terça-feira, 10 de junho de 2014

Blog 2222


                                              

              Em 14 de junho de 2008, postei o meu primeiro blog, em série que se tornaria diária no ano seguinte. Naquele sábado, publiquei a crônica ‘Os Cachorros de Atenas’. Em 2009, a frequência dos blogs se encaminha para o diário, e assim tem sido até o presente.

             Tenho contado com a paciência dos meus leitores. Além do império do cotidiano, que vai desfolhando a margarida com a imprevisibilidade dos dias, esse espaço incomensurável que visito, se possível, a cada manhã, me tem dado a oportunidade de publicar ficção, nos contos e novelas das séries Cidade Nua, assim como fazer a devida homenagem ao saudoso mestre e amigo Pedro Carlos Neves da Rocha, nas vinte e sete Cartas ao Amigo Ausente.

              Ainda no contexto dos preitos à memória da grande erudição desse amigo – de que preserva o próprio amor ao livro – não como bibliófilo, mas como objeto de estudo – está a biblioteca já estruturada em pavilhão anexo ao Palácio Rio Negro, em Petrópolis, com os seus 25 mil volumes.

              Tive também a satisfação de postar o seu livro “Crítica do Animal Políticoo significado de uma expressão sem sentido” – e disponibilizar-lhe a leitura através de link inserido nesse espaço, a três de dezembro de 2013.

               Considero esse livro exemplo magistral de como o estudioso aristotélico pode lançar nas águas do rio do Letes e dessarte preparar a despedida para os pósteros, vencendo, com sorriso e o temível tapa nas costas, a desmemoria do Hades. O saber vivo está presente nos capítulos de sua discussão de matéria que através da estreita janela da monografia nos conduz para apreciações mais amplas e largas.  Tal leitura nos mostra, outrossim, que não era por acaso que a coruja de Minerva se postara à entrada do gabinete atopetado de livros de todas as épocas, que hoje o estudioso, seja ele quem for, pode perlustrar no ambiente sereno de homônima biblioteca petropolitana.

                Pedro, brasileiro de boa cepa, gostava do cafezinho dos botecos que não existem mais, mas ignorava olimpicamente o futebol com seus transes e paixões. Por isso, não reagiria se lhe dissesse hoje que a FIFA não mostra muita sensibilidade ao designar o japonês Yuichi Nishimura para apitar o jogo de abertura da Copa – Brasil x Croácia. Esse senhor apitara a quarta-de-final Holanda x Brasil da Copa de 2010, em que, com um jogador expulso, fomos eliminados.

                 Pedro não entenderia o meu desconforto com a comissão arbitral da FIFA em impingir-nos este senhor, e logo no jogo inaugural... Sabiamente, a tua preocupação com imponderáveis se cingia às condições meteorológicas das vindas ao Rio, para a caminhada pelas livrarias e sebos (espécie em vias de extinção), pedindo pelo telefone a Ana e a mim que lêssemos nos céus se aquela manhã seria propícia para abalançar-se na Rio-Petrópolis...       

 

(Fonte subsidiária:  O Globo on-line)

Um comentário:

Mauro disse...

Caro Pai,
Meus parabéns pelo marco. Impressionante não apenas pelo número, mas pela qualidade dos textos e o pensamento dedicado a cada blog. Já há material mais do que suficiente para considerar um ou mais livros com as séries e os melhores comentários. Por que não fazer a compilação, adaptar, e apresentar para algumas editoras?
Em todo caso aqui vão meus cumprimentos pelo feito. Será um prazer ler os próximos 2222.
Abraços,
Mauro