Mais um discurso de Dilma
Como a Copa do
Mundo desta vez é no Brasil, há decerto justificativa para a alocução
presidencial. O problema, no entanto,
não é o do discurso em si, mas que, uma
vez mais,a Presidenta o revista de um tom político e ufanístico que não tem
base na realidade.
Em outras
palavras, Dilma Rousseff costuma ir com muita sede ao pote. O evento que motiva
a intervenção em geral se desbota, diante da vontade de instrumentalizá-lo para
mais um cântico de autolouvor, com as vistas nunca despregadas do objetivo
maior, que é o da campanha pela reeleição.
Dessa maneira,
embora haja temas que sirvam para justificar mais uma mensagem presidencial, o
tom ufanista não muda o desígnio de
alinhar feitos do Governo, façam eles parte do imaginário da administração
petista, ou tenham alguma conexão com a realidade.
Nesse ponto, o
discurso de ontem não inova. Agora, louvar os trabalhos de preparação para
receber os visitantes para a Copa, com a menção elogiosa à situação dos
aeroportos e seus terminais, só pode dar perplexidade a telespectador que mantenha um mínimo contato
com o mundo real.
Essa Senhora
chega a parecer que vive em inacessível
torre de marfim, aonde não lhe chegam
nem mesmo os relatórios do Presidente do Tribunal de Contas da União, em
que se reporta – conforme referido no blog
– a preocupante situação de muitas das sedes da Copa, em termos de aeroportos e
demais trabalhos...
Conselhos Populares
A fala do deputado Henrique Alves foi
reproduzida no Jornal Nacional,
embora não tenha ficado clara a motivação básica de sua intervenção, feita da
própria cadeira do Presidente da Câmara.
Esse raio em
céu azul fica inserido no respectivo contexto quando se tem ciência que a
medida foi tomada após a oposição anunciar que obstruiria todas as votações até
que o projeto que revoga o decreto presidencial fosse posto em pauta.
Como a frente
das oposições (PSDB, DEM e PPS), no início da noite de ontem tinha conseguido
derrubar a sessão de votações, o presidente Alves decidiu cancelar as votações
marcadas para hoje, onze de junho, e para os dias 24 e 25. O Congresso das
quartas-feiras preferiu não funcionar nos jogos da Copa da próxima semana,
assim como no feriado de Corpus Christi.
Por outro
lado, tanto Henrique Alves quanto Renan Calheiros pediram à Presidenta que
desista do decreto. Sob a ameaça do projeto de decreto legislativo (PDL),
os dois presidentes de Câmara e Senado pediram a Dilma concordar em que
a matéria seja discutida por projeto de lei.
Se
formalmente a aprovação dos conselhos por decreto presidencial é um retrocesso,
também a substância não ajuda. A esse respeito, se manifestou o vice-líder
Álvaro Dias, do PSDB no Senado: “Essa
cópia de modelo cubano ou de modelo venezuelano não aprimora o regime democrático.
(...) Ao contrário, se constitui em flagrante retrocesso.” Por sua vez, o
Senador Pedro Taques (PDT-MT): “Meu
parecer é de total ilegalidade do decreto e da necessidade de aprovação do
decreto legislativo proposto pelo Senador Alvaro Dias.”
A Aliança PT-PMDB
Atrelado ao
PT, com a sua sede insaciável de ministérios e cargos, o PMDB é uma sombra do
partido que foi, despojado na atualidade cruel de grandes nomes nacionais.
Povoado por criaturas com ambições estaduais, os sonhos peemedebistas tem o
telhado de vidro da vice-presidência.
Michel Temer,
político paulista, é o modelo por excelência de política de ante-câmara.
Atrelado ao PT, a continuação desse paradigma se defronta com a fraqueza da
candidatura de Dilma Rousseff à reeleição. Está na inflação e na debilidade
político-administrativa do governo Dilma o fantasma do malogro lulo-petista e a
ameaça do triste, ingrato destino de ficar do lado de fora das aras do poder.
Desse modo, os
votos da Convenção nacional peemedebista para a aliança com o PT alcançam
59%. Em 2010, montaram a 85%...
Estranho Convite
Terá também
ao seu lado o indefectível presidente Joseph
Blatter, que enfrenta um ataque de frente europeia, que deseja aposentá-lo
da chefia da FIFA.
Como a
presidenta não tenciona discursar, e terá ao lado o popular Joaquim Barbosa, o seu nervoso círculo palaciano estima mínima a
possibilidade de vaias... Como na famosa frase de Garrincha – combinaram com os
russos ? – cabe verificar se o presidente do STF, a essa altura do campeonato,
não tendo recebido até hoje grandes mostras de apreço da presidenta, irá sentar-se
realmente a seu lado...
(Fontes: O Globo,
Folha de S. Paulo )
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