Assassinada a sete de outubro de 2006,
no saguão do prédio residencial onde vivia, Anna Politkovskaya se notabilizara por suas
corajosas reportagens sobre a Tchetchênia e suas críticas ao Presidente
Vladimir Putin.
Abatida a tiros,
no cair do dia, por ação criminosa, que tinha toda a aparência de atentado sob
encomenda (contract killing), e pela
peculiar circunstância de realizar-se no dia aniversário do Presidente Putin, o
desaparecimento da Politkovskaya teve ampla repercussão tanto na Rússia, quanto
no estrangeiro.
Defensora dos
direitos humanos, o seu trabalho na exposição dos inúmeros abusos, em
particular durante a segunda guerra na Tchetchênia (que cobriu por sete anos),
enraiveceu tanto as autoridades russas, quanto as tchetchenas favoráveis a
Moscou.
Depois de um primeiro julgamento que terminou
sem condenações, desta feita tribunal em Moscou concluiu o juízo, com sentenças
para cinco réus, que integraram a quadrilha que atuou para o assassínio da
jornalista.
De acordo com o
veredito, Rustam Makhmudov matou a
tiros a Politkovskaya, junto ao elevador de seu prédio residencial. Foi condenado à prisão perpétua, assim como Lom-Ali
Gaitukayev, apontado pelo júri como quem planejara o assassinato.
Gaitukayev montara
a operação para a morte da jornalista em troca de 150 mil dólares, recebidos de
fonte não-identificada. O móvel do crime foram notadamente as reportagens da
vítima sobre violações a direitos humanos.
Também foram
condenados pelo tribunal o ex-agente policial Sergei Makhmudov (a 20 anos de
prisão) e dois irmãos do pistoleiro Rustam,
Dzhabrail Makhmudov e Ibragim Makhmudov. Dzhabrail foi o motorista da
empreitada criminosa, e Ibragim serviu de vigia, e foi quem avisou o assassino
de que a Politkovskaya estava a caminho de sua casa.
Por sua
participação, Dzhabrail pegou catorze anos, e Ibragim, doze anos de prisão.
Os órfãos da
Politkovskaya deverão receber de cada um dos réus condenados, um milhão de
rublos (cerca de US$ 28,000.)
O sexto réu, o
tenente-coronel da Polícia Dmitri Pavlyuchenkon foi julgado e condenado em
outro juízo, de dezembro de 2012, sob a acusação de ser um dos que planejaram o
assassínio da Politkovskaya. Foi
sentenciado a onze anos de prisão, havendo no presente julgamento deposto
contra os demais acusados.
Se o julgamento
dos assassinos da jornalista Anna Politkovskaya finalmente terminou com a
condenação dos assassinos (tanto os executores, quanto os mandantes), nem todos
estavam no tribunal, como quem ordenara e estipendiara com 150 mil dólares o
matador Lom-Ali Gaitukayev.
Como se verifica, a proverbial
omertà (silêncio cúmplice sobre um
delito) não é praticada apenas na Sicília.
(Fonte: CNN)
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