Enganou-se redondamente quem pensou que do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), e da revisão dos formulários se deveriam ocupar funcionários e não os responsáveis pela aplicação das provas.
A quantidade de erros comezinhos tende a demonstrar que a negligência foi geral. É regra básica da administração que aos chefes compete a fiscalização dos procedimentos, e aos chefes dos chefes a reverificação de o que foi feito.
Em questões de responsabilidade, o emprego de diversos redes de segurança tende a reduzir e a praticamente inviabilizar a falha humana, que constitui possibilidade sempre presente em atividades dessa natureza.
Semelha improvável – mas não impossível – que, diante de um retrospecto de desatenções e de erros no passado recente do Enem, não tenha acudido à mente das altas autoridades responsáveis que a aplicação de tal Exame demandava redobrada atenção de quem seria chamado às falas na eventualidade de um enésimo equívoco.
Sem embargo, a realidade será de difícil manejo, se quem dela deve ocupar-se no nível mais alto de responsabilidade, persiste ou em julgá-la não merecedora de sua atenção direta, ou em acreditar – o que constitui corolário da anterior – que possa delegar o seu trato a funcionário de nível inferior.
A história está cheia de exemplos de um ou outro caso. Talvez a exação nos primeiros não levante, por seu êxito, qualquer menção. É o silêncioso prêmio reservado aos diligentes e aos conscientes das próprias altas responsabilidades.
Não é o caso do Senhor Fernando Haddad. Quiçá a demissão do antecessor do atual presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) o tenha feito julgar que a sua alta responsabilidade não se aplicava no caso de falhas desse Inep.
A sucessão de erros volta a bater-lhe à porta, por mais alto que lhe pareça estar, à vista dos grosseiros e comezinhos erros nos formulários do Enem. Os ministros de estado não são personagens acima do bem e do mal. Quanto maior a relevância da Pasta, maiores serão as suas responsabilidades.
Educação tem a ver com juventude e com o futuro de nosso país. Em termos de índices de estudo, a posição do Brasil continua a não ser motivo de orgulho. Se conjugamos os erros do passado com as lamentáveis trapalhadas no presente, o Mec e o seu responsável não nos conferem motivo para ulterior confiança em desenvolvimento não só alicerçado em exportação de produtos primários, mas também na progressão de educação e cultura, presenças indispensáveis em países de primeira plana.
Dizem que o Ministro Haddad goza de prestígio junto a Lula. Não basta. Não é a hipótese de mantermos favoritos que não correspondam à expectativa, e pela reincidência no erro. Virando-se a página num, por decurso de prazo, é mais do que hora de também dispensar o jovem ministro. Por que não chamar alguém provado no ofício, como Cristovam Buarque ?
( Fonte: O Globo )
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
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