quarta-feira, 4 de junho de 2014

Trincheiras da Liberdade B 6

                                 

Direitos Humanos sob censura?

 
       O Presidente Rafael Correa não gosta da independência da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que tem sede em Washington.

       Por isso, se empenha há tempos em transferir a sede da Comissão de Washington para outro lugar. Depois de um período em que nada conseguiu, Correa tornou a investir, supostamente com apoios colhidos na defesa de suas ‘ideias’ nas reuniões de Galápagos e Haiti. Agora, se apresta a trazer novos projetos, com a mudança da sede, atualmente em Washington, e como se tal não bastasse, se proporia reforma no status da Comissão, o que equivaleria a restringir-lhe a autonomia.

       Pelo visto, Correa – que amordaça a imprensa no seu terreiro, embora conceda asilo diplomático a Julian Assange na embaixada equatoriana em Londres, além de haver sido cogitado dentre os possíveis asilantes para Edward Snowden – tem, pelas aparências, visão multi-uso para os direitos humanos.  Em casa equatoriana, que a imprensa se cuide, com as diversas leis-arrocho brandidas pelo antigo mestre-escola. No entanto, não vê contradição entre essa postura no âmbito interno, e a liberalidade para com o idealizador do WikiLeaks e a concessão de refúgio para o cruzado contra as invasões cibernéticas da NSA.

      O discípulo equatoriano de Hugo Chávez  não pretende desistir de sua campanha para retirar a CIDH de Washington (e de cambulhada tirar-lhe a autonomia em favor dos Estados, que passariam a ter a última palavra). Nesse contexto, no passado, o propósito de Rafael Correa – que tem o óbvio apoio da Venezuela do caminhonista  e de outros países com ficha suja em termos de direitos humanos – não progrediu pela oposição do México, Costa Rica e Argentina. Quanto a Buenos Aires, Cristina Kirchner,  pelas ligações do peronismo com outras versões do autoritarismo sindicalista, será confiável a respectiva firmeza no apoio pró-CIDH ?

     Por outro lado, com a militante ignorância de Dilma Rousseff em termos diplomáticos, deveremos temer que o atroador silencio do Itamaraty não reflita mais outra constrangedora mudança em termos de direitos humanos. Teríamos, então, com o lenço branco retirado, dado adeus – enquanto permanecer a dita senhora no governo – à diplomacia de Estado, abraçando a do sindicalismo partidário...
 

Será Surpresa desta feita agradável?

 

      Barack Obama afinal resolveu dar maior presença às forças militares americanas no Velho Continente.  Esse reforço, diante das estripulias de gospodin Vladimir Putin, se confirmado, virá em muito boa hora. Em sua escala na Polônia, Obama sublinhou que começava lá a visita “porque nosso compromisso com a segurança da Polônia, bem como a segurança de nossos aliados na Europa Central e Oriental, é pedra fundamental da nossa própria segurança, e é sagrado.”

      O presidente estadunidense disse isto na presença do presidente polonês, Bronislaw Komorowski, e 50 pilotos e soldados americanos e poloneses.  A expectativa quanto a um possível apoio militar da superpotência atraíu a Varsóvia próceres da Bulgária, Croácia, República Tcheca, Eslováquia, Estônia, Letônia, Lituânia, Romênia e Hungria.

       Obama também solicitou aos aliados europeus que aumentem as despesas militares. Essa ênfase em recursos militares se manifestará decerto de forma mais sensível naqueles países mais próximos da fronteira com a Federação Russa.

       Diante do manifesto apoio dado pela Rússia aos grupos pró-separatismo na Ucrânia -  em blog recente se mencionou o número de voluntários russos mortos em combates em torno da chamada república popular de Donetsk, que é prova factual do intervencionismo do Kremlin.  

      Posto que não haja encontro marcado formal entre os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, ambos comparecerão às cerimônias de 6 de junho, septuagésimo aniversário do Dia D – o desembarque aliado na Normandia, que marcou a fase final da II Guerra Mundial e a derrocada terminal do nazismo. Não se poderia, por conseguinte, excluir que os dois líderes venham a conversar. Cumpre assinalar, no entanto, que até o presente o retrospecto dessas reuniões não favorece muito a Barack Obama.

       Até o presente, o intervencionismo russo em pequenos países na sua proximidade – como a Georgia e a Moldava – não tem encontrado resistências de monta, levando de roldão as forças porventura dissidentes. Nesse capítulo, George W. Bush teve amarga experiência. O único temor suscetível de afetar gospodin Putin seria uma nova rodada de sanções, dada a atual situação não muito sólida da economia russa.

 

( Fonte: O  Globo )

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