O novel presidente da Ucrânia, Petro O. Poroshenko, apresentou proposta
de cessar-fogo no leste ucraniano. Nesse sentido, discutiu a questão, por
telefone, com gospodin Vladimir Putin, que teria, em princípio,
aceito a iniciativa.
Conjugada
com essa oferta, foi prometida anistia aos milicianos pro-russos que atuam
nessa vasta área da Ucrânia, e em especial na bacia do Don.
No entanto,
os grupos de sublevados, em diversos centros em torno do entroncamento
ferroviário de Krasny Liman, não depuseram
as armas. Ao invés, continuam batalhando,
e afirmam que não estão convencidos da sinceridade e da efetiva validade da
anistia proposta por Poroshenko.
Tal bastou para que os efetivos de
tropas russas retornassem para a fronteira – como assinalou fonte da NATO.
Por outro lado, em telefonemas para a Chanceler Angela Merkel e o Presidente
François Hollande, Putin manifestou a sua preocupação com a evolução da
situação.
Como
Moscou está por trás da atitude beligerante dos milicianos pró-Rússia – e um
helicóptero ucraniano teria sido derribado por esse grupo - há fundadas razões para duvidar da sinceridade
do Kremlin na matéria.
A bacia do
Don – e a cidade de Donetsk, onde está
instalado um governo provisório pró-anexação à Rússia - é região bastante importante para a economia
da Ucrânia, pela sua usina siderúrgica, e a via férrea que assegurava conexão
com a Criméia. A ilegal intervenção russa naquela antiga província ucraniana
dificilmente será revogada. No entanto, Vladimir Putin não parece satisfeito
com o que já conseguiu – em forma que vai contra o direito internacional e os
supostos progressos no respeito à lei depois da Segunda Guerra Mundial.
Sem parecer acusar maior mossa com as
fracas sanções que os Estados Unidos e a União Europeia impuseram à economia e
a cidadãos russos, Putin, em telefonemas com a Chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, François
Hollande, se declarou preocupado com a evolução da situação na Ucrânia
oriental. Como o senso de humor não
parece ser o forte do presidente russo, desperta não pouca estranheza que o
principal fautor da crise (primo, na
Criméia, que já virou província russa, e secondo,
nessa desestabilização da Ucrânia aonde predomina a fala russa, no fomento
de revolta em que voluntários russos
batalham e morrem, tropas russas se acotovelam na fronteira oriental ucraniana,
e até tanques russos são transferidos para as milícias pró-Russia ) venha agora
manifestar preocupação (concern) com a atitude do novo
Presidente.
A
situação no Iraque – e o crescente re-envolvimento americano – contribui para
afastar, ou pelo menos, colocar em segundo plano, a atenção de Barack Obama para a crise ucraniana.
Não há indicação das eventuais observações da Merkel e de Hollande quanto às
queixas do presidente russo. Não creio muito provável, s.m.j., que hajam
defendido o colega ucraniano. Parodiando um ditado francês, Hollande poderia, v.g., ter explicado que, à maneira de um cachorro muito mau, que se defende
quando o atacam, Poroshenko teria
agido dessa forma, diante da manifesta oposição dos milicianos pró-Russia, à
idéia do cessar-fogo, e por conseguinte, à idéia da soberania do governo de Kiev naquela região...
(Fonte subsidiária:
The New York Times )
Nenhum comentário:
Postar um comentário