Nem a oscilação da presidenta é ‘normal’, como dizem os seus aliados, nem o seu governo se está ‘desmantelando’, como afirma a oposição. A par disso, tampouco é necessário ser especialista em pesquisa para afirmar que a Datafolha mostra efeitos do aumento da desconfiança da população com problemas como a inflação.
Por ter tirado o gênio da garrafa, é gritante a responsabilidade de dona Dilma, e é igualmente óbvio que tal se reflita em todos os níveis sociais.
A pesquisa, no entanto, mostra de certa forma que o colchão do assistencialismo ainda funciona, ao tornar menos agudo o juízo negativo. Se a perspectiva de uma suspensão da mesada mensal ainda causa atropelos e quebras de terminais, o temor da eventual perda da mãezona ainda se afigura maior do que a carestia, por mais que dilapide o poder de compra do cartão.
Por quanto
tempo a bolsa-família continuará a ser o trunfo do PT, junto às classes C, D e
E ? Os órgãos oficiais divulgam que a bolsa família já abarca duas gerações, e sem qualquer juízo crítico,
expõe a permanência de um programa que deveria alavancar a progressão social, e
não a estagnação de um assistencialismo sem perspectiva.
Malgrado as retóricas
promessas da presidenta, e as patéticas assertivas do ministro Mantega – que se
debate em longa fritura, a inflação
continua bem viva. Ela está presente não só nas pesquisas da Datafolha, mas na
crise da demanda, na retração das feiras e dos supermercados.Em misto de irresponsabilidade e incompetência, Dilma Rousseff desconsiderou a conquista do Plano Real, como se fosse coisa de somenos. Em meio à desorganização dos métodos e a uma nebulosa, quase romântica, visão de desenvolvimentismo que não temeria o caldo inflacionário – e para esse tipo de besteirol ela encontrará sempre os corifeus do oportunismo -, a presidenta se embrenhou no chavascal da heterodoxia econômico-financeira, transformando a Fazenda em feudos contrapostos, colocando de novo na moda a inventiva fiscal, com a sua carga de déficits e de pibinhos.
Diante de tudo isso, até que a visita do Papa Francisco pode ser-nos útil. Decerto, Dona Dilma não deixará de persignar-se. Embora os devotos de Nossa Senhora sofram da investida evangélica – essa corrente nascida no estrangeiro -, nossas esperanças no pontífice argentino, se apoiar a igreja que não desdenha os pobres na linha de D. Helder Câmara, só tenderão a crescer. Mas daí a acreditar em conversões políticas da hora eleitoral...
(Fontes: Folha de S. Paulo, O
Globo )
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