sábado, 28 de junho de 2014

Notícias da Corte Petista


                                 

       Hoje não é dia de pescaria, mas da partida eliminatória Brasil x Chile. Iniciamos o ciclo das oitavas de final, e nós brasileiros esperamos que a seleção vença hoje, entrando na pedreira dos desafios que hão de levar-nos à final, com o espírito e a determinação dos feitos de 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002.

       Jerôme Valcke, o homem do pontapé no traseiro, declara que Sepp Blatter e Dilma Rousseff entregarão a taça aos campeões. Será? Acho que é muito cedo para pensar  em tal detalhe formalista. De qualquer maneira, seria preferível que no caso de resultado positivo, a classe política não quisesse tomar jacaré nessa onda.  Tudo isso é muito prematuro, e só indica a sofreguidão de eventuais ganhos secundários.

       A realidade da gastança do governo dílmico bate forte. E ao invés de superávit primário registra-se um déficit primário de R$ 10,502 bilhões neste maio último. Assim, o problema de que pôr de parte para o superávit primário não se coloca. Com as despesas superando as receitas, se marca o pior resultado para o primaveril mês de maio, desde 1997, quando se inicia a série estatística.

       Já em maio de 2013 houve um superávit primário (receitas do governo menos despesas, sem incluir pagamento de juros da dívida pública) de R$ 16,6 bilhões !

        Segundo a Fazenda, a receita líquida total somou R$ 68,3 bilhões em maio, valor 28,85 % inferior àquela obtida em maio de 2013. Explica-se essa diferença negativa por uma razão oficialóide: ela se deve à concentração sazonal de recolhimentos tributários em abril. Na verdade, o recolhimento extra em 2013 – de R$ 4 bilhões relativo a PIS/Cofins, IRPJ e CSLL – não se repetiu em 2014. Dessa sopa de letras, transparece uma verdade: em 2013 o aumento correspondera a artifício fiscal, o que, como todo artifício, não é suscetível de ser repetido a cada ano.

        Dessarte, nesta administração fazendária, como as despesas são altas – o que se insere na gastança do modo dílmico de governar – nem sempre será possível escamotear os déficits no erário. Valer-se de recursos una tantum  (válidos por uma vez) tiram a Administração supostamente do sufoco anual, mas como todos os malabarismos fiscais de que é tão rico e imaginoso o governo de Dilma Rousseff tem um prazo de validade curtíssimo. Dando um exemplo, seria o de comprar remédios mais baratos, em liquidação: só que o cliente não é informado de que a baixa no preço corresponde a um uso muito restrito do medicamento, por causa de prazo de validade já beirando o vencimento...

          E essa notícia, divulgada justo em dia de compromisso da seleção nacional, será outro artifício para esconder maus desempenhos na programação fiscal e consequentes déficits na economia. Tais peripécias não ocorrem por acaso: em casas mal geridas, em que as despesas excedem os ganhos, malabarismos e outros papagaios fiscais não logram, no final das contas, tapar o sol dos dispêndios muito acima do caixa disponível...

       

( Fonte:  O Globo )

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