Abdicação do Rei Juan Carlos
A trajetória de Juan Carlos como
soberano se assinalou por dois períodos bastante distintos. No primeiro, soube
ser instrumental para livrar-se da pecha de que seria uma criatura do ditador
Francisco Franco. Nesse sentido, o desaparecimento prematuro do Almirante
Carrero Blanco abriu-lhe mais espaço político, de que ele se serviria com
proficiência na fase de transição, em
que as resistências à democratização eram bastante fortes, como o demonstraria
a tentativa de um golpe de mão com a Assembleia.
Nesse período luziu com sentido
de oportunidade, habilidade e empenho, o
que lhe aumentou a popularidade, dada a sua segura participação e a firmeza
demonstrada no encaminhamento da redemocratização plena na Espanha.
Por muito, Juan Carlos fruíu do
êxito de tal intervenção. No entanto, nas décadas finais do reinado não mostraria a mesma clareza de julgamento e
de atuação, tomando atitudes que muito contribuíram para minar-lhe a antiga e larga popularidade.
Afastou-se, na prática, da companhia da respeitada Raínha
Sofia, envolvendo-se em relações com outras mulheres de forma que levaria sua consorte a dele distanciar-se.
Outro clamoroso equívoco representou o escândalo da caçada a elefante em
Botswana. Menos do que as despesas envolvidas pelo discutível capricho, o
acidente somente realçou ainda mais o despropósito de que o presidente
honorário de entidade internacional de proteção animal incidisse em tão
clamoroso erro de avaliação. Procedeu como se fosse monarca de épocas passadas,
em que abater esses animais era considerado passatempo real.
Agora, alegando problemas de
saúde, Juan Carlos decidiu abdicar. A verdadeira razão está na tentativa de
salvar a monarquia espanhola, que muitas
de suas atitudes – e mais erros de avaliação, como no caso do matrimônio de uma
de suas filhas com alguém, que elevou à nobreza e cujo comportamento, e
consequências judiciais – que atingiriam à princesa - mais acrescentariam ao
desprestígio da instituição.
O herdeiro Felipe VI, com 46 anos de
idade, terá de enfrentar muitas resistências. Partidos políticos querem organizar
referendo sobre a continuação ou não da monarquia na Espanha. Felipe
goza de alguma popularidade, o que lhe poderá valer nesse transe delicado
decorrente da mudança de ares motivada pela desastrosa fase terminal do longo
reinado de Juan Carlos. Pelos erros do pai, o novo rei se depara, todavia, com
dificuldades que, malgrado não causadas por ele, podem por em risco a sua
permanência em trono abalado e enfraquecido.
Mais mudanças no modelo de exploração de
aeroportos ?
A situação do aeroporto do
Galeão só é compreensível se tivermos presente as longas indecisões de Dilma
Rousseff quanto à sua privatização.
Nova alteração no modelo de
exploração dos aeroportos joga ulterior confusão nessa questão, eis que
contínuas mudanças introduzidas pelo Governo criam não só perplexidade, mas
tiram, outrossim, a indispensável confiança das empresas privadas interessadas
em explorar novos aeroportos.
Entre essas improvisas
mudanças, será dada autorização, ao invés de concessão, para operar voos
comerciais, com isenção de adicional tarifário. Nesse contexto, a
concessionária que arrematou o Galeão afirmou que espera do governo “tratamento
igualitário”.
Na Medida Provisória, com
as novas regras a serem anunciadas na próxima quarta-feira, empresas privadas
terão garantia do governo para construírem aeroportos e explorarem
comercialmente nessas unidades o
transporte aéreo regular (passageiros e cargas, voos domésticos e
internacionais, e até lojas e hotéis nos terminais). Criar-se-ía, dessarte,
nova modalidade chamada de autorização,
que ofereceria benefícios em relação ao modelo dito de concessão.
As novas regras deverão ser anunciadas nesta
quarta-feira, e contrariam os interesses das concessionárias que venceram os leilões de
Guarulhos, Viracopos e Galeão. Elas temem perderem mercado com os novos
terminais.
O que mais causa espécie é a
adoção dessas novas regras que mudam as condições que presidiram à determinação
das concessionárias.
Em recente
pronunciamento, a Presidenta se referira no contexto aeroportuário, que não se
deveria falar em padrão-Fifa, mas sim
em padrão-Brasil. Dadas as seguidas
mudanças e consequentes atrasos experimentados pela postura do governo na
matéria, essa nova alteração não contribui decerto para reforçar a confiança
das associações que decidiram participar de um processo que se vê fragilizado por ulteriores e imprevistas alterações.
(Fontes: El
Pais; O Globo on-line)
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