quarta-feira, 11 de junho de 2014

Notícias direto do Front


                                               

 Mais um discurso de Dilma

 
        Como a Copa do Mundo desta vez é no Brasil, há decerto  justificativa para a alocução presidencial.  O problema, no entanto, não é o do discurso em si, mas  que, uma vez mais,a Presidenta o revista de um tom político e ufanístico que não tem base na realidade.

        Em outras palavras, Dilma Rousseff costuma ir com muita sede ao pote. O evento que motiva a intervenção em geral se desbota, diante da vontade de instrumentalizá-lo para mais um cântico de autolouvor, com as vistas nunca despregadas do objetivo maior, que é o da campanha pela reeleição.

       Dessa maneira, embora haja temas que sirvam para justificar mais uma mensagem presidencial, o tom ufanista não muda  o desígnio de alinhar feitos do Governo, façam eles parte do imaginário da administração petista, ou tenham alguma conexão com a realidade.

       Nesse ponto, o discurso de ontem não inova. Agora, louvar os trabalhos de preparação para receber os visitantes para a Copa, com a menção elogiosa à situação dos aeroportos e seus terminais, só pode dar perplexidade a  telespectador que mantenha um mínimo contato com o mundo real.

       Essa Senhora chega a parecer que vive em inacessível  torre de marfim, aonde não lhe chegam  nem mesmo os relatórios do Presidente do Tribunal de Contas da União, em que se reporta – conforme referido no blog – a preocupante situação de muitas das sedes da Copa, em termos de aeroportos e demais trabalhos...

 

Conselhos Populares                   

 
        A dílmica concessão aos radicais petistas, com Franklin Martins de novo  na ribalta das notícias – a criação por decreto tido por inconstitucional dos famigerados conselhos populares  em órgãos da União – levou ontem o Presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, a suspender os trabalhos da Casa neste mês.

        A fala do deputado Henrique Alves foi reproduzida no Jornal Nacional, embora não tenha ficado clara a motivação básica de sua intervenção, feita da própria cadeira do Presidente da Câmara.

        Esse raio em céu azul fica inserido no respectivo contexto quando se tem ciência que a medida foi tomada após a oposição anunciar que obstruiria todas as votações até que o projeto que revoga o decreto presidencial fosse posto em pauta.

        Como a frente das oposições (PSDB, DEM e PPS), no início da noite de ontem tinha conseguido derrubar a sessão de votações, o presidente Alves decidiu cancelar as votações marcadas para hoje, onze de junho, e para os dias 24 e 25. O Congresso das quartas-feiras preferiu não funcionar nos jogos da Copa da próxima semana, assim como no feriado de Corpus Christi.

         Por outro lado, tanto Henrique Alves quanto Renan Calheiros pediram à Presidenta que desista do decreto. Sob a ameaça do projeto de decreto legislativo (PDL),  os dois presidentes de Câmara e Senado pediram a Dilma concordar em que a matéria seja discutida por projeto de lei.                            
         Se formalmente a aprovação dos conselhos por decreto presidencial é um retrocesso, também a substância não ajuda. A esse respeito, se manifestou o vice-líder Álvaro Dias, do PSDB no Senado: “Essa cópia de modelo cubano ou de modelo venezuelano não aprimora o regime democrático. (...) Ao contrário, se constitui em flagrante retrocesso.” Por sua vez, o Senador Pedro Taques (PDT-MT): “Meu parecer é de total ilegalidade do decreto e da necessidade de aprovação do decreto legislativo proposto pelo Senador Alvaro Dias.”

 

A Aliança PT-PMDB

 
       A convenção do PMDB para discutir e, se possível, ratificar a aliança com o PT, refletiu pelo seu placar algo apertado as crescentes dúvidas dessa antes grande e portentosa frente partidária interestadual a que o PMDB hoje continua a aferrar-se.  Escorrem pelos dedos, junto com os anéis, as poucas semelhanças que o partido do vice-presidente Michel Temer ainda conserva  com o PMDB dos dias de glória de Ulysses Guimarães.

        Atrelado ao PT, com a sua sede insaciável de ministérios e cargos, o PMDB é uma sombra do partido que foi, despojado na atualidade cruel de grandes nomes nacionais. Povoado por criaturas com ambições estaduais, os sonhos peemedebistas tem o telhado de vidro da vice-presidência.

        Michel Temer, político paulista, é o modelo por excelência de política de ante-câmara. Atrelado ao PT, a continuação desse paradigma se defronta com a fraqueza da candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Está na inflação e na debilidade político-administrativa do governo Dilma o fantasma do malogro lulo-petista e a ameaça do triste, ingrato destino de ficar do lado de fora das aras do poder.

        Desse modo, os votos da Convenção nacional peemedebista para a aliança com o PT alcançam 59%.  Em 2010, montaram a 85%...

 

Estranho Convite   

 
           Especula a imprensa que Dona Dilma terá na tribuna presidencial do Itaquerão a seu lado o presidente do Supremo, Joaquim Barbosa. Para Ilimar Franco, de O Globo, “o governo avalia que a chance de a presidente Dilma ser vaiada na abertura da Copa (...) é relativamente baixa. A explicação desse milagre estaria em “grande parte dos ingressos foi vendida para estrangeiros, e os camarotes estão tomados por VIPs”.

           Terá também ao seu lado o indefectível presidente Joseph Blatter, que enfrenta um ataque de frente europeia, que deseja aposentá-lo da chefia da FIFA.

           Como a presidenta não tenciona discursar, e terá ao lado o popular Joaquim Barbosa, o seu nervoso círculo palaciano estima mínima a possibilidade de vaias... Como na famosa frase de Garrincha – combinaram com os russos ? – cabe verificar se o presidente do STF, a essa altura do campeonato, não tendo recebido até hoje grandes mostras de apreço da presidenta, irá sentar-se realmente a seu lado...

 


(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo )

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