sábado, 7 de junho de 2014

Notícias direto do Front

                                   

Os furtivos encontros do dia D

 
             A comemoração do Dia D, seis de junho, no seu septuagésimo aniversário, além de retirar dos asilos os derradeiros veteranos americanos e ingleses que participaram da operação que abriu na frente ocidental a fase terminal da ditadura nazista, forneceu também ensejo para encontros de paz.

            Tais reuniões se relacionam diretamente com o comportamento externo de gospodin Vladimir V. Putin, que está mais para a atitude afrontosa dos ditadores – notadamente o Duce Benito Mussolini e o Fuhrer Adolf Hitler – do que  ao culto da Deusa da Paz.

            Por isso, o presidente de todas as Rússias mereceu as sinuosas homenagens de equívocas atitudes de seus principais antagonistas, Barack Obama e o presidente-eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko.

            Dado o peso inequívoco dessa potência regional – na palavra do líder da superpotência – a ocasião semelhava demasiado relevante para não ser utilizada. No entanto, depois de sua anexação da Crimeia – que nos trouxe de volta o século XIX, quando às grandes potências quase tudo era permitido – inegável estigma pesa sobre o líder russo.

            Sem embargo, apesar de enfraquecida em relação à defunta URSS, a Federação Russa tem dentes nucleares, além de massa continental que a torna um vizinho perigoso, como  aprendeu, para respectivo desconforto, o inefável e ineficiente 43° presidente dos EUA, George W. Bush.

            Por isso, Barack H. Obama, o 44°, depois de reagir contra as tropelias de Putin na Ucrânia com prudentes mini-sanções, pratica a diplomacia do semi-encontro diplomático. Antes do almoço formal – mantidos à distância pelo cerimonial do Presidente François Hollande – os dois Chefes de Estado tiveram rápida reunião em que trocaram opiniões sobre a situação na Ucrânia.

           Nessa ocasião, Obama terá transmitido a Putin o que o G-7 (de que foi afastada a Rússia) decidiu: que sejam retiradas as tropas russas na fronteira oriental da Ucrânia, cesse o apoio aos separatistas e coopere com o novo presidente ucraniano sobre o abastecimento de gás.

           Ao lado do Primeiro Ministro David Cameron, o Kremlin, segundo Obama, tem a responsabilidade de convencer os separatistas orientais a acabar com a violência, depor as armas e entrar em diálogo com Kiev.  No entanto, se as provocações continuarem, o G-7 está pronto – sempre segundo o líder estadunidense – para impor custos adicionais a Moscou.

           Entre Putin e o presidente-eleito Poroshenko, houve um aperto de mão. Que o novo líder ucraniano cumprimente quem montou a escandalosa anexação da península da Crimeia é receita decerto indigesta, sobretudo diante do fato dos inúmeros ‘voluntários russos’ que participam da operação ora voltada para a chamada ‘república de Donetsk’. Será que gospodin Putin descontinuará o envio de armas para os pró-separatistas do Leste, assim como a concentração das tropas russas na fronteira, convenientemente próximas da linha férrea que vai até Donetsk, nas cercanias do mar de Azov?

 

  Lula e a crise na candidatura Dilma

 
          Se a campanha de sua criatura vai mal, o ex-presidente Lula prefere não dar nome aos bois. Empurra, assim, para o setor econômico a suposta responsabilidade pela embaraçosa circunstância de que, a despeito da dinheirama da publicidade e das diretivas do marqueteiro Santana, a candidatura da Presidenta não decola.

         Na capital gaúcha, o ex-Presidente Lula da Silva reconheceu que a inflação precisa ser controlada imediatamente antes “de chegar aos 40° graus” de febre.  Em palestra para empresários e dirigentes do Partido dos Trabalhadores, Lula disse que “também  não está gostando da inflação a 6%”.  Ele prefere a 3,5%.

        Falando como se estivesse diante de fenômeno natural, a respeito do qual  sua candidata de algibeira não tem responsabilidade alguma,  o ex-Presidente se meteu em  metáfora como se a inflação fosse uma febre: “Está um pouquinho alta, e como se a gente não estivesse  com 37 graus de febre, mas com 38 e precisando tomar remédio   para não  chegar a 40 graus, se não tem que dar um choque mais pesado, dar um banho gelado. Mas a presidente Dilma tem esse compromisso porque sabe que quem  perde com a inflação é quem recebe salário.”

        A dialética lulista envereda por estranhos caminhos, que refletem uma confusa ‘explicação’ da carestia. Assim como o fraco Ministro da Fazenda tentara explicar que a economia não cresce por causa da inflação – como se a carestia fosse fenômeno extraterreste sobre o qual Dilma e seus funcionários não tem nenhuma responsabilidade – Lula nos fala da pobre Dilma que, coitada, se meteu nessa confusão, não obstante “esse compromisso” de garantir o salário do trabalhador. Lula poderia tentar coisa melhor de que esta estória. Por sua política irresponsável, gastando muito além de o que Estado percebe por via fiscal, Dilma trouxe o Dragão de volta. Não contente com isso, toma medidas para afrouxar a Lei de Responsabilidade Fiscal, como no caso de seu projeto de reforma da L.R.F. que faz tramitar no Congresso, na contramão dos compromissos de um Governo responsável...

        Ao invés de nos vir com essas estórias para boi dormir, o nosso popular e jeitoso ex-presidente estaria porventura inquieto, pensando nas implicações do volta, Lula ?  Para adotar semântica que é cara ao torneiro-mecânico, em breve vai chegar a hora em que vaca desconhece bezerro...

 

( Fontes: Folha de S.Paulo, O  Globo )

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