Direitos Humanos sob censura?
O Presidente Rafael Correa não gosta da independência
da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que tem sede em Washington.
Por isso, se empenha
há tempos em transferir a sede da Comissão de Washington para outro lugar. Depois
de um período em que nada conseguiu, Correa tornou a investir, supostamente com
apoios colhidos na defesa de suas ‘ideias’ nas reuniões de Galápagos e Haiti.
Agora, se apresta a trazer novos projetos, com a mudança da sede, atualmente em
Washington, e como se tal não bastasse, se proporia reforma no status da Comissão, o que equivaleria a
restringir-lhe a autonomia.
Pelo visto,
Correa – que amordaça a imprensa no seu terreiro, embora conceda asilo
diplomático a Julian Assange na
embaixada equatoriana em Londres, além de haver sido cogitado dentre os
possíveis asilantes para Edward Snowden
– tem, pelas aparências, visão multi-uso
para os direitos humanos. Em casa equatoriana,
que a imprensa se cuide, com as diversas leis-arrocho brandidas pelo antigo
mestre-escola. No entanto, não vê contradição entre essa postura no âmbito
interno, e a liberalidade para com o idealizador do WikiLeaks e a concessão de refúgio para o cruzado contra as invasões
cibernéticas da NSA.
O discípulo equatoriano de Hugo Chávez não pretende desistir de sua campanha para retirar a CIDH de Washington (e de cambulhada
tirar-lhe a autonomia em favor dos Estados, que passariam a ter a última
palavra). Nesse contexto, no passado, o propósito de Rafael Correa – que tem o
óbvio apoio da Venezuela do caminhonista e de outros países com ficha suja em termos de direitos
humanos – não progrediu pela oposição do México, Costa Rica e Argentina. Quanto
a Buenos Aires, Cristina Kirchner, pelas
ligações do peronismo com outras versões do autoritarismo sindicalista, será
confiável a respectiva firmeza no apoio pró-CIDH ?
Por outro lado,
com a militante ignorância de Dilma Rousseff em termos diplomáticos, deveremos
temer que o atroador silencio do Itamaraty não reflita mais outra constrangedora
mudança em termos de direitos humanos. Teríamos, então, com o lenço branco
retirado, dado adeus – enquanto permanecer a dita senhora no governo – à
diplomacia de Estado, abraçando a do sindicalismo partidário...
Será Surpresa desta feita agradável?
Barack Obama afinal
resolveu dar maior presença às forças militares americanas no Velho
Continente. Esse reforço, diante das
estripulias de gospodin Vladimir Putin, se confirmado, virá em muito boa hora.
Em sua escala na Polônia, Obama sublinhou que começava lá a visita “porque
nosso compromisso com a segurança da Polônia, bem como a segurança de nossos
aliados na Europa Central e Oriental, é pedra fundamental da nossa própria
segurança, e é sagrado.”
O presidente
estadunidense disse isto na presença do presidente polonês, Bronislaw
Komorowski, e 50 pilotos e soldados americanos e poloneses. A expectativa quanto a um possível apoio
militar da superpotência atraíu a Varsóvia próceres da Bulgária, Croácia, República
Tcheca, Eslováquia, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia e Hungria.
Obama também
solicitou aos aliados europeus que aumentem as despesas militares. Essa ênfase
em recursos militares se manifestará decerto de forma mais sensível naqueles
países mais próximos da fronteira com a Federação Russa.
Diante do
manifesto apoio dado pela Rússia aos grupos pró-separatismo na Ucrânia - em blog
recente se mencionou o número de voluntários russos mortos em combates em torno
da chamada república popular de Donetsk,
que é prova factual do intervencionismo do Kremlin.
Posto que não
haja encontro marcado formal entre os presidentes dos Estados Unidos e da
Rússia, ambos comparecerão às cerimônias de 6 de junho, septuagésimo
aniversário do Dia D – o desembarque aliado na Normandia, que marcou a fase
final da II Guerra Mundial e a derrocada terminal do nazismo. Não se poderia,
por conseguinte, excluir que os dois líderes venham a conversar. Cumpre
assinalar, no entanto, que até o presente o retrospecto dessas reuniões não
favorece muito a Barack Obama.
Até o presente,
o intervencionismo russo em pequenos países na sua proximidade – como a Georgia
e a Moldava – não tem encontrado resistências de monta, levando de roldão as
forças porventura dissidentes. Nesse capítulo, George W. Bush teve amarga
experiência. O único temor suscetível de afetar gospodin Putin seria uma nova rodada de sanções, dada a atual
situação não muito sólida da economia russa.
( Fonte: O Globo )
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