segunda-feira, 2 de junho de 2014

Diário da Mídia (XIX)


                               

Abdicação do Rei Juan Carlos

 
                Depois de 39 anos de reinado, o Rei Juan Carlos, de Espanha, assinou o termo de sua abdicação ao trono.  Fê-lo na presença de Mariano Rajoy, o Chefe do Governo espanhol e líder do Partido Popular.

                A trajetória de Juan Carlos como soberano se assinalou por dois períodos bastante distintos. No primeiro, soube ser instrumental para livrar-se da pecha de que seria uma criatura do ditador Francisco Franco. Nesse sentido, o desaparecimento prematuro do Almirante Carrero Blanco abriu-lhe mais espaço político, de que ele se serviria com proficiência na  fase de transição, em que as resistências à democratização eram bastante fortes, como o demonstraria a tentativa de um golpe de mão com a Assembleia.

                Nesse período luziu com sentido de oportunidade, habilidade  e empenho, o que lhe aumentou a popularidade, dada a sua segura participação e a firmeza demonstrada no encaminhamento da redemocratização plena na Espanha.

                Por muito, Juan Carlos fruíu do êxito de tal intervenção. No entanto, nas décadas finais do reinado  não mostraria a mesma clareza de julgamento e de atuação, tomando atitudes que muito contribuíram  para minar-lhe a  antiga e larga popularidade.

                Afastou-se, na prática, da companhia da respeitada Raínha Sofia, envolvendo-se em relações com outras mulheres de forma que levaria  sua consorte a dele distanciar-se. Outro clamoroso equívoco representou o escândalo da caçada a elefante em Botswana. Menos do que as despesas envolvidas pelo discutível capricho, o acidente somente realçou ainda mais o despropósito de que o presidente honorário de entidade internacional de proteção animal incidisse em tão clamoroso erro de avaliação. Procedeu como se fosse monarca de épocas passadas, em que abater esses animais era considerado passatempo real.

                  Agora, alegando problemas de saúde, Juan Carlos decidiu abdicar. A verdadeira razão está na tentativa de salvar a monarquia espanhola,  que muitas de suas atitudes – e mais erros de avaliação, como no caso do matrimônio de uma de suas filhas com alguém, que elevou à nobreza e cujo comportamento, e consequências judiciais – que atingiriam à princesa - mais acrescentariam ao desprestígio da instituição.

                   O herdeiro Felipe VI, com 46 anos de idade, terá de enfrentar muitas resistências.  Partidos políticos querem organizar referendo sobre a continuação ou não da monarquia na Espanha. Felipe goza de alguma popularidade, o que lhe poderá valer nesse transe delicado decorrente da mudança de ares motivada pela desastrosa fase terminal do longo reinado de Juan Carlos. Pelos erros do pai, o novo rei se depara, todavia, com dificuldades que, malgrado não causadas por ele, podem por em risco a sua permanência em trono abalado e enfraquecido.   

                    

Mais mudanças no modelo de exploração de aeroportos ?

                    A situação do aeroporto do Galeão só é compreensível se tivermos presente as longas indecisões de Dilma Rousseff quanto à sua privatização.

                     Nova alteração no modelo de exploração dos aeroportos joga ulterior confusão nessa questão, eis que contínuas mudanças introduzidas pelo Governo criam não só perplexidade, mas tiram, outrossim, a indispensável confiança das empresas privadas interessadas em explorar novos aeroportos.

                    Entre essas improvisas mudanças, será dada autorização, ao invés de concessão, para operar voos comerciais, com isenção de adicional tarifário. Nesse contexto, a concessionária que arrematou o Galeão afirmou que espera do governo “tratamento igualitário”.

                    Na Medida Provisória, com as novas regras a serem anunciadas na próxima quarta-feira, empresas privadas terão garantia do governo para construírem aeroportos e explorarem comercialmente nessas unidades  o transporte aéreo regular (passageiros e cargas, voos domésticos e internacionais, e até lojas e hotéis nos terminais). Criar-se-ía, dessarte, nova modalidade chamada de autorização, que ofereceria benefícios em relação ao modelo dito de  concessão.

                 As novas regras deverão ser anunciadas nesta quarta-feira,  e  contrariam os interesses  das concessionárias que venceram os leilões de Guarulhos, Viracopos e Galeão. Elas temem perderem mercado com os novos terminais.

                  O que mais causa espécie é a adoção dessas novas regras que mudam as condições que presidiram à determinação das concessionárias.

                      Em recente pronunciamento, a Presidenta se referira no contexto aeroportuário, que não se deveria falar em padrão-Fifa, mas sim em padrão-Brasil. Dadas as seguidas mudanças e consequentes atrasos experimentados pela postura do governo na matéria, essa nova alteração não contribui decerto para reforçar a confiança das associações que decidiram participar de um processo que se vê fragilizado por ulteriores e imprevistas alterações.

 

(Fontes:  El Pais; O Globo on-line)          

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