Falta de autoridade não
caracteriza a democracia, mas sim a baderna. A explosão de greves – e de
preferência, as mais incômodas e danosas – tem muito pouco a ver com
calendários laborais. Na verdade, esses movimentos parentes muito chegados de um cínico oportunismo que são, na prática, os chacais dos grandes certamens.
A menção de patriotismo lhes provocará
gargalhadas despregadas. Como parasitas as diversas atividades selecionam com
atenção o momento que lhes afigure mais adequado, o que traduzido em miúdos
será aquele que mais possa prejudicar a Copa ou determinado jogo específico.
Vêem a ocasião – em que o Estado gastou rios de dinheiro por conta do acrescido
prestígio nacional – como uma vasta carniça a ser empregada dentro de esquema da
extorsão para constranger o País anfitrião (no caso o Brasil) a concessões
exorbitantes, para eludir um eventual vexame.
A
nossa terra passa por ser o país do jeitinho,
que seria aquela solução dita light
fora dos cânones legais para um problema tópico. O jeitinho surge como o
parente pobre da exploração descarada e
aética de um torneio (Copa do Mundo, Olimpíadas), de que se servem os
mais variados ramos de atividade – a responsabilidade e o gabarito não tem
efeito aparente sobre a eventual falta de princípios evidenciada.
Alguns perguntam se o Brasil tem jeito. A resposta é árdua. Terá a ver
com educação? Não, porque muitos segmentos que dela se ocupam diretamente, presume-se
disporem de conhcimento em alto grau, entram
nesse jogo do quanto pior melhor com altos níveis de desfaçatez. Já as
atividades com menor índice de conhecimento dispõem de desculpas profusas para
ignorarem as ridicularias do patriotismo e de mergulhar na postura dos chacais
e de outros animais de ainda menor respeito para obedecer a Lei de Gerson – a de
tirar vantagem em tudo.
Enquanto isso o Congresso – que trabalha um dia por semana, com um
salário que coloca os nossos parlamentares entre os mais bem pagos do mundo
(num seleto clube de três) – trata de leis importantes, como a da proibição da
palmada. O atraso legiferante é enorme – a Constituição Cidadã tem muitos
pedidos de leis constitucionais não atendidos, porque afinal, ela é só de 1988,
e ninguém é de ferro ! – mas como diz o italiano che se ne frega (quem dá importância a isso)...
No
calendário grevista de São Paulo, o metrô vai parar. A Justiça, por seu lado,
veta a greve na hora do ‘rush’. No
entanto, a despeito das multas aplicadas nos sindicatos, como se diria antes da
revolução francesa, tudo vai bem, Senhora Marquesa! Pois as multas são pesadas
e embora cobradas, muita vez não são pagas. Porque nos sindicatos há
dissidências – que lançam os movimentos ilegais, mas não se acreditam
responsáveis pelo pagamento das multas. É como também na metrópole dos Sarney,
em São Luis. Há semanas que a povoação sofre sem condução. Contudo, a despeito
das pesadas multas, nada acontece, porque os grevistas dissidentes não se
coçam...
(Fontes: Folha de S.
Paulo, Rede Globo)
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