Os furtivos encontros do dia D
Tais
reuniões se relacionam diretamente com o comportamento externo de gospodin Vladimir V. Putin, que
está mais para a atitude afrontosa dos ditadores – notadamente o Duce Benito Mussolini e o Fuhrer Adolf Hitler – do que ao culto da Deusa da Paz.
Por isso,
o presidente de todas as Rússias mereceu as sinuosas homenagens de equívocas
atitudes de seus principais antagonistas, Barack
Obama e o presidente-eleito da Ucrânia, Petro
Poroshenko.
Dado o
peso inequívoco dessa potência regional
– na palavra do líder da superpotência – a ocasião semelhava demasiado
relevante para não ser utilizada. No entanto, depois de sua anexação da Crimeia
– que nos trouxe de volta o século XIX, quando às grandes potências quase tudo
era permitido – inegável estigma pesa sobre o líder russo.
Sem
embargo, apesar de enfraquecida em relação à defunta URSS, a Federação Russa tem dentes nucleares, além de massa
continental que a torna um vizinho perigoso, como aprendeu, para respectivo desconforto, o
inefável e ineficiente 43° presidente dos EUA, George W. Bush.
Por isso, Barack
H. Obama, o 44°, depois de reagir contra as tropelias de Putin na
Ucrânia com prudentes mini-sanções, pratica a diplomacia do semi-encontro
diplomático. Antes do almoço formal – mantidos à distância pelo cerimonial do
Presidente François Hollande – os dois Chefes de Estado tiveram rápida reunião
em que trocaram opiniões sobre a situação na Ucrânia.
Nessa
ocasião, Obama terá transmitido a Putin o que o G-7 (de que foi afastada a Rússia) decidiu: que sejam retiradas as
tropas russas na fronteira oriental da Ucrânia, cesse o apoio aos separatistas
e coopere com o novo presidente ucraniano sobre o abastecimento de gás.
Ao lado do
Primeiro Ministro David Cameron, o Kremlin,
segundo Obama, tem a responsabilidade de convencer os separatistas orientais a
acabar com a violência, depor as armas e entrar em diálogo com Kiev. No entanto, se as provocações continuarem, o
G-7 está pronto – sempre segundo o líder estadunidense – para impor custos
adicionais a Moscou.
Entre Putin
e o presidente-eleito Poroshenko, houve um aperto de mão. Que o novo líder
ucraniano cumprimente quem montou a escandalosa anexação da península da
Crimeia é receita decerto indigesta, sobretudo diante do fato dos inúmeros ‘voluntários
russos’ que participam da operação ora voltada para a chamada ‘república de Donetsk’. Será que gospodin
Putin descontinuará o envio de armas para os pró-separatistas do Leste, assim
como a concentração das tropas russas na fronteira, convenientemente próximas
da linha férrea que vai até Donetsk, nas cercanias do mar de Azov?
Lula e a crise na candidatura Dilma
Na capital
gaúcha, o ex-Presidente Lula da Silva reconheceu que a inflação precisa ser
controlada imediatamente antes “de chegar aos 40° graus” de febre. Em palestra para empresários e dirigentes do
Partido dos Trabalhadores, Lula disse que “também não está gostando da inflação a 6%”. Ele prefere a 3,5%.
Falando como
se estivesse diante de fenômeno natural, a respeito do qual sua candidata de algibeira não tem
responsabilidade alguma, o ex-Presidente
se meteu em metáfora como se a inflação
fosse uma febre: “Está um pouquinho alta, e como se a gente não estivesse com 37 graus de febre, mas com 38 e
precisando tomar remédio para não chegar a 40 graus, se não tem que dar um
choque mais pesado, dar um banho gelado. Mas a presidente Dilma tem esse
compromisso porque sabe que quem perde
com a inflação é quem recebe salário.”
A
dialética lulista envereda por estranhos caminhos, que refletem uma confusa ‘explicação’
da carestia. Assim como o fraco Ministro da Fazenda tentara explicar que a economia não cresce por causa da inflação
– como se a carestia fosse fenômeno extraterreste sobre o qual Dilma e seus
funcionários não tem nenhuma responsabilidade – Lula nos fala da pobre Dilma
que, coitada, se meteu nessa confusão, não obstante “esse compromisso” de
garantir o salário do trabalhador. Lula poderia tentar coisa melhor de que esta
estória. Por sua política irresponsável, gastando muito além de o que Estado
percebe por via fiscal, Dilma trouxe o Dragão de volta. Não contente com isso,
toma medidas para afrouxar a Lei de
Responsabilidade Fiscal, como no caso de seu projeto de reforma da L.R.F. que faz tramitar no Congresso, na
contramão dos compromissos de um Governo responsável...
Ao invés de
nos vir com essas estórias para boi dormir, o nosso popular e jeitoso
ex-presidente estaria porventura inquieto, pensando nas implicações do volta, Lula ? Para adotar semântica que é cara ao torneiro-mecânico,
em breve vai chegar a hora em que vaca desconhece bezerro...
( Fontes: Folha de
S.Paulo, O Globo )
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