Hoje
não é dia de pescaria, mas da partida eliminatória Brasil x Chile. Iniciamos o
ciclo das oitavas de final, e nós brasileiros esperamos que a seleção vença
hoje, entrando na pedreira dos desafios que hão de levar-nos à final, com o
espírito e a determinação dos feitos de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.
Jerôme Valcke,
o homem do pontapé no traseiro, declara que Sepp Blatter e Dilma Rousseff
entregarão a taça aos campeões. Será? Acho que é muito cedo para pensar em tal detalhe formalista. De qualquer maneira,
seria preferível que no caso de resultado positivo, a classe política não
quisesse tomar jacaré nessa onda. Tudo
isso é muito prematuro, e só indica a sofreguidão de eventuais ganhos
secundários.
A realidade da
gastança do governo dílmico bate
forte. E ao invés de superávit primário registra-se um déficit
primário de R$ 10,502 bilhões
neste maio último. Assim, o problema de que pôr de parte para o superávit primário não se coloca. Com as
despesas superando as receitas, se marca o pior resultado para o primaveril mês
de maio, desde 1997, quando se inicia a série estatística.
Já em maio de
2013 houve um superávit primário (receitas do governo menos despesas, sem
incluir pagamento de juros da dívida pública) de R$ 16,6 bilhões !
Segundo a
Fazenda, a receita líquida total somou R$ 68,3 bilhões em maio, valor 28,85 % inferior àquela
obtida em maio de 2013. Explica-se essa diferença negativa por uma razão oficialóide: ela se deve à concentração
sazonal de recolhimentos tributários em abril. Na verdade, o recolhimento extra
em 2013 – de R$ 4 bilhões relativo a
PIS/Cofins, IRPJ e CSLL – não se repetiu em 2014. Dessa sopa de letras,
transparece uma verdade: em 2013 o aumento correspondera a artifício fiscal, o
que, como todo artifício, não é suscetível de ser repetido a cada ano.
Dessarte, nesta
administração fazendária, como as despesas são altas – o que se insere na
gastança do modo dílmico de governar – nem sempre será possível escamotear os
déficits no erário. Valer-se de recursos una
tantum (válidos por uma vez) tiram a
Administração supostamente do sufoco anual, mas como todos os malabarismos
fiscais de que é tão rico e imaginoso o governo de Dilma Rousseff tem um prazo
de validade curtíssimo. Dando um exemplo, seria o de comprar remédios mais
baratos, em liquidação: só que o cliente não é informado de que a baixa no
preço corresponde a um uso muito restrito do medicamento, por causa de prazo de
validade já beirando o vencimento...
E essa notícia, divulgada justo em dia de
compromisso da seleção nacional, será outro artifício para esconder maus
desempenhos na programação fiscal e consequentes
déficits na economia. Tais
peripécias não ocorrem por acaso: em casas mal geridas, em que as despesas
excedem os ganhos, malabarismos e outros papagaios fiscais não logram, no final
das contas, tapar o sol dos dispêndios muito acima do caixa disponível...
( Fonte: O Globo )
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