz na sua ruidosa alegria, e sem dúvida mais afirmado nas suas esquinas e passeios.

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