terça-feira, 3 de junho de 2014

Brasil X PT e Dilma

                                  
                              
          As greves se sucedem, o PIB continua a diminuir, o governo Dilma Rousseff está parando e a descrença se alastra.

       O grevismo continua a pleno vapor. A Copa do Mundo que seria o pretexto, na verdade, constitui apenas um dos motores das paradas que se sucedem dentre os diversos ramos da atividade econômica.

       A chamada Constituição Cidadã abriu demasiadas portas para as greves. Uma de suas grandes falhas está em permitir interrupção de serviço a título reivindicatório em atividades havidas como essenciais. O que nunca tinha sido tolerado no passado  nas demais cartas magnas, hoje virou letra morta, com o grevismo na polícia e na saúde. Há exemplos gritantes, indicativos do cinismo prevalente, na segurança, com greves que são portas abertas para assassinos e ladrões (a exemplo de Brasília, com a famigerada operação tartaruga e em Salvador, esta última com repeteco em curto e funesto intervalo).

          Mas o abandono de princípios cardeais da profissão médica tem-se transformado em linha auxiliar dos necrotérios, como acaba de ocorrer em hospital de Laranjeiras, com os senhores médicos em greve, e por isso denegando as indispensáveis atenções no campo da cardiologia. Como se pode classificar a morte de um pobre paciente, diante da porta do nosocômio, porque os senhores doutores estão de braços cruzados ? Pouco importa que sejam cardiologistas diante do infeliz acometido de forte dor no peito, a implorar atendimento às portas do hospital ! A negativa do atendimento, surda ou afirmada, não pode ser quebrada.  O que esperar dessa gente que não mais acredita no juramento hipocrático e no dever de empenhar-se em salvar vidas?

           Ao invés de PECs (proposta de emenda constitucional) inúteis ou lesivas ao interesse público (como a retirada de atribuições do Ministério Público em favor da Polícia federal que só não vingou pelo temor parlamentar com os movimentos de rua em 2013), poder-se-ía encaminhar a reforma da Constituição vigente no capítulo das atividades essenciais para a população em termos de saúde e segurança. Em má hora, a Constituição de 5 de outubro de 1988 resolveu inovar aonde não devia, possibilitando interrupções do serviço nestas áreas ditas essenciais, em que a parada do serviço pode levar à morte, seja em logradouro sem policiamento, ou em hospital abandonado pelos médicos.

           Não se menciona, mas não é só oportunismo de chacal – como nas greves da Copa – mas também no contágio pela inflação do governo Dilma, que os braços se vão cruzando nos setores os mais diversos.

             Depois da patética desculpa do Ministro Guido Mantega diante de um PIB que é um dos mais baixos em toda a história republicana – ao atribuir a culpa à inflação – tudo há de parecer possível. Das duas, uma: ou pensa dirigir-se a público de baixíssimo quociente de inteligência (QI), ou acredita que a Administração Dilma nada tem a ver com a carestia...

             Em qualquer outro contexto, a chefe do governo já teria despedido o seu ministro da Fazenda. Tal não ocorre porque esse governo parou, num melancólico congelamento, em que suas providências – como a da senadora Gleisi Hoffmann, que tentou censurar o IBGE por causa da PNAD contínua – devem ser politicóides e não técnicas. É uma tática rudimentar, que se cinge a inviabilizar o trabalho de agências que se empenham em  funcionar, como o IBGE. A PNAD contínua assinala maior taxa de desemprego. Apesar de conformidade factual, ela se torna anátema para o oficialismo, que não está interessado na exação estatística e sim em dados favoráveis.

              O governo dos quase quarenta ministérios está parado na prática. A ineficiência campeia, como se verifica, para vergonha nacional, nos atrasos na renovação dos aeroportos para a Copa. Como explicar a situação do Galeão que continua padrão-Brasil, senão pela incapacidade da gerentona Dilma fazer funcionar – mesmo que de forma rudimentar e mínima – a máquina da burocracia administrativa. Os comentários na imprensa – como a página memorável de Marco Antonio Villa -  O Governo Acabou – registram monotonamente uma situação de fato, que é a do descalabro administrativo.

              Sem embargo, o Partido dos Trabalhadores  e Dilma Rousseff continuam a esperar  uma vitória nas urnas. Tal se deveria precipuamente  a um truque do aparelhamento petista e da quebra da imparcialidade da máquina estatal, que faria o milagre de conseguir uma vitória nas urnas, não por oferecer melhores perspectivas político-administrativas,   mas por instrumentalizar o Erário público para ‘motivar’ um voto de cabresto, financiado pelo dinheiro do contribuinte. Com isso, o PT lograria a quadratura do círculo: a sua força estaria não no convencimento do eleitorado, mas em angariar apoio através do assistencialismo e áreas congêneres para garantir sua virtual perpetuação no poder! É por isso que o PT e Dilma encaram com enfado promessas que mobilizem a população: estão interessados em atrelar esses setores dependentes do neo-populismo ao seu próprio projeto, que dessarte se eternizaria.

              É por essa razão que o aspecto ético – além daquele programático – não mais orienta a real atuação desse partido. Como podemos explicar que um acordo do PT com Paulo Maluf seja definido por Rui Falcão como de princípios ? E a presença do deputado estadual petista Luiz Moura, ex-presidiário e que se reuniu com membros do PCC? Sem falar, no ex-vice presidente da Câmara, André Vargas (hoje sem partido-PR), afastado que foi do PT,  mas que ainda se mantém no Congresso, submetido a processo disciplinar no Conselho de Ética na Câmara,  pelos seus profusos contatos com o doleiro Alberto Youssef (270 mensagens de texto trocadas!)

             E o ex-Ministro da Saúde Alexandre Padilha, também do PT, e atual candidato à governança de São Paulo nega de pé junto que tenha tido envolvimento  com o doleiro Youssef. Investigação da Polícia Federal aponta nesse sentido para que seus muitos contatos com o doleiro não lhe prejudiquem a  candidatura à governança de São Paulo...

             Onde está o partido ético que se empenhava em mostrar rigorismo implacável e até pendores xiitas ao expulsar os deputados Beth Mendes, Airton Soares e José Eudes, porque ousaram sufragar a candidatura indireta de Tancredo Neves ? Bastou ao partido de Lula, então pequeno mas xiita no rigor, que os três deputados descumprissem a consigna de abster-se na votação...

                         

( Fonte: O  Globo )           

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