X X X
I I I
Como
custasse a dormir, tomara um calmante. Por isso, acordou fora de seu horário.
Achou-se com sorte por topar com o banheiro desimpedido. Engoliu às carreiras
copo de leite e meio de suco de laranja.
Então, voltou ao cubículo, e, de modo maquinal, principiou a vestir-se
para a repartição. Já ia adiantado, quando espiou para o catre que ladeava o seu
colchão. E foi nesse momento que o encontrou vazio.
No
primeiro instante, não atinou com o que significava aquilo. Teria descido para dar uma volta pelas
redondezas? Yvone não tinha esse hábito matinal. Excluído o quarto
cerrado de João, ela não se encontrava nos demais aposentos.
Aí pensou que talvez fosse o caso de dar uma olhada nas poucas coisas
que trouxera. Ao procurar, no entanto, pela sua
bagagem, não a veria em parte alguma.
Embotado pelo que tantas ausências lhe diziam, chegou a falar sozinho,
ele que nunca tivera esse hábito.
Dizem que a realidade se serve por vezes de uma brutal, quase cínica
sintaxe.
Foi talvez o que aconteceu com Albano.
Depois, sentou-se no catre da
namorada. Nos lençóis amarrotados enfiou a cara e respirou fundo. Porém,
por mais fizesse e tentasse, não conseguiu sentir-lhe o cheiro, nem do rosto,
nem de outras partes...
Terá, ao certo, perdido a noção da hora.
João, que não era madrugador, o
iria descobrir bem mais tarde.
Discreto de natureza, o amigo houve por bem não fazer-lhe perguntas.
E foi saindo de fininho, pretextando que já o aguardavam no
trabalho.
* * *
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