Apatia, desalento ou perplexidade?
Essa extensão do
direito do voto antes da maioridade plena encerra algumas contradições. Com
mais de dezesseis e menos de dezoito, o jovem é considerado com discernimento
bastante para eleger o presidente da república, o governador do estado
respectivo e a escala descendente de políticos que aspiram a cargos nos
respectivos legislativos federal, estadual e municipal.
Não obstante, o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) adota um enfoque concessivo no que tange à
culpabilidade penal. Nenhum brasileiro entre dezesseis e até completar dezoito
anos pode ser indiciado e julgado no que tange a crimes e delitos, não importa
a respectiva gravidade.
Em função dessa
benevolência o Estado assiste impotente a jovens transformarem-se em criminosos
seriais. Sabem que estão imunes a qualquer imputação. Nesse sentido, formam o
contingente dos de menores, que
chegam em certos casos, voluntariamente ou não, a se colocar nesse peculiar
mercado para oferecer seus serviços, ou assumirem a alegada responsabilidade de
delitos que não cometeram, o que fazem pelos mais variados motivos, inclusive
os torpes e oportunistas.
Também essa
concessão da chamada Constituição Cidadã
– a atribuição do direito do voto para aqueles que completam dezesseis anos –
vem sendo, na prática, enjeitada ou ignorada por um número crescente de
jovens. Segundo dados - que presumo
procedentes do Tribunal Superior Eleitoral - somente 25% da população de 16 e 17 anos têm hoje o título de eleitor. O pior, é que esse percentual está em curva
para baixo: em 2010, quando da última
eleição presidencial, era de 32%; e quatro anos antes, em 2006, alcançava 39%.
Qual é a
opinião do jovem atual sobre a política e os políticos? A mensagem das caminhadas do passe-livre, surgidas em
São Paulo e alastradas por todo o Brasil, era a do reconhecimento da corrupção,
endêmica ou não, na política da atualidade, e a desconexão dos governos da
sociedade. O grito de junho de 2013 : “Vocês não me representam” não ecoou só nas ruas da Paulicéia, mas chegou aos
palácios de Brasília e ao Congresso das
quartas-feiras, infundindo nesses senhores medo e a adoção de medidas
moralizadoras – como a votação aberta das cassações – que antes seriam não só
impensáveis, mas decerto provocariam na maioria dos parlamentares risos de
mofa.
Como a
labareda nas campinas, a revolução pode assustar. Por isso, enquanto surge e
avança, a maioria das excelências se esconde ou até mesmo vem a público
engrolar-lhe as palavras de ordem. Pois
muitos dos políticos e a escumalha que os cerca
contam com o seu caráter efêmero. Por isso, cinicamente repetem os slogans e se fingem convertidos.
Enquanto esperam que tudo volte a ser como dantes no quartel de Abrantes.
A escolha do PSB de Eduardo Campos
Faz tempo que
o problema se colocou. O mandachuva no Partido Socialista Brasileiro parece ter
esquecido a sua fonte ideológica de esquerda. Pelo visto, opta agora pelo
oportunismo, na sopa das letras partidárias de Pindorama. Pois não é que
Eduardo Campos, nos dois principais
colégios eleitorais do Brasil, prefere renunciar à disputa do posto principal
dos cargos, para aliar-se em São Paulo e Rio de Janeiro a siglas rivais no
âmbito federal ?
Desde muito se sabe que Marina Silva, da Rede Sustentabilidade (que teve denegada
a inscrição pelo TSE, por estranha contestação de cartórios eleitorais no ABC
paulista, dominados pelo PT, e que arguiram uma torrente de falsidade nas
firmas dos eleitores que subscreviam o partido de Marina) discorda dessas
alianças com o PSDB em São Paulo, e o PT no Rio de Janeiro. Dessarte, um pessebista será o vice da chapa
de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo, e o ex-jogador Romário – que já
progrediu bastante na política para não mais confundir PSDB com PSB – para
disputar o Senado na chapa de Lindbergh Farias (PT).
Pelo visto,
não importa muito a orientação política da chapa a que se associa, para altos
cargos inda que secundários, o partido do senhor Campos. Ignorou os reclamos de
Marina – que, pelo visto, os engoliu – para colher, segundo aquela conhecida
lei, vantagens eleitorais e se possível maximizá-las.
Com a
breca, a coerência. Que é também, não custa lembrá-lo, apanágio da sua Vice.
Pensa que
será assim, com a escolha do oportunismo, que progredirá nas pesquisas?
A Convenção do P.T.
O partido no poder – e breve completará doze
anos no Palácio do Planalto – será sempre o mesmo no que tange à respectiva
auto-indispensabilidade. Assim, lobrigará sempre nas hostes adversárias a
ameaça do caos. Propõe-se continuar não por egoísmo, mas por altruísmo...
Se as
pesquisas apontam um denominador comum é o desejo de mudança dos brasileiros.
Não vê ironia, nem deslavado oportunismo em proclamar-se a campeã da mudança.
Em matéria
de promessas, Dilma acena com Plano de Transformação Nacional e indica como
prioridades a desburocratização, a ampliação do acesso à internet, a educação e
reformas do sistema político e de serviços públicos.
Ela que nos
trouxe a inflação de volta, acena agora com novo ciclo de desenvolvimento.
Apesar do encenado otimismo, pairava na Convenção uma atmosfera de fim de
reinado. Como sublinha Eliane Cantanhêde na sua coluna, “o grito de guerra do
PT passou a ser ‘nós’ contra todo
mundo, contra tudo e todos os que não
votam – ou não votam mais – no partido.”
A
agressividade, as sovadas teclas contra a diabolizada mídia, ficaram mais por
conta dos discursos de Lula da Silva, o criador de postes, e de Rui Falcão, o
presidente do PT.
Para
variar, Lula atacou a “mídia que golpeia, falseia, manipula, distorce, censura
e suprime fatos no intento de nos derrotar”.
E disse, sem trepidar, que ele e Dilma mostrarão ser possível “criador e
criatura viverem juntos em harmonia”.
Entrementes, como se vissem e ouvissem outras realidades – que não se
mostram aos gerarcas do PT - o PTB
anuncia que rompeu com o governo Dilma Rousseff e apoiará a candidatura de Aécio
Neves. Por seu lado, o Solidariedade
oficializou em convenção, a aliança com Aécio.
(Fontes: O Globo, Folha de S. Paulo)
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